Tecnológicos ou tradicionais, os games pautam iniciativas que surgem em Porto Alegre

Empreendedores gaúchos apostam em negócios focados em jogos


Tecnológicos ou tradicionais, os games pautam iniciativas que surgem em Porto Alegre

Não é novidade que o setor de jogos, digitais ou de tabuleiro, tem ganhado espaço nos últimos anos, principalmente depois do período de pandemia. Além do lazer, a prática surge como uma grande aliada no desenvolvimento de habilidades sociais. Enxergando o potencial promissor deste mercado, empreendedores gaúchos têm investido nos games nos mais diferentes formatos, como foi o caso dos amigos e sócios Arthur Gubert, Gabriel Cavedon e Rafael Anderson. O trio inaugurou, no fim do ano passado, a Escola MVP, instituição de ensino com foco em incentivar pessoas a prosperarem no ramo da tecnologia. Com investimento de cerca de R$ 1 milhão, divididos entre infraestrutura e equipamentos de última geração, o negócio entrou no mercado da educação digital, que, segundo os sócios, conta com a vantagem da extensão de conteúdos e com a disponibilidade de explorar o novo.
Não é novidade que o setor de jogos, digitais ou de tabuleiro, tem ganhado espaço nos últimos anos, principalmente depois do período de pandemia. Além do lazer, a prática surge como uma grande aliada no desenvolvimento de habilidades sociais. Enxergando o potencial promissor deste mercado, empreendedores gaúchos têm investido nos games nos mais diferentes formatos, como foi o caso dos amigos e sócios Arthur Gubert, Gabriel Cavedon e Rafael Anderson. O trio inaugurou, no fim do ano passado, a Escola MVP, instituição de ensino com foco em incentivar pessoas a prosperarem no ramo da tecnologia. Com investimento de cerca de R$ 1 milhão, divididos entre infraestrutura e equipamentos de última geração, o negócio entrou no mercado da educação digital, que, segundo os sócios, conta com a vantagem da extensão de conteúdos e com a disponibilidade de explorar o novo.
A parceria deles é de longa data. Desde os tempos de escola, são entusiastas dos games, virando noites seguidas com os olhos vidrados nas telas. Combinaram a paixão pelos jogos eletrônicos com a vontade de fazer a diferença e idealizaram um projeto que, conforme afirmam, não existia na época deles. "Por conta da nossa experiência com empreendedorismo, unido ao nosso gosto pessoal pelos games, vimos na educação uma boa oportunidade de investir num negócio", conta Arthur.
Hoje, o motivo dessas noites mal dormidas é outro. A alta procura pelos cursos de Design Gráfico e Edição de Vídeo, Programação de Games 2D e 3D e Treinamento Pro-Player, que têm duração de 12 a 18 meses, divididos em quatros horas semanais, demandam muito envolvimento dos sócios com o negócio. A metodologia de ensino da escola baseia-se pelo conceito de ser um MVP, acrônimo que tem origem no basquete norte-americano e significa, em português, jogador mais valioso. Essa relação, porém, não necessariamente está ligada às habilidades com o joystick, mas sim com as competências comportamentais e de relacionamento do aluno. "Ser MVP é ser o melhor colega, ser o mais comunicativo, ser quem ajuda os pais, quem auxilia, é mais amplo do que simplesmente a prática do jogo", comenta Rafael. A proposta e os princípios desenvolvidos pela Escola MVP possibilitam a formação de uma comunidade unida, que está presente além do ambiente virtual. "Costumamos dizer que a pessoa que não se sente à vontade em outros lugares, aqui, sente-se em casa, pois são colegas com gostos e jeitos parecidos", diz Arthur, lembrando que o trio de amigos surgiu a partir dessa junção de características.
Com o mercado tecnológico superaquecido devido à alta demanda por profissionais da área, eles contam que diversos alunos, antes mesmo de finalizarem os estudos, conseguem um emprego. O ingresso tão esperado viabiliza a continuidade do curso, que, em média, na Escola MVP, custa R$ 6 mil, com possibilidade de parcelamento e bolsas de estudos. Os sócios, inclusive, deixaram de lado investimentos relacionados à publicidade para darem mais espaço aos estudantes que precisam de uma ajuda financeira para alcançarem os seus sonhos.
A Escola também dispõe de espaços com equipamentos tecnológicos necessários para a realização de eventos, como festas de aniversários, campeonatos e corujões. Para quem deseja convidar os amigos e passar a noite inteira jogando, das 22h às 8h, o valor é de R$ 120,00 por pessoa. A Arena MVP, que comporta as demais confraternizações, pode ser alugada para apenas uma jogatina rápida de 30 minutos por R$ 20,00, ou também no formato de mensalidade, por R$ 300,00. A Cabine Stream segue valores e períodos parecidos, mas com outra proposta: disponibilizar espaço e infraestrutura para quem quer entrar no mundo das transmissões ao vivo.
Para o futuro, Arthur, Gabriel e Rafael pensam em realizar workshops. Eles iniciaram uma primeira experiência neste mês, com a proposta de criação de uma estátua do personagem Link, do Zelda, num total de 24h de conteúdo. A importância dessas oficinas vai além da prática. Rafael pondera que os programas têm uma alta procura de pais que desejam entender melhor a realidade dos filhos. "No workshop, tu consegues aproximar um pai de um filho fazendo uma atividade extra", diz o sócio. O trio almeja, além disso, aprimorar a estrutura dos cursos online e híbridos, que já são oferecidos na Escola MVP, e, quem sabe, expandir para outras capitais do País. A Escola MVP fica no Barra Shopping Sul e está aberta das 10h às 22h de segunda a sábado e domingo das 14h às 20h, com horários especiais para o corujão. Informações sobre os cursos e agendamento pelo WhatsApp: (51) 99578-7478.
 

Biblioteca em Porto Alegre possui acervo com 264 jogos de tabuleiro para alugar

Todo mundo lembra da época das locadoras de filmes. A Lends Club, biblioteca de jogos de tabuleiro, por conceito, não é diferente. Segue uma prática bem parecida com aquela que as pessoas tinham com os DVDs: o cliente, em formato online ou presencial, escolhe entre as opções disponíveis e combina com a proprietária, Vanessa Piasa, 32 anos, se quer receber em casa ou retirar o item. O serviço funciona para quem já conhece o universo dos jogos de tabuleiro ou para quem não tem a mínima noção e está em busca dos gateway games, os jogos de entrada, uma vez que a sócia auxilia na hora de decidir qual o jogo ideal por meio de um mapeamento de perfil. As opções vão desde os modernos e rápidos, como Dixit, o queridinho das prateleiras, aos clássicos que demandam uma longa jogatina, como War.
O negócio surgiu em 2013 como um bar e clube para jogadores e foi idealizado por Wylliam Hossein. Com as restrições impostas pela pandemia, a operação mudou de direção. O projeto, que também operava com o franchising em outros estados brasileiros, precisou alterar o foco para a locação de jogos. O impacto provocado pelo vírus foi tamanho que, hoje, manteve-se apenas a loja do Vila Flores, comandada por Vanessa, desde 2022. Ela acredita, contudo, na possibilidade de retomada dos outros braços da Lends Club.
"Estamos em crescimento exponencial. Por isso, acredito que, em cerca de um ano, voltemos a ter outras unidades", projeta Vanessa. O custo para franqueamento, segundo ela, gira em torno de R$ 90 mil.
Os jogos de tabuleiro, além de uma ótima opção de lazer, são também uma expressão cultural. Por exemplo, os amerigames, jogos que vêm dos Estados Unidos, são completamente diferentes dos que vêm dos países europeus ou asiáticos, seja pelas regras ou pela temática. A ideia da Lends é justamente popularizar isso, facilitar o acesso aos jogos além daqueles já conhecidos no mainstream.
Como consequência, forma-se uma comunidade, um ambiente seguro para quem, de repente, ainda não se encontrou em outros grupos. A analogia é simples: não tem como jogar Uno sozinho. Com a proposta de desmistificação dos estereótipos e de aceitação, a proprietária conta que, aos fins de semana, a sala, que comporta até 15 pessoas, fica lotada de jogadores, que também usam a parte externa do Vila Flores. A escolha do local, aliás, foi um posicionamento de marca, para demonstrar que, assim como o espaço cultural, os jogos de tabuleiro são amplos e artísticos. Percepção que se estende à educação, já que o negócio atua também em escolas. "No âmbito educacional, focamos na formação dos indivíduos, para eles interagirem, ganharem, perderem, cooperarem. Vai um funcionário nosso no colégio. Fazemos todo o planejamento da aula, a seleção dos jogos. Simplesmente nos contratam e fazemos todo o resto", conta Vanessa, que tem formação como professora de Biologia e viu potencial na mistura entre ensino e jogos. A relação dela com os games nunca foi por simples divertimento. "Mais do que jogar, eu estudo, pesquiso os jogos. Quando estou jogando, penso para qual perfil de pessoa vou indicá-lo", conta. O projeto voltado para os estudantes conta com a idealização de duas grandes redes de escolas de Porto Alegre, mas isso ainda representa pouco na receita total do negócio. O carro-chefe, garante a empreendedora, é a locação dos jogos, que varia de R$ 25,00 a R$ 55,00 para sete dias.
A Lends Club, além disso, está disponível para quem deseja jogar por ali mesmo e para eventos de RPG. Em parceria com a Paramount, a empresa gaúcha vai promover atividades especiais e distribuição de ingressos para o filme Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, que estreia no dia 13 de abril. O espaço opera de terça a sábado, das 13h às 19h30min, e domingo das 14h às 18h, na Associação Cultural Vila Flores.
 

Psicólogo utiliza RPG e jogos de tabuleiro em sessões de terapia

Foi durante o curso de Psicologia que Gustavo Broch notou o potencial que o role-playing game, mais conhecido como RPG, possuía como uma opção terapêutica. Recém formado na área, Gustavo, que atuou durante anos como jornalista, agora atende em consultório próprio no bairro Mont'Serrat, em Porto Alegre, onde realiza sessões de terapia com o uso de RPG e jogos de tabuleiro.
Natural de Sananduva, no interior do Estado, o psicólogo realizou, ainda na faculdade, uma pesquisa extensa sobre os benefícios dos games aliados à terapia, o que serviu de base e o deu confiança para investir no segmento. "Via diversas teorias que trabalhavam a interpretação de papéis dentro de um processo terapêutico, então, pensei em porque não aliar o RPG, que é pensado para ser um entretenimento, mas é justamente isso, doar-se para uma história, um personagem", define. A prática não é tão comum no Brasil, mas Gustavo comenta que já existem alguns grupos e terapeutas estudando o movimento nos Estados Unidos. "Fui auxiliar de pesquisas em um grupo de uma faculdade dos EUA que começou a realizar esse trabalho dentro da psicologia e psiquiatria. Lá, eles usaram o RPG para fazer uma integração com os residentes de medicina, durante a pandemia, para conectar equipe de médicos e residentes", conta.
O processo terapêutico, explica Gustavo, não está no jogo em si, mas sim na forma que será contado, observando como as jogadas são impostas e como as decisões são tomadas. "O RPG de mesa, que é o que utilizo, é um jogo de interpretação de papéis, baseado em livros e regras, que vai além da fantasia, de um personagem lutar com um dragão, por exemplo. Podemos adaptar para o RPG um cenário real, coisas mais banais, do dia a dia, não só a ficção", explica. "Existe o efeito Batman, que diz que quando alguém está na posição de personagem, age e sente as coisas de forma diferente. O fato de tu te colocares em um personagem pode possibilitar fazer coisas que não imaginavas ou extravasar", descreve.
Entre os benefícios, o psicólogo acredita que, além dos tradicionais ganhos de qualquer outro processo terapêutico, como desenvolvimento de habilidades sociais e redução da ansiedade, o diferencial está no processo lúdico, que pode ser um atrativo. "Por ter a questão lúdica, o interesse já é maior, principalmente para um público que pode achar que não precisa de terapia, ou que não funciona. É quase fazer terapia sem notar que está fazendo", define. Apesar do modelo gerar interesse entre o público infantil, o profissional acredita que a demanda será maior entre adolescentes, jovens adultos e famílias. "Cresci jogando e, assim como eu, muitas pessoas que também cresceram jogando já têm seus filhos, e o RPG pode ajudar em muitas dificuldades em relacionamentos, relações familiares. Acredito que terá bastante demanda com relação a pais e filhos, é um processo terapêutico mais atrativo pela parte lúdica", prevê sobre o futuro do negócio recém-iniciado.
A consulta tem duração entre 1h e 1h20min, e pode envolver jogos clássicos como Dungeons and Dragons, pioneiro do RPG, até opções não fantasiosas. "Hoje, existe RPG de tudo, de vampiros, lobisomens, mas, além de fantasia, tem RPG de super herói, de futebol, do seriado Stranger Things, tem muita coisa", garante.