Giovanna Sommariva

Um dos principais objetivos para os próximos quatro anos é conectar munícipios e levar iniciativas da Capital para o interior do Estado

Levar inovação para o interior é meta do governo do RS

Giovanna Sommariva

Um dos principais objetivos para os próximos quatro anos é conectar munícipios e levar iniciativas da Capital para o interior do Estado

Fórum de inovação e conexão entre municípios é prioridade da gestão da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul para os próximos anos. Instituir programas de inovação em áreas periféricas e no interior do Estado é pauta do governo gaúcho, garante Simone Stülp, secretária da pasta."Precisamos pensar inovação para além do ambiente acadêmico", reforça Simone.
Fórum de inovação e conexão entre municípios é prioridade da gestão da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul para os próximos anos. Instituir programas de inovação em áreas periféricas e no interior do Estado é pauta do governo gaúcho, garante Simone Stülp, secretária da pasta."Precisamos pensar inovação para além do ambiente acadêmico", reforça Simone.
GeraçãoE - Quais são os planos e objetivos desta nova gestão?
Simone Stülp - Estamos trabalhando com um planejamento estratégico, dentro de uma lógica de continuidade, para esse novo ciclo de quatro anos, avaliando programas e projetos já executados. Estamos reavaliando, reestruturando esse programa, para que possamos, então, a partir do que deu certo, avançar. Em especial, estamos pensando algumas áreas estratégicas portadoras de futuro para o Estado. Para além do planejamento estratégico mais geral, pensar, dentro da lógica do planejamento, áreas estratégicas no sentido de inovações tecnológicas para que possamos dar alguns saltos tecnológicos e econômicos no Estado. Vou citar aqui duas áreas, que ainda não estão fechadas, mas que estamos trabalhando. Uma vinculada a questão de materiais avançados para inserções tecnológicas, e, a outra, vinculada a energias renováveis alternativas, em especial, pensando a questão do hidrogênio verde, não somente aqui no Estado, mas em nível global. Além disso, nós temos algumas áreas nas quais estamos buscando trabalhar, como a vinculação da inovação com a área da educação, que é uma prioridade do governador Eduardo Leite, e, a outra, é a área da agricultura e do agronegócio, que é um importante vetor econômico do nosso Estado.
GE - Como percebe o Rio Grande do Sul no contexto de inovação em um cenário nacional? Onde se pode melhorar e o que está avançado?
Simone - É importante colocar que o Rio Grande do Sul se destaca, há bastante tempo, na formação de pessoas qualificadas para a área de inovação e tecnologia. Um destaque muito importante que temos é vinculado à formação em nível stricto sensu, mestres, doutores, devido às universidades qualificadas que temos, sejam públicas, em nível federal, e as comunitárias, um diferencial em comparação com outros estados. Se pegarmos as diferentes regiões, temos uma realidade muito positiva neste cenário e isso é um diferencial nosso frente a outros estados do País. Para além disso, temos, há bastante tempo, formatado ambientes de inovação para que novos negócios possam ser gerados, novas tecnologias, desde incubadoras de bases tecnológicas, os parques científicos e tecnológicos, os hubs de inovação, que vêm se transformando no decorrer do tempo e trazendo esse aspecto de transformação do conhecimento adquirido em negócios, produtos, serviços. É importante mencionar o grande evento de inovação que temos aqui no Estado, que é um evento global de inovação, o South Summit, que traz a potência do que é produzido e desenvolvido aqui. A título de exemplo, nós tivemos uma competição de startups no South Summit do ano passado. Mais de 1 mil startups se inscreveram, de todo o mundo, e a vencedora foi uma do interior do Rio Grande do Sul, a Yours Bank, de Santa Rosa, mostrando todo esse potencial. E, claro, nos destacamos em alguns rankings, como 1º lugar em inovação no Brasil por dois anos consecutivos no ranking de competitividade do CLP (Centro de Liderança Pública). Esse resultado acaba sendo um reflexo de tudo isso e nos coloca em uma posição interessante de competitividade perante outros estados. É claro que precisamos avançar na cultura da inovação, então, todas essas estratégias que vêm sendo pensadas e trabalhadas, caminham nesse sentido, para que isso possa estar permeado em todos setores da sociedade, não só em determinadas empresas, nas universidades, mas que possamos respirar, como Estado, a cultura da inovação.
GE - Quais são as iniciativas e ações para que a inovação possa alcançar o pequeno e microempreendedor, indo além dos parques e universidades?
Simone - Um programa que estamos desenhando aqui na Secretaria é pensar a inovação para além dos ambientes mais óbvios, vinculado ao que chamamos de territórios inovadores, pensando a inovação em diferentes espaços, incluindo as periferias. Obviamente, isso envolve as escolas, mas, além delas, todos os empreendedores que estão nos diferentes ambientes do Estado. Também estamos trabalhando na Lei Gaúcha de Inovação, que está em consonância com o Marco Legal da Inovação, para que tenhamos, efetivamente, a nossa Lei Gaúcha de Inovação regulamentada, para que nós, como secretaria de Estado, possamos montar uma estratégia junto das prefeituras para que cada vez mais cidades também tenham as suas leis de inovação. Imaginamos, inclusive, ter um fórum de discussão, onde cidades que já estão mais avançadas nesse quesito possam trocar experiências com outros municípios que queiram aderir aos movimentos de inovação.
GE - Qual a expectativa para o South Summit deste ano e qual a relevância e influência do evento para o ecossistema inovador do Estado?
Simone - A expectativa é a melhor possível. Ano passado, pode-se dizer que foi o nosso piloto. Tivemos um excelente evento em 2022 e, este ano, precisa ser melhor. O evento não será, necessariamente, maior em termos de tamanho, mas melhor em termos de qualidade. Ano passado, focamos muito na questão do Rio Grande do Sul, Brasil e conexão com a Espanha, onde nasceu o evento. Mas, neste ano, buscamos ampliar, ainda mais, esta relação com América Latina. Além disso, também temos uma preocupação com o ambiente do próprio evento, para que ele se integre mais ao da cidade. Tanto o próprio Cais Mauá, que ele seja mais receptivo para as pessoas, com uma infraestrutura ampliada e aprimorada. As pessoas podem não estar lá nos três dias do South Summit, mas querem respirar um pouco desse evento, então teremos uma série de outras atividades espalhadas pela cidade para que todo mundo possa, de alguma forma, se conectar. Muito mais do que um evento, o papel do South Summit é trabalhar a cultura da inovação, estabelecendo conexões, construindo um legado de inovação para o Estado.
GE - Qual a importância de trabalhar a inovação dentro da rotina de um pequeno negócio?
Simone - Costumo dizer que a inovação e a incorporação tecnológica é o único caminho possível para o desenvolvimento de empresas e, portanto, das regiões. Hoje, esse avanço tecnológico vem sendo incorporado com velocidade cada vez maior e, aquelas empresas que têm conseguido se manter e evoluir, são as que incorporam a inovação no seu negócio. Isso não significa, necessariamente, ser uma empresa altamente tecnológica, porque você também pode encarar a inovação como uma forma de agir. Ou incorporamos a inovação, elementos contemporâneos em nossos negócios, ou seremos atropelados por outras empresas. No fim das contas, as empresas existem para atender diferentes demandas que a sociedade apresenta, e, algumas destas, muitas vezes, a sociedade nem sabe que tem, mas o empreendedor, com esse olhar inovador, pode provocar novas demandas. As empresas precisam estar conectadas, e, cada vez mais, estarem abertas para essas trocas que acontecem entre diferentes atores, como poder público, academia, empresas, negócios, startups e a sociedade civil.
GE - Como espera que esteja o ecossistema ao fim da gestão atual?
Simone - A principal diferença que espero encontrar daqui quatro anos é que tenhamos, cada vez mais, essa importância permeada por todos os atores que compõem este complexo de inovação. Temos alguns segmentos, alguns atores que estão muito envolvidos, como as universidades, startups, mas temos outros segmentos que ainda precisamos trazer para esse processo. Espero que, daqui a quatro anos, não tenha como não falar em inovação, que isso já esteja tão entranhado na nossa forma de ser como gaúchos, que faça parte das nossas discussões e planejamentos. Que a sociedade entenda a importância deste tema e compreenda que é o caminho que vai nos levar a ser um Estado melhor, mais agradável para se viver, morar e ser feliz.
 
Giovanna Sommariva

Giovanna Sommariva - repórter do GeraçãoE

Giovanna Sommariva

Giovanna Sommariva - repórter do GeraçãoE

Deixe um comentário


Leia também