Há cinco anos no bairro, a Rocambolo enxerga no Santa Cecília o potencial necessário para seguir crescendo

Focado em tortas, atelier de doces fideliza clientes no bairro Santa Cecília


Há cinco anos no bairro, a Rocambolo enxerga no Santa Cecília o potencial necessário para seguir crescendo

A identificação com o entorno é fator imprescindível para o crescimento do Rocambolo, atelier de doces localizado no coração do bairro Santa Cecília. Estruturado nas relações afetuosas com a vizinhança e com os empreendedores e empreendedoras que fazem parte do bairro, o negócio tem ganhado espaço. Com as tortas como carro-chefe, que são vendidas em fatias ou inteiras, a operação chega a registrar a venda de mais de 300 itens por dia.
A identificação com o entorno é fator imprescindível para o crescimento do Rocambolo, atelier de doces localizado no coração do bairro Santa Cecília. Estruturado nas relações afetuosas com a vizinhança e com os empreendedores e empreendedoras que fazem parte do bairro, o negócio tem ganhado espaço. Com as tortas como carro-chefe, que são vendidas em fatias ou inteiras, a operação chega a registrar a venda de mais de 300 itens por dia.
Letícia Souza, 27, e Fran Fuzer, 29, são os nomes por trás do negócio, que é citado por outros empreendedores da região como um marco de renovação para o bairro. A dupla se conheceu trabalhando em uma cafeteria na Cidade Baixa, enquanto empreender ainda era um sonho distante. E se a oportunidade é um cavalo encilhado que não passa duas vezes, as sócias não titubearam quando receberam a proposta de abrir o negócio há cinco anos. A primeira operação do Rocambolo funcionava já no bairro Santa Cecília, dentro de um coworking. As poucas mesas e a pequena cozinha que ficava atrás do balcão foram o ponto de partida para tirar o sonho do papel. "Surgiu a proposta de alugar um café pré-montado em um coworking e isso tornou o sonho realidade, porque o investimento inicial é o pontapé mais pesado para muitas empresas e não precisamos ter esse investimento da estrutura", lembra Letícia.

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TÂNIA MEINERZ/JC
De lá para cá, muito mudou na estrutura do negócio, que cresceu e ganhou mais fôlego durante a pandemia. Com o sistema pegue e leve e delivery, além de caixas para datas especiais, a Rocambolo viu seu espaço ficar pequeno e, a partir daí, começou a busca pelo novo ponto. "Tivemos um crescimento bem grande na pandemia e percebemos que precisávamos de um espaço maior. Começamos a olhar na redondeza, porque não queríamos sair do bairro. Entendíamos que sair daqui seria começar do zero, e gostamos do Santa Cecília", garante Fran. "Os clientes faziam busca pelo bairro de possíveis lugares para a mudança da Rocambolo. E a casa apareceu quando estávamos no maior Natal de todos, atendendo empresas grandes como Dell, Banrisul, trabalhando só duas, porque não queríamos colocar pessoas no meio da pandemia", complementa Letícia. Assim, surgiu o ponto onde, hoje, fica a Rocambolo, no número 326 da rua Felipe de Oliveira.

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Agora, o espaço mais amplo conta, além da parte interna, com um deck, decorado com luzinhas, onde as mesas ficam em meio às arvores com mantinhas para garantir o conforto nos dias frios. A mudança, que aconteceu em 2021, reafirmou a relação do negócio com o bairro. "Quando mudamos de endereço, passamos a ter uma relação mais próxima com a vizinhança, porque ficamos mais no centro do bairro. Tentamos trocar muito, ir prestigiar os outros negócios, agregar. Sempre tentamos indicar quando alguém pergunta. Temos uma relação muito boa", afirma Letícia, destacando a receptividade positiva que o atelier de doces sempre teve na região. "O que escutamos muito dos clientes e dos outros comércios é que faltava um negócio como o Rocambolo, e acho que ainda faltam muitos negócios por aqui", percebe a empreendedora.
TÂNIA MEINERZ/JC
Por mais que, a priori, a escolha pelo ponto tenha partido da oportunidade, hoje, as sócias enxergam vantagens estratégicas para empreender no Santa Cecília. "O pessoal é bem bairrista por aqui, gosta de caminhar. É confortável, perto da Ipiranga, da Protásio, um lugar legal de andar e ir nos lugares próximos", pontua Fran. "A localização é muito boa. Não estamos longe de grandes polos gastronômicos, como o Bom Fim, Cidade Baixa. Além da gente já gostar do bairro, ficamos felizes quando surgiu a oportunidade, porque, talvez, ir para um bairro que tem muita coisa, como a Cidade Baixa, seja mais um tiro no pé que uma expertise. Porque aqui, realmente, faltava. Os moradores curtem prestigiar os negócios do bairro, caminham muito, estamos perto de grandes escolas, tem uma população muito grande para explorar aqui", avalia Letícia.
Com foco nas tortas, a Rocambolo conta com 10 sabores fixos no cardápio, além de dois restritivos. No entanto, para as tortas sob encomenda, são mais de 30 opções. A torta Isa, uma das primeiras receitas desenvolvidas pela dupla, é o carro-chefe, com bolo de chocolate e brigadeiro meio-amargo. O negócio conta, ainda, com outros produtos, como alfajor, arroz doce, pavê no pote e biscoitos decorados. No entanto, apesar do sucesso dos doces, as empreendedoras acreditam que o diferencial é a relação próxima e afetiva que desenvolveram com a clientela ao longo dos anos. "A galera do bairro é muito gente boa e temos uma relação bem próxima. Tentamos criar uma conexão com todo mundo. Por isso, somos muito exigentes com a equipe do atendimento, porque não queremos perder essa intimidade. Ser uma empresa pequena tem esse privilégio. Numa empresa grande, às vezes, tem um giro tão grande de clientes que tu não crias essa relação. E, como começamos bem pequenas, as pessoas acompanharam e se sentem padrinhos", conta Letícia, destacando que essa intimidade com a clientela pode ser uma aliada para quem empreende. "São poucos os clientes que não retornam. Sempre fidelizamos, porque o produto é bom, mas também por causa da relação. Vemos esse reflexo até nas redes sociais. Muitos empreendedores não gostam de aparecer, e, na verdade, tu estás mais te boicotando que qualquer outra coisa. Quando eu e a Fran aparecemos, as pessoas comentam e interagem muito mais. Precisa aparecer, porque as pessoas gostam de pessoas reais, e o nosso empreendedorismo sempre foi sobre pessoas reais", garante Letícia.

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Para o futuro, expansão não está no horizonte, mas isso não quer dizer que a dupla não almeje crescer. "Já tivemos propostas interessantes de abrir em outros lugares, mas sempre tivemos a ideia de manter essa pegada mais intimista, porque entendemos que as pessoas vêm muito por causa da gente, pela essência do negócio. Queremos crescer aos pouquinhos para não perder a essência", pontua Letícia, destacando que já estão colocando em prática a próxima meta: consultoria para outros negócios e o desenvolvimento de curso de confeitaria voltado para geração de renda. E para seguir fomentando o empreendedorismo do bairro, o Rocambolo Acontece, evento mensal que reúne outros negócios do bairro, é um dos focos das sócias neste ano. "Reunimos marcas locais, em geral que não têm um espaço físico, para mostrar o trabalho delas aqui conosco sem nenhuma taxa, com o intuito de trocar clientes e experiências", explica Letícia.
TÂNIA MEINERZ/JC