“O Carnaval é essencial para as nossas vidas. Assim como estamos nos divertindo, estamos conseguindo o nosso sustento com ele”, afirma Janaína Monteiro. A costureira comanda a L’Oya Confecções, onde produz roupas de religião de matriz africana durante o ano e atende pedidos das escolas de samba de Porto Alegre no período que antecede os desfiles.
A história de Jana, como é conhecida, com o Carnaval começou bem antes da sua relação com a costura. Aos 18 anos, por convite de uma colega de trabalho, começou a frequentar o Carnaval. “Comecei numa ala de passo marcado. Fui vendo mais o dia a dia do Carnaval e aquilo foi me encantando”, lembra a empreendedora. Em 2019, Jana enxergou na costura uma possibilidade de negócio. Foi através da sua conexão com as religiões de matriz africana que surgiu o insight para migrar sua carreira, até então no comércio, para a costura. “Uma vizinha me sugeriu fazer uns panos de cabeça e me disse que aprendia tudo pelo YouTube. Foi assim que comecei a costurar”, lembra. Hoje, ela comanda a L’Oya Confecções, que conta com uma loja de itens de religião à pronta-entrega e um ateliê onde produz por encomenda. “Do meu serviço com roupas de religião, abriu o leque para o povo do Carnaval. As pessoas começaram a pedir roupas para as alas, e começou a misturar as duas coisas”, conta.
Neste ano, a empreendedora produziu as roupas da ala de baianas da Imperadores do Samba, sua escola do coração, além de peças para outras escolas e adereços para as Mini Divas - grupo do qual suas filhas fazem parte. Jana explica que a dinâmica beneficia seu negócio, já que as verbas do Carnaval ficam concentradas no verão. “É um período que dá uma baixa nas roupas de religião. Serve muito bem para o meu negócio. Trabalho o ano todo com as roupas de religião e, no verão, me dedico para a função do Carnaval”, pontua ela, afirmando que, agora, o Carnaval ocupa um espaço ainda mais importante na sua vida. “Antes eu trabalhava e, depois, ia para o Carnaval me divertir. Hoje, o Carnaval faz parte o dia inteiro”, diz Jana, defendendo o potencial econômico que o Carnaval tem. “As pessoas precisam ter a mente mais aberta. O Carnaval só nos faz bem e movimenta muito a economia. No dia da festa, tem ambulantes; eu sou costureira e, daqui a pouco, vou na loja de tecidos comprar material que faltou. Movimenta muito a economia. Ninguém está de farra. Estamos trabalhando para fazer uma festa bonita”, garante.

