A gastronomia porto-alegrense terá, em breve, um restaurante reconhecido por dois anos seguidos no Guia Michelin. O Paparoto Cucina, comandado pela chef Dayse Paparoto, deve abrir as portas ainda em dezembro no novo Bourbon Carlos Gomes. O restaurante será o primeiro do negócio fora de São Paulo, onde operam três unidades.
Dayse, que ficou conhecida do grande público como vencedora da primeira temporada do MasterChef Profissionais, em 2016, tem uma carreira de 22 anos na gastronomia, onde acumula reconhecimentos. Os mais recentes vieram do Guia Michelin, principal selo internacional que reconhece as melhores experiências gastronômicas.
Com previsão de abrir as portas no dia 15 de dezembro, a unidade de Porto Alegre seguirá os passos das paulistas, conforme adianta a chef. "A gente foi convidada primeiro pelo Bourbon e eu gostei da ideia, porque gosto muito do Rio Grande do Sul. Vocês são muito tradicionais, bem raiz assim, fiéis a várias coisas. E eu gosto da tradição", afirma Dayse, que visitou o Estado apenas duas vezes - quando veio para a Semana Farroupilha e agora para abrir o restaurante -, mas está curiosa para desbravar a culinária local. "Vocês gostam de carne e churrasco. Isso aí não tem o que falar", brinca a chef.
Cardápio com reconhecimento internacional
O menu de Porto Alegre seguirá o mesmo das unidades de São Paulo. "Vai ter um prato de costela exclusivo para Porto Alegre, porque aqui vocês gostam bastante de costela. E eu fui também na festa Farroupilha, vi que todo mundo come aquela costela com osso. Aqui não vai ter o osso, fiz de um modo mais italiano, mas vai ter um prato especialmente para Porto Alegre", revela.
A gastronomia do Paparoto é italiana, mas com ressalvas: "é Itália do meu jeito. Então, quem não foi no Paparoto ainda, não é a Itália raiz. É a Itália aos meus olhos. Mas espero que que agrade o paladar dos porto-alegrenses".
Em 2024 e 2025, o Paparoto Cucina recebeu a recomendação do Guia Michelin - reconhecimento que não estava nos planos de Dayse. "Nunca nem pensei em estar no Guia Michelin, nem corri atrás disso. Tanto que eu faço a minha comida, falo que é comida normal. Ninguém acorda de manhã e fala: 'nossa, que vontade de comer uma espuma de pupunha'. Ninguém fala isso, mas todo mundo acorda falando: 'queria comer uma lasanha, uma costela'", compara a chef, destacando a simplicidade da sua gastronomia. "Gosto de fazer comida, não tenho misturas mirabolantes, inusitadas, eu gosto de fazer comida mais clássica. Então, achava que esse tipo de gastronomia talvez nem chamaria atenção para estar no Guia dois anos consecutivos. Eu fico muito feliz, preocupada por um lado, porque, às vezes, as pessoas não entendem um pouco do meu conceito", pondera.
O menu do Paparoto, garante Dayse, é para todos os paladares. "Faço uma gastronomia que ninguém precisa ter um paladar treinado para gostar. Qualquer um que comer se sente abraçado. Esse é o estilo da minha comida, diferente dos outros chefs. Esse é o meu perfil", afirma.
Para quem ainda não conhece o negócio, Dayse indica três pratos: Filetto grelhado envolto em massa crocante, uma releitura do Bife Wellington, que custa R$ 212,00. A outra dica é Sacotini de queijo de cabra, que sai por R$ 109,00, e o Rotolone à bolognesa especial da chef, por R$ 112,00. "Esses três pratos estarão aqui. Espero que a galera curta, e se não também vou me adaptando com o paladar da galera e seguindo a vida", diz Dayse.
A novidade operará no Bourbon Carlos Gomes
Giovanna Sommariva/Especial/JC
Trajetória campeã
Dayse foi a vencedora da primeira edição do MasterChef Profissionais, exibido pela Band TV, em 2016. O reconhecimento, pondera ela, é mais um dos acontecimentos da sua trajetória como chef, que já soma duas décadas. "O MasterChef foi só uma ferramenta que Deus usou para fazer com que várias pessoas me conhecessem de uma vez só. Talvez, demorasse 10 anos, e ele encurtou esse tempo. Mas quem mudou realmente minha vida foi Deus", afirma.
Conciliando a vida como chef e empreendedora, Dayse ressalta os desafios de estar à frente de uma cozinha. "Trabalhar numa cozinha, onde eu tenho 230 funcionários no total da rede, não é só saber cozinhar, mas é ter relacionamento interpessoal, saber lidar com as pessoas. Saber cozinhar é o último ponto para você lidar com tantas pessoas. Cada um acorda de um jeito, todo dia acontece uma coisa. Então, não é só saber cozinhar e treinar as pessoas, na verdade é meio que moldar o caráter delas e deixar elas mais fortes para que elas possam suportar o dia ruim, o dia bom. Mas eu acho que esse que é o meu propósito, fazer as pessoas crescerem e elas enxergarem que elas são mais fortes do que pensam", pontua.

