O Na Ponta dos Pés conta, hoje, com mais de 300 alunos

Inspiração empreendedora: bailarina comanda escola de dança no Complexo do Alemão


O Na Ponta dos Pés conta, hoje, com mais de 300 alunos

Foi aos 18 anos que Tuany Nascimento, moradora do Complexo do Alemão, um dos maiores conjuntos de favelas do Rio de Janeiro, desistiu de ser bailarina profissional, mas continuou, como hobby, dançando em uma quadra próxima de sua casa. A prática chamou atenção de suas vizinhas e, em um mês, a jovem dava aula de ballet para mais de 50 meninas da sua comunidade. “Não tinha água e nem banheiro, as meninas chegavam e se interessavam, foi se tornando uma troca. Notei que elas estavam buscando uma forma de acesso à arte. Ainda não tinha noção do trabalho social que estava fazendo”, lembra a empreendedora sobre o início da sua trajetória. Hoje, Tuany é CEO do projeto Na Ponta dos Pés, organização não governamental que busca levar arte, cultura e esporte para jovens da periferia do Rio de Janeiro.
Foi aos 18 anos que Tuany Nascimento, moradora do Complexo do Alemão, um dos maiores conjuntos de favelas do Rio de Janeiro, desistiu de ser bailarina profissional, mas continuou, como hobby, dançando em uma quadra próxima de sua casa. A prática chamou atenção de suas vizinhas e, em um mês, a jovem dava aula de ballet para mais de 50 meninas da sua comunidade. “Não tinha água e nem banheiro, as meninas chegavam e se interessavam, foi se tornando uma troca. Notei que elas estavam buscando uma forma de acesso à arte. Ainda não tinha noção do trabalho social que estava fazendo”, lembra a empreendedora sobre o início da sua trajetória. Hoje, Tuany é CEO do projeto Na Ponta dos Pés, organização não governamental que busca levar arte, cultura e esporte para jovens da periferia do Rio de Janeiro.

Completando 10 anos à frente da iniciativa, Tuany enfatiza as dificuldades que viveu como empreendedora na periferia, a começar pela construção do espaço físico do negócio, que exigiu, além de muita persistência, força física para atividades como, por exemplo, subir o morro carregando sacos de cimento para a obra.

“Não esperamos o Estado fazer, mesmo sabendo que é obrigação dele. Nós fomos lá e construímos tudo, carregamos cimento nas costas, meninas subindo o morro com cimento, virando massa, tudo fomos nós, acreditando, acima de tudo, que iria dar certo”, conta Tuany, ressaltando a preocupação principal que a acompanhou durante todo o projeto de construção da escola: a segurança.


“Não sabia nada de gestão, eu era bailarina. Então, gerir um time, tocar uma obra, conseguir recursos e, acima de tudo, manter esse espaço seguro para atender os jovens da minha comunidade, como garantir que não iam ser atingidos por um tiroteio, que teriam os recursos básicos para, futuramente, entrar no mercado de trabalho”, admite a bailarina, que, ao longo dos anos, participou de programas como Encontro com Fátima Bernardes e Caldeirão do Huck, que oportunizaram maior visibilidade para o projeto, possibilitando seu crescimento.

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Hoje, o Na Ponta dos Pés conta com mais de 380 alunos, entre três e 18 anos, inscritos nas diferentes modalidades que, agora, vão além do ballet, como aulas de teatro, artes e lutas. “Já tivemos bailarinas aqui que foram aprovadas para a Escola Municipal de Danças do Rio de Janeiro, outras, que já foram alunas, continuam aqui como professoras. É muito gratificante saber que fizemos a diferença na vida desses jovens que, talvez, não tivessem acesso à dança e à arte se não fosse pelo projeto”, considera.

Os planos para os próximos anos são muitos, mas o principal, para Tuany, é a criação de um negócio social, transformando o Na Ponta dos Pés em uma companhia artística do Complexo do Alemão. “Queremos envolver todo o corpo de formação, plateia, artistas, contrarregra, todo mundo que se envolve nessa produção para que possa ter acesso ao mercado de trabalho”, destaca.

Dica para quem sonha em empreender

A dica que a empreendedora compartilha para quem mora na favela e sonha em abrir o próprio negócio é nunca desistir. “Continue tentando, vai lá e faz. Não vai ter hora certa, não vai ter apoio, mesmo diante do caos, dos problemas, continua, coloca a cara para bater e continua com muita gana que uma hora vai dar certo”, aconselha. Mais informações sobre o projeto e como contribuir no Instagram (@projetonapontadospes).