Dener Pedro

Dener Pedro Estagiário do GeraçãoE

Dener Pedro

Dener Pedro Estagiário do GeraçãoE

Empreendedores gaúchos unem esporte e tecnologia em seus negócios

As iniciativas atendem à alta da prática de atividades físicas e ao hábito de postá-las nas redes sociais
A utilização da tecnologia no esporte está cada vez mais ampla. Se um dia ela esteve restrita às atividades de alto rendimento, hoje é bem mais democrática e está no cotidiano de todos que utilizam redes sociais. Fotos em espelho de academia e selfies em corridas de rua estão diariamente nos feeds. É neste contexto que negócios do segmento ganharam espaço, com ideias que vão desde vídeos em quadras esportivas amadoras até a produção de conteúdo profissional para atletas.
A utilização da tecnologia no esporte está cada vez mais ampla. Se um dia ela esteve restrita às atividades de alto rendimento, hoje é bem mais democrática e está no cotidiano de todos que utilizam redes sociais. Fotos em espelho de academia e selfies em corridas de rua estão diariamente nos feeds. É neste contexto que negócios do segmento ganharam espaço, com ideias que vão desde vídeos em quadras esportivas amadoras até a produção de conteúdo profissional para atletas.
Criado em 2020 pelos primos Leonardo Branco Pinto e Matheus Dias Branco, o Meu Lance é um sistema automatizado de gravação de vídeos para quadras esportivas. Através de um botão acionado pelos jogadores, é gerado um clipe dos últimos 30 segundos. Um corte perfeito para ser publicado nas redes sociais pelos usuários, que podem acessar os lances no próprio site do Meu Lance cerca de três minutos após a geração do vídeo.
A ideia do negócio partiu do olhar do empreendedor Leonardo para uma necessidade. Jogando futevôlei com seus irmãos, viu que um deles havia gravado a partida inteira com o celular. Após o jogo, precisou ver o material inteiro para extrair os cortes interessantes. “Se salvou um ou dois, e nenhum foi meu”, brinca Leonardo, explicando que já trabalhava no ramo de segurança e tinha contatos com fornecedores de câmeras. “Não pode ser tão difícil conseguir os lances já cortados. Deve haver uma forma de automatizar isso”, pensou.
Leonardo tentou apresentar a ideia a possíveis parceiros de negócio, que não se interessaram tanto pela proposta. A parceria apareceu, de forma inesperada, no primo Matheus, que nunca foi tão ligado a esportes.
“Eu queria ter um negócio além do que eu já tinha, até como uma forma de garantia de estabilidade. Comecei a me interessar, dar pitaco, e aí percebemos que nossa ideia estava muito alinhada. Me interessei tanto que liguei para ele e perguntei se não queria um sócio, que eu poderia agregar. E ele topou”, conta Matheus.
Após algumas tentativas frustradas, mesmo com apoio técnico, os primos conseguiram desenvolver a ferramenta e gerar os cortes da maneira que desejavam. “No início, como estávamos testando, nem oferecemos. Instalamos para um primeiro cliente apenas, até porque ainda baixávamos os vídeos manualmente. Mas a notícia se espalhou, e os outros clubes da cidade começaram a pedir”, comenta Leonardo, que morou em Rio Grande por muitos anos, município dos primeiros clientes.
Hoje presente em 18 estados e em outros países como Uruguai e Portugal, o Meu Lance se estabeleceu como uma empresa rentável, com funcionários em setores como programação e suporte. A monetização do serviço se dá pela assinatura mensal das quadras, que pagam de acordo com o número de câmeras instaladas. A empresa oferece o sistema de gravação e as instruções para instalação e manutenção.
Com um sistema bem mais desenvolvido do que no começo do negócio, o Meu Lance sugere cinco modelos de câmeras para a instalação por parte dos clientes nas quadras esportivas. “Elas não ficam gravando o tempo todo. São feitos vários vídeos de um minuto. Se ninguém acionar o botão, o vídeo é descartado”, explica Matheus.

Viralização mundial
“Conhece um tal de Luís Suarez?”, pergunta Leonardo, brincando sobre um dos vídeos captados pela ferramenta e que se espalhou pelo mundo. O astro do futebol, que jogou pelo Grêmio em 2023, fechou a HD Sports Complex para comemorar o aniversário de um de seus filhos. Em meio à brincadeira, o jogador entrou em quadra com as crianças e fez um gol de bicicleta. “Um juiz, que estava ali entretendo as crianças, apertou o botão. O vídeo rodou o mundo inteiro”, conta Leonardo.
Em um alcance menor, vários vídeos captados pelo Meu Lance têm bons números. Num cálculo feito pelos sócios, eles estimam que, em agosto, os cortes chegaram a cerca de 39 milhões de visualizações, considerando os acessos em plataformas como Instagram e Tiktok. Somente no site, foram registrados 626 mil reproduções em vídeos, com 112 mil downloads. “É por isso que crescemos rápido. Nem investimos em tráfego pago, porque nosso alcance orgânico é muito grande. E não é no nosso perfil, é na divulgação feita pelos próprios usuários”, analisa Leonardo.
Além de ser um atrativo para clientes, os donos de quadras utilizam o serviço do Meu Lance como uma ferramenta de marketing.
“Muita gente coloca patrocínio nos vídeos. As quadras negociam com anunciantes e estampam as marcas ali. Nós não cobramos nenhum extra por isso e até usamos como uma vantagem. Vai estar com um serviço que você quer, seu cliente quer, e ainda vai ganhar dinheiro com isso”, enfatiza Leonardo.

Novas funcionalidades
O Meu Lance já conta com um serviço de transmissões ao vivo no canal Meu Lance Br, no YouTube. Para o futuro, a curto prazo, a ideia é desenvolver parcerias com profissionais autônomos que façam instalações e manutenções dos equipamentos.
“Nós já estamos em muitas cidades e até em outros países, então é uma forma de termos representantes mais próximos dos clientes”, afirma Matheus, destacando que é uma forma de renda para estes profissionais.
Outra ideia para o futuro é a criação de uma espécie de rede social dentro da plataforma para assinantes. Com uma seleção dos melhores vídeos e personalizado para cada usuário. “Se gosta de futebol, vai aparecer vídeos de futebol. Se prefere beach tennis, vai aparecer”, comenta Leonardo, que está à frente da expansão da marca na Espanha, país onde está morando atualmente. “Aqui, o padel é muito forte e pode ser um mercado importante”, reflete.

Produtora audiovisual enxerga oportunidade na criação de conteúdo esportivo

A La Garra Lab surge da união entre visões do jornalismo, da publicidade e do cinema

 
Notando uma carência de qualidade e cuidado nos conteúdos audiovisuais de atletas, o jornalista Lucas Bubols teve a primeira inspiração para a criação da La Garra Lab. Quando ainda trabalhava no Grupo RBS, Lucas já era apaixonado por esporte, mas queria ter seu próprio negócio. “A história começa num churrasco de fim de ano, para ser sincero”, comenta o jornalista sobre o encontro, em dezembro de 2022, com o cineasta Gabriel Galarza, com quem tem uma amizade de mais de 20 anos. Sócio da produtora Pantera, era o parceiro perfeito para Lucas ter no seu projeto.
A La Garra Lab nasce como um braço da Pantera para a produção de conteúdos voltados ao esporte. Além de Lucas e Gabriel, a produtora conta com Pedro Franco, publicitário e sócio da Pantera. “Sempre via os conteúdos nos perfis dos atletas, dos clubes e pensava que era mal feito. Tinha um potencial. E o Gabriel era minha referência de qualidade em audiovisual”, lembra Lucas. O diferencial da La Garra, de acordo com os sócios, é aliar o know how da produção de conteúdo e da vivência dos atletas. “Tu tens que entender a agenda de um atleta. Às vezes, o cliente pega uma produtora tradicional que não entende o que rola por trás. O cara tem jogo quarta em São Paulo e domingo em Porto Alegre, só vai ter um turno de folga. Ainda pode acontecer um imprevisto, o time estar mal e ter que treinar a semana toda. São situações comuns que é preciso ter um cuidado até em contrato. Pode parecer pequeno, mas faz muita diferença”, destaca Gabriel.
Um reconhecimento pelo cuidado da La Garra com o conteúdo produzido veio há algumas semanas. “Recebemos uma proposta de um comunicador e ele disse: ‘o que eu vejo no feed parece que é sempre a mesma coisa, e eu curti o trabalho de vocês. Vocês parecem ter algo único’. Isso me marcou, porque nós nem precisamos explicar, o cliente teve a percepção”, relata Lucas. Mesmo com foco no esporte, a predileção em ter atletas como clientes vem mudando.
“Conforme fomos nos destacando, muita gente veio procurar informação. E aí alguns produtores de conteúdo e marcas nos procuraram. É uma possibilidade de expandir e crescer financeiramente. Nós entramos com roteiros, edições e todo o projeto visual em si”, esclarece Pedro.
O conhecimento sobre as necessidades específicas dos atletas levou a La Garra a trabalhos com jogadores importantes. O colombiano Rafael Borré, atacante do Internacional e de sua seleção nacional, já trabalhou com a produtora. O ex-atacante do Grêmio, Soteldo, também foi protagonista de um comercial feito para o Banco da Venezuela, país onde o jogador é ídolo.
Sobre o futuro, Lucas analisa os movimentos do mercado. “Existe uma diferença entre assessoria e produção de conteúdo. Precisamos ser didáticos e claros. O mercado está cheio de assessorias, e não é isso que fazemos. Nossas concorrentes são muito novas também. O Memphis Depay [jogador holandês, do Corinthians], por exemplo, tem muito conteúdo audiovisual. É uma empresa internacional que faz. Então, isso pode abrir os olhos da galera aqui no Brasil para outros atletas”, projeta. “Como é um mercado novo, precisamos focar em nos estabelecer, muito mais do que em expandir para outros públicos, porque, daqui a pouco, podemos perder espaço”, complementa Pedro.

Jovens de Santa Maria criam o 'Letterboxd do futebol' para análise de jogos

Com mais de 6 mil cadastros em um mês, a Futez é uma plataforma onde espectadores de futebol podem avaliar jogos com notas e relatos sobre as partidas

Apaixonados por futebol, os amigos João Tomazetti e Giuliano Reginatto perceberam uma oportunidade de empreender com o esporte. Vendo que no X, antigo Twitter, vários usuários faziam análises dos jogos e avaliavam com notas, a dupla decidiu criar uma plataforma própria para isso. A principal referência foi o Letterboxd, site onde é possível fazer críticas de filmes e classificá-los com estrelas, que vão de zero a cinco. O sucesso do aplicativo motivou a criação do Futez, que saiu da fase de testes em agosto deste ano.
A interface da plataforma conta com jogos em destaque, que são os mais bem avaliados pelos usuários, e os mais aguardados, definidos pelos próprios sócios. "Na avaliação, tu podes dar uma nota de 0 a 10 e fazer um comentário sobre o jogo, que é bem livre. Tem gente que faz textão, análise tática bem aprofundada. E tem gente que usa para fazer piadinha, uma coisa mais descontraída. Tem de tudo", conta João, destacando a disponibilidade de adicionar fotos da partida, para quem for ao estádio, e outros indicadores como qualidade, arbitragem e atmosfera do jogo. "Pensamos nisso para dar uma dimensão maior, porque só a nota não representaria a partida por completo", explica.
João e Giuliano estudaram juntos no Ensino Médio e, após, foram para a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na cidade onde residem. "Eu estava estudando Estatística, mas tranquei para me dedicar ao projeto", conta João, planejando um futuro próspero com o Futez. "Ainda não temos retorno financeiro, estamos pagando para manter no ar. Mas é muito recente. Nosso próximo passo é desenvolver o aplicativo que, se tudo der certo, sai ainda em setembro", projeta sobre a plataforma, que ainda está disponível apenas no site futez.com.br.
O site foi desenvolvido apenas pelos sócios, que estudaram no Colégio Técnico Industrial. "Por conta disso, já tínhamos um conhecimento básico de programação, mas o Giuliano sabe mais do que eu, então ele é o responsável por esta parte", admite João. "O site está no ar desde março, mas era só entre amigos. Agora em agosto, fizemos uma reforma no site e divulgamos. Foi no dia 13 que postamos e deu uma viralizada. Antes, tinha só 80 usuários, então dá para dizer que foi o lançamento", complementa.
Com cerca de 6,5 mil usuários cadastrados em menos de um mês de funcionamento, o Futez conta com um público amplo, indicando o potencial da iniciativa. "Tem tudo que é jogo. Desde as ligas principais até as mais remotas. Fiz da final da divisão de acesso do Gauchão, por exemplo. Tem gente que assiste até a segunda divisão do Campeonato Coreano. A gente já percebe que tem vários jornalistas da ESPN, Canal Goat, TNT Sports, alguns que estão começando também", comenta João sobre o público.