A prática auxilia no desenvolvimento de habilidades sociais, reduz ansiedade, estresse e depressão

Psicólogo utiliza RPG em sessões de terapia em Porto Alegre


A prática auxilia no desenvolvimento de habilidades sociais, reduz ansiedade, estresse e depressão

Foi durante o curso de Psicologia que Gustavo Broch notou o potencial que o role-playing game, mais conhecido como RPG, possuía como uma opção terapêutica. Recém formado na área, Gustavo, que atuou durante anos como jornalista, agora atende em consultório próprio no bairro Mont'Serrat, em Porto Alegre, onde realiza sessões de terapia com o uso de RPG e jogos de tabuleiro.
Foi durante o curso de Psicologia que Gustavo Broch notou o potencial que o role-playing game, mais conhecido como RPG, possuía como uma opção terapêutica. Recém formado na área, Gustavo, que atuou durante anos como jornalista, agora atende em consultório próprio no bairro Mont'Serrat, em Porto Alegre, onde realiza sessões de terapia com o uso de RPG e jogos de tabuleiro.
Natural de Sananduva, no interior do Estado, o psicólogo realizou, ainda na faculdade, uma pesquisa extensa sobre os benefícios dos games aliados à terapia, o que serviu de base e o deu confiança para investir no segmento. "Via diversas teorias que trabalhavam a interpretação de papéis dentro de um processo terapêutico, então, pensei em porque não aliar o RPG, que é pensado para ser um entretenimento, mas é justamente isso, doar-se para uma história, um personagem", define. A prática não é tão comum no Brasil, mas Gustavo comenta que já existem alguns grupos e terapeutas estudando o movimento nos Estados Unidos. "Fui auxiliar de pesquisas em um grupo de uma faculdade dos EUA que começou a realizar esse trabalho dentro da psicologia e psiquiatria. Lá, eles usaram o RPG para fazer uma integração com os residentes de medicina, durante a pandemia, para conectar equipe de médicos e residentes", conta.
O processo terapêutico, explica Gustavo, não está no jogo em si, mas sim na forma que será contado, observando como as jogadas são impostas e como as decisões são tomadas. "O RPG de mesa, que é o que utilizo, é um jogo de interpretação de papéis, baseado em livros e regras, que vai além da fantasia, de um personagem lutar com um dragão, por exemplo. Podemos adaptar para o RPG um cenário real, coisas mais banais, do dia a dia, não só a ficção", explica. "Existe o efeito Batman, que diz que quando alguém está na posição de personagem, age e sente as coisas de forma diferente. O fato de tu te colocares em um personagem pode possibilitar fazer coisas que não imaginavas ou extravasar", descreve.
LUIZA PRADO/JC
Entre os benefícios, o psicólogo acredita que, além dos tradicionais ganhos de qualquer outro processo terapêutico, como desenvolvimento de habilidades sociais e redução da ansiedade, o diferencial está no processo lúdico, que pode ser um atrativo. "Por ter a questão lúdica, o interesse já é maior, principalmente para um público que pode achar que não precisa de terapia, ou que não funciona. É quase fazer terapia sem notar que está fazendo", define. Apesar do modelo gerar interesse entre o público infantil, o profissional acredita que a demanda será maior entre adolescentes, jovens adultos e famílias. "Cresci jogando e, assim como eu, muitas pessoas que também cresceram jogando já têm seus filhos, e o RPG pode ajudar em muitas dificuldades em relacionamentos, relações familiares. Acredito que terá bastante demanda com relação a pais e filhos, é um processo terapêutico mais atrativo pela parte lúdica", prevê sobre o futuro do negócio recém-iniciado.
A consulta tem duração entre 1h e 1h20min, e pode envolver jogos clássicos como Dungeons and Dragons, pioneiro do RPG, até opções não fantasiosas. "Hoje, existe RPG de tudo, de vampiros, lobisomens, mas, além de fantasia, tem RPG de super herói, de futebol, do seriado Stranger Things, tem muita coisa", garante.