A Arco, empresa que trabalha com coleta de resíduos em Porto Alegre, lançou um programa de reciclagem focado nos pequenos e médios negócios

Reciclagem: como bares e restaurantes de Porto Alegre podem ser mais sustentáveis ao descartar o vidro de forma correta


A Arco, empresa que trabalha com coleta de resíduos em Porto Alegre, lançou um programa de reciclagem focado nos pequenos e médios negócios

Desde 2018 trabalhando com coleta de resíduos em Porto Alegre, a Arco, empresa que busca promover a economia circular, identificou um desafio extra no processo de coleta e reciclagem de resíduos. “Estabelecimentos se livram muito fácil de papelão, latinhas, diversos materiais, mas o vidro sempre fica para trás”, pontua Natália Pietzsch, engenheira ambiental e cofundadora da empresa.
Desde 2018 trabalhando com coleta de resíduos em Porto Alegre, a Arco, empresa que busca promover a economia circular, identificou um desafio extra no processo de coleta e reciclagem de resíduos. “Estabelecimentos se livram muito fácil de papelão, latinhas, diversos materiais, mas o vidro sempre fica para trás”, pontua Natália Pietzsch, engenheira ambiental e cofundadora da empresa.

Não existe procura pela coleta e reciclagem do vidro

Um dos principais motivos que leva o vidro a não ser tão atrativo é o seu valor comercial. O preço estabelecido para uma tonelada de vidro reciclado gira em torno de R$70,00, enquanto uma tonelada de latinhas, por exemplo, vale cerca de R$ 5 mil. “Além do valor, tem a questão do peso. Um catador não vai querer carregar uma tonelada de vidro para receber quase que receita nenhuma”, pondera a empreendedora. Por vezes, muitos clientes de bares e restaurantes colocam, no lixo comum, garrafas long neck com resto de cerveja, o que gera mais um problema no processo de coleta da embalagem. “Acaba sujando todo o saco de lixo, vira bebida, faz sujeira, e também tem o risco de alguém se cortar”, elenca Natália. “Alguns estabelecimentos colocam os seus resíduos nos containers da prefeitura, mas não pode, existe uma questão legal, a Lei dos Grande Geradores”, ressalta.

Entenda a Lei dos Grandes Geradores

Publicado pela prefeitura de Porto Alegre em 2019, o Decreto Nº 20.684/2020 informa que se um estabelecimento gera mais de 300 litros de resíduos sólidos diários, referente a três sacos de lixo de 100 litros, não pode utilizar o serviço da prefeitura. Neste caso, o espaço deve buscar por uma iniciativa privada que realize a correta destinação desses resíduos. Tais estabelecimentos, como shoppings, restaurantes, bares, cafeterias, padarias, são obrigados a realizar cadastro no Sistema de Gestão de Resíduos (SGR-POA). Mais informações no site da prefeitura (prefeitura.poa.br).

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Benefícios do descarte correto do vidro para estabelecimentos

Além da questão legal, realizar o descarte do vidro - e de outros resíduos -, de maneira correta, é um posicionamento de marca. Se o negócio mostra-se envolvido com a sustentabilidade e o meio-ambiente, mas, na prática, não faz, gera uma quebra de expectativa e de confiança por parte do público.
“Eventualmente, as pessoas vão se questionar, vão ver se está sendo recolhido, como está sendo descartado, se as garrafas estão indo no container da prefeitura, que não deve receber esse tipo de resíduo. Vai existir uma pressão do consumidor que está ali”, garante Natália. Mas o principal motivo para estabelecimentos procurarem por uma iniciativa que descarte o vidro de forma correta é a dificuldade operacional, já que existe o risco de, no processo de retirada, o vidro rasgar o saco de lixo, vazar bebidas, sujar o local e, em no pior cenário, algum colaborador se envolver em um acidente.
“Alguns empreendedores, principalmente os de pequenos e médios negócios, sentem essa dor, mas não sabem que existem alternativas e parceiros para isso. Outros realmente são desinformados, que não sabem que é proibido colocar vidro no container, até acham que estão fazendo o descarte correto”, reflete Natália.

Programa Vidro Vira Vidro

Entendendo a situação que bares e restaurantes de Porto Alegre vivem, e buscando oferecer uma alternativa, a Arco desenvolveu um programa de logística reversa para embalagens de vidro, focado, principalmente, em pequenos e médios estabelecimentos. “Antes da Arco entrar no mercado, só existiam empresas que faziam esse serviço para indústrias, grandes volumes. Ninguém estava disposto a estacionar um veículo para coletar 50kg de vidro, então vimos esse gap operacional”, lembra a empreendedora.
Completando cinco meses, o programa Vidro Vira Vidro oferece recipientes específicos para a coleta do resíduo, sem uso de sacos de lixo, evitando vazamento de líquidos e agilizando o processo. “Conseguimos solucionar o problema do vidro, ele já vem todo separado, sem outros resíduos, o que também facilita aqui para nós, já que não precisa passar na mesa de triagem para os materiais serem separados, pois vem só vidro”, afirma.

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Hoje, a Arco atende 50 estabelecimentos com o serviço, que custa entre R$ 80,00 e R$ 100,00 mensais, dependendo do volume produzido pelo estabelecimento. A iniciativa conta com a Verallia como parceira, empresa europeia e terceira maior produtora de embalagens de vidro para alimentos e bebidas do mundo. “Cada empresa recebe seus próprios dados como a quantidade de vidro coletada, a economia de energia, de gases de efeito estufa, de matéria prima e o ciclo do serviço”, explica. A iniciativa também oferece treinamento para todos os funcionários que trabalham no estabelecimento, além de coletar os resíduos e realizar o processo de reciclagem. 
TÂNIA MEINERZ/JC

Três dicas sustentáveis para incorporar na rotina da operação

 1. Separação do resíduo

 É onde tudo começa. Se o estabelecimento não conta com as lixeiras corretas para separação dos resíduos, não há alternativa que resolva o problema. “Se vem tudo misturado, vidro com resto de comida, papel engordurado, seria insalubre fazer uma triagem para recuperar esse material”, pondera. Para manter um estabelecimento com descarte correto, a dica de Natália é distribuir três lixeiras: recicláveis, que compreende todas as embalagens limpas; orgânico, para restos de comida; rejeitos, para lixo de banheiro, e, se o restaurante gera muito vidro, deixar uma adicional só para esse resíduo.

2. Comunique-se com a equipe 

Mesmo com lixeiras divididas para cada tipo de resíduo, é essencial que o empreendedor ou empreendedora repasse a importância da separação correta para os colaboradores que trabalham no dia a dia da operação. “Se ele não passa isso como uma preocupação verdadeira para os funcionários, eles vão pensar que não faz diferença e não existe a necessidade de separar, então o empreendedor precisa levar essa importância e tirar dúvida dos colaboradores”, enfatiza.

3. Atenção na hora de utilizar o container da prefeitura

Se o estabelecimento não gera mais de três sacos de 100 litros por dia, ele pode utilizar a coleta da prefeitura, mas precisa estar atento aos horários e regras. “O container só pode receber restos de comida e resíduos de banheiro, não pode receber recicláveis, seja vidro, latinha, garrafa pet, papelão, esses resíduos devem ficar ao lado do container para serem recolhidos nos dias que a coleta seletiva passa. Mais informações sobre horários da coleta seletiva no site da prefeitura.