O ano mal começou e Porto Alegre já conta com novos empreendedores e empreendedoras que enxergaram na gastronomia um mercado pujante. Do varejo ao coworking, iniciativas diversas estão de portas abertas na Capital

Setor de gastronomia começa 2023 em alta na Capital


O ano mal começou e Porto Alegre já conta com novos empreendedores e empreendedoras que enxergaram na gastronomia um mercado pujante. Do varejo ao coworking, iniciativas diversas estão de portas abertas na Capital

O segmento da gastronomia é sempre um destaque na abertura de novos negócios. Em 2023, não tem sido diferente. Em um mês, Porto Alegre registrou diversas inaugurações no setor em diferentes frentes. 
O segmento da gastronomia é sempre um destaque na abertura de novos negócios. Em 2023, não tem sido diferente. Em um mês, Porto Alegre registrou diversas inaugurações no setor em diferentes frentes. 
A chef Cris Bertolazzi é uma das pessoas que acredita que há espaço para novas operações gastronômicas na Capital. Em janeiro, ela inaugurou a Casa 208, um coworking para gastronomia que fica na rua Barão do Triunfo, nº 408, no bairro Menino Deus. O espaço conta com duas cozinhas industriais, sendo uma delas em formato de aquário, pensada para cursos e workshops, além de um bar e ambientes com mesas para desfrutar o que for preparado no espaço. 
Advogada, Cris conta que a gastronomia surgiu como um hobby e foi roubando cada vez mais espaço em sua rotina. O estopim para a transição de carreira veio após um curso de confeitaria que fez na Itália. A experiência ampliou seus horizontes e foi um fator decisivo para começar a empreender na área. "Fiz um estágio com um chef italiano que me acolheu e depois me convidou para trabalhar lá, onde morei por seis meses. Quando voltei para o Brasil, ficamos amigos, e ele veio conhecer o País. Na viagem de férias, começamos a idealizar o projeto. Surgiu a oportunidade de comprar a casa e começou a reforma", lembra Cris sobre o início do projeto ainda antes da pandemia. 
A ideia da empreendedora era, inicialmente, montar um laboratório para as suas próprias experiências na cozinha e para produção das marmitas saudáveis que vende pelo Ifood. Mas, com a pandemia, ela viu no espaço uma oportunidade para ampliar os serviços da casa. "Muitos chefs entregaram os seus lugares durante a pandemia. Pensei que poderia fazer a minha produção e, nos momentos ociosos, locar. Montamos pacotes desde o básico até o premium, que atinge de amadores a profissionais, porque os aparelhos mais sofisticados exigem mais conhecimento", explica Cris. 
O investimento na Casa 408 foi de cerca de R$ 3 milhões, grande parte destinado à compra de equipamentos de ponta. Na cozinha aquário, pensada mais para a confeitaria, há ultracongelador, câmara de fermentação, laminadora de mesa, a temperadeira de chocolate e o forno de finalização. Já a segunda cozinha foi concebida para panificação e produção de massas, sendo equipada com uma amassadeira portuguesa e uma Mamy italiana, equipamento que custa R$ 45 mil, e simula o movimento das mãos humanas durante a sova do pão. "Temos o que há de mais moderno", afirma Cris. Os pacotes para locar alguma das áreas do coworking são personalizáveis e divididos em básico, intermediário e premium. "Não temos um modelo padrão. A pessoa pode locar os espaços separados ou juntos. No básico, incluímos o mínimo dentro da cozinha que é o fogão, forno, geladeira, bancadas, eletrodomésticos mais simples e os utensílios básicos. No intermediário, tem mais um forno e, no premium, inclui tudo", explica Cris sobre os equipamentos. Os valores partem de R$ 130,00 e o aluguel mínimo é de três horas. 
Operando há pouco mais de uma semana, ela relata que a demanda principal, até o momento, foi de amadores e de empresas, que realizaram no espaço momentos de formação e integração de equipe com competições gastronômicas. 
Outra inspiração europeia no espaço é um loft, construído em cima de uma das cozinhas, pensado para servir de hospedagem para chefs internacionais que visitarem o coworking. "Na Europa, quando tu fazes um curso, eles te dão comida e alojamento. E aí pensei nisso para receber um chef do exterior que venha trabalhar na casa e não tenha onde se hospedar", explica sobre o local, que conta com uma sala de estar, quarto e banheiro privativo. Cris ainda não descarte colocar o loft em plataformas de aluguel para quem queira viver uma experiência imersiva na gastronomia. 
A Casa 408 (@sigacasa408) opera das 9h às 18h, com possibilidade de abrir 24h dependendo da necessidade. 
 

Pai e filho abrem bar com parrilla em casarão de esquina no 4° Distrito

Os sócios investiram R$ 350 mil no espaço e já tem até um novo negócio no forno

"Se vocês tivessem passado por aqui há uns dois meses, teriam visto esse lugar bem diferente, nós reformamos tudo", afirma Juliano Spagnolo, 48, um dos sócios do novo bar que abriu no 4° Distrito, o Gracejo 411 Bar e Parrilla, espaço na esquina das ruas Álvaro Chaves e Santos Dumont.
A operação, que pretende reunir as características de boteco com sofisticação, tem um cardápio desenvolvido pelo chef Tiago Fries, que se orgulha de ter os acompanhamentos elogiados pela clientela, como a geleia de pimenta e a maionese, produzidos por ele.
Tudo começou com a vontade de Vitor Spagnolo, 18, de seguir o caminho do pai, empreendedor nato que já abriu cinco negócios - todos no segmento de bar e restaurante. "Desde as conversas iniciais até a abertura do Gracejo, foram uns 90 dias. Nós começamos a procurar um ponto aqui no 4° Distrito, porque é um lugar em crescimento e queríamos apostar", conta Juliano. "No meu aniversário, nós fomos em um lugar de parrilla e gostamos muito, era um modelo de negócio mais rústico. Queremos pontuar que não é um lugar especializado nisso, é um bar que também oferece os assados. Não queremos mexer com quem é realmente especializado", explica Vitor.
O horário de funcionamento do bar é de domingo a quarta-feira, das 17h30min às 23h30min, e de quinta-feira a sábado, das 17h30min às 2h. O Instagram (@gracejo411_) é a principal fonte de comunicação do local com o público. "A história do nome veio de uma viagem que fiz ano passado para Porto Seguro. Um amigo meu estava brincando e ele falou que alguém estava 'de gracejo', e pegou, nossos amigos começaram a usar a palavra, porque é meio desconhecida, não se escuta sempre. Eu achei diferente e criativo, significa gracinha, o que tem tudo a ver com a proposta do bar", afirma Vitor.
Os sócios investiram R$ 350 mil no espaço e já tem até um novo negócio no forno, dessa vez na rua Venâncio Aires, na Cidade Baixa. Ainda está bem no início dos preparativos e a dupla ainda não decidiu qual será o nome da nova operação, mas terá a mesma proposta do Gracejo. "Aqui, nós temos recebido bastante famílias e pessoas que saem de festas e procuram algum lugar legal para comer. O que mais sai é o nosso matambrito e o entrecot", comenta Juliano.
 

Melhor chocolate do Brasil ganha loja com experiência em Porto Alegre

Os chocolates da Magian Cacao começaram como um experimento de André Passow na garagem de casa em 2015. Eleito o melhor chocolate do Brasil em 2020, a marca inaugurou um espaço repaginado de venda e experiência das mais de 26 opções de barras de chocolate no mesmo ponto onde, antes, era a garagem da família.
A operação, que passou pelas páginas do GeraçãoE em 2022, funciona no número 4516 da avenida Guaíba, do bairro Vila Assunção, na zona sul da Capital. Quem tinha interesse em conhecer de perto a produção, que de caseira não tem nada, está a um passo de poder viver a experiência, que é o objetivo principal da abertura do espaço. "Quero me conectar com os consumidores, contar a nossa história. Por isso, a ideia é fazer, pelo menos uma vez por mês, um tour com degustação pela fábrica, onde o visitante possa entender o que é o bean to bar, entender por que o nosso chocolate é um chocolate de origem", explica.
Da amêndoa do cacau até o chocolate que derrete na boca, são várias etapas de produção e André domina todas do início ao fim. Tudo é feito com ingredientes naturais e a ideia é continuar sendo uma marca que se importa com a origem de cada insumo. "Nós vamos mostrar tudo, onde torramos a amêndoa, a máquina que separa o nibs de cacau da casquinha. Vamos acompanhar o nosso cliente do cacau à embalagem", afirma. Preocupado em manter a autenticidade da marca, André conta que a reforma da garagem durou cinco meses e que era importante não passar simplesmente uma tinta branca em cima de tudo e chamar de moderno. "Estou adorando, agora posso trabalhar olhando o Guaíba, é uma delícia. Uma coisa que penso sempre é que eu não quero que o trabalho seja só um trabalho, quero que seja uma forma de vida", diz. "Mesmo sendo algo que nós gostamos, ainda tem dias que são estressantes, mas saio para velejar e é outra vida", comenta sobre sua outra paixão.
A venda do produto no local também é um ponto importante para a marca, garantindo que os itens serão comercializados da forma ideal. "Estou direto aqui, se não na loja, lá atrás fazendo chocolate. Então, é algo para estar perto mesmo dos clientes. Sou apaixonado por fazer chocolate. Comecei torrando o cacau no forno de casa, descascava a amêndoa com rolo de pizza, separava a casca do nibs com o secador de cabelo da minha esposa e fazia a massa em um moinho bem pequenininho", lembra entre risadas.
A loja abre de segunda a sábado, das 17h às 20h, e a visitação de toda a produção do chocolate está definida para começar em março deste ano. Sobre o ponto, André percebe a carência de lugares pela Zona Sul e projeta ser um espaço para se visitar na região. "Acho importante dar as caras, mostrar quem faz. E eu também gosto muito dessa parte", afirma.