A aposta do setor é que 2023 será um ano promissor para o ecossistema gaúcho

Especialistas traçam raio-x da inovação no Rio Grande do Sul em 2023


A aposta do setor é que 2023 será um ano promissor para o ecossistema gaúcho

Quando o assunto é inovação, as apostas são diversas. De iniciativas criativas até automatização de processos internos, a inovação surge como uma alternativa para empreendedores e empreendedoras que buscam destaque e consolidação no mercado. Para Leandro Pompermaier, gestor de relacionamento e negócios do Tecnopuc, 2023 promete ser um ano ativo no ecossistema de inovação no Rio Grande do Sul. "Existem algumas situações pairando no momento, como uma possível recessão nos Estados Unidos, a guerra na Europa e o cenário político no Brasil, enxergo que as empresas terão de trabalhar muito mais para superar essas barreiras que atingem o mercado, e a inovação será a grande ferramenta nesse momento", acredita Leandro.
Quando o assunto é inovação, as apostas são diversas. De iniciativas criativas até automatização de processos internos, a inovação surge como uma alternativa para empreendedores e empreendedoras que buscam destaque e consolidação no mercado. Para Leandro Pompermaier, gestor de relacionamento e negócios do Tecnopuc, 2023 promete ser um ano ativo no ecossistema de inovação no Rio Grande do Sul. "Existem algumas situações pairando no momento, como uma possível recessão nos Estados Unidos, a guerra na Europa e o cenário político no Brasil, enxergo que as empresas terão de trabalhar muito mais para superar essas barreiras que atingem o mercado, e a inovação será a grande ferramenta nesse momento", acredita Leandro.
Quando um empreendedor decide apostar na inovação, não é só ele o único envolvido, existe uma cadeia que é atingida no processo, o que movimenta o mercado de diferentes formas. "Desde o momento da criação, com novas soluções, novas startups, novas tecnologias, até empresas que renovam seus processos, cria-se oportunidades e mecanismos para trabalhar essa inovação aberta, conexões e criação de novos negócios, além de investimento econômico e financeiro que acaba fortalecendo toda essa rede", pontua o gestor.
De acordo com Leandro, o primeiro mês do ano já se mostrou promissor no assunto, com diversos eventos e programações voltadas para inovação acontecendo no Estado. "Podemos ver pelo próprio South Summit aqui em Porto Alegre, que está tendo uma abrangência imensa, mundial, com startups do mundo inteiro vindo participar dessa competição que acontece aqui, um movimento muito forte de empresas interessadas em participar do evento, pessoas querendo contribuir para que a edição aconteça, o que coloca Porto Alegre nesse mapa de inovação mundial, além do Rio Grande do Sul", enxerga.
A grande tendência para este ano, na opinião de Leandro, é o forte uso da inteligência artificial nos negócios. "As tecnologias através da inteligência artificial estão amadurecendo muito, criando esse corpo que chega de uma forma mais contundente no consumidor final, isso acaba impactando muito a nossa percepção, seja na geração de texto, na questão de avatares, no entendimento de grandes massas de dados, buscar o conhecimento desses dados até coisas mais simples como ajudar a tomar decisões dentro de negócios, ajudando eles a serem mais efetivos, rápidos e precisos", pondera. A área da saúde e do agronegócio, por exemplo, devem ter um uso intenso da tecnologia em seus processos e modelo de negócios. "Até na comunicação, nos processos internos entre a cadeia produtiva e o consumidor final, vamos enxergar essa tendência muito forte em 2023", prevê.
Outra tendência citada pelo gestor, que está, inclusive, sendo trabalhada dentro do ecossistema do Tecnopuc, é o desenvolvimento de novos talentos voltados para a inovação e tecnologia. "Essa demanda por profissionais cada vez mais capacitados será uma tendência constante no mercado, programas que estejam relacionados ao desenvolvimento desse talento humano, seja financiado por entidades públicas ou privadas, irá suprir essas lacunas que vamos enxergar cada vez mais com o passar do tempo", acredita. Nos últimos anos, o Parque tem desenvolvido diferentes ações no setor, como programas que incentivam o desenvolvimento de talentos de alunos da rede pública e parcerias com ambientes de inovação no sul do País.
"Aqui no Tecnopuc, nós trabalhamos forte na open innovation, a inovação aberta, para empresas que buscam, através de inovação, entender como podem perpetuar e expandir negócio. Oferecemos essa aceleração para startups, programas de apoio técnico tanto para a cultura interna da instituição quanto para relacionamento com novos negócios inovadores que vão surgindo, relação com empresas, trabalhando negócios, criatividade e pessoas, tudo isso conectado à inovação e pesquisa", compartilha.
 

'Não se faz inovação sem pessoas', destaca especialista

 Pelo segundo ano consecutivo, o Rio Grande do Sul lidera o ranking de competitividade do Centro de Liderança Pública (CLP), sendo o primeiro ano na categoria de Inovação. Para Neide Pessin, pró-reitora de inovação e desenvolvimento tecnológico da Universidade de Caxias do Sul (UCS), um dos principais motivos que colocam o Rio Grande do Sul no mapa quando o assunto é inovação é o incentivo e apoio no desenvolvimento de novos profissionais. "Não se faz inovação sem pessoas. Esse é o grande diferencial para que possamos avançar. Parcerias, colaboração, cooperação entre atores para que a resolução de problemas possa ser disruptiva e, de fato, gerar inovação e negócios", expõe.
A especialista cita alguns dos pontos que devem ser prioridade nos próximos anos, como políticas de incentivos à produção de conhecimento e disponibilização de recursos públicos. "Os parques tecnológicos têm o papel e grande potencial de promover a interação entre os diversos mecanismos de inovação nos ecossistemas locais de inovação. Para que possam se desenvolver e trazer resultados efetivos para o desenvolvimento do País, é necessário evoluir nas políticas públicas de incentivo e apoio a esses mecanismos", destaca. Ampliar recursos para a área acadêmica, com foco em pesquisas e apoio ao empreendedorismo, também é um vetor essencial para o fortalecimento do âmbito inovador no Estado.
Buscando contribuir com o ecossistema inovador, a UCS inaugurou, em 2020, uma Agência de Inovação, a UCS Inova, que é uma parceria entre a universidade, empresas privadas, o governo estadual e a comunidade. "Atuamos em prol de pesquisas, projetos, serviços e negócios, buscando estimular e fomentar um ecossistema sinérgico de inovação e empreendedorismo", explica. A agência foi aprovada em uma chamada pública, recebendo mais de R$ 13 milhões em recursos, que serão destinados para a ampliação das instalações do parque e criação de novos espaços para empresas de base tecnológica. A agência integra diferentes espaços da Universidade, como o Centro de Aceleração de Negócios Inovadores (ItecUCS), Centro de Integração de Ideias Inovadoras (StartUCS), Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação (TecnoUCS) e o Centro de Prospecção de Recursos para Inovação (CatalisaUCS). 
 

Do RS para o mundo

Confiante de que 2023 será um ano próspero para a inovação no Estado, o CEO do Instituto Caldeira, Pedro Valério, reforça a importância de trabalhar a colaboração entre empreendedores e empreendedoras do ramo. “No Caldeira, nós buscamos trabalhar essencialmente o conceito de colaboração, um intercâmbio permanente de ideias, conteúdos e informações que tornem esse ambiente mais pujante, para que os atores do nosso ecossistema sejam cada vez mais competitivos dentro de uma fotografia nacional e internacional”, pensa o CEO.
Este ano, o Instituto promove uma série de missões internacionais, que buscam conectar o Rio Grande do Sul com organizações e iniciativas inovadoras de diferentes países. “Já temos duas missões marcadas para Israel, uma para o Canadá, uma para a Flórida, outras diversas visitas e também participações, como no Web Summit, evento que ocorre em novembro na Europa”, destaca Pedro. Além da conexão com o exterior, o empreendedor também acredita no potencial dos eventos que ocorrem em solo gaúcho. “Vamos apoiar e participar ativamente do South Summit aqui em Porto Alegre, que serve como um grande alavancador de oportunidades para diferentes setores do nosso ecossistema”, enxerga.
Para este ano, o empreendedor prevê uma grande aposta em novas tecnologias, principalmente as de acesso mais democrático, ligadas à inteligência artificial. “Nos últimos anos, vem acontecendo um amadurecimento a respeito da relevância no uso de novas tecnologias e ferramentas de competitividade, o exemplo que vemos é a inteligência artificial, blockchain. Imagino que esse ano será um divisor de águas no quesito de posicionar o Rio Grande do Sul como um estado protagonista do ecossistema de inovação no Brasil”, prevê.

Unisinos amplia Parque de Inovação

Com um início de ano promissor no ecossistema inovador do Estado, a expectativa é que o Rio Grande do Sul se consolide, perante todo o País, como um ambiente favorável e acolhedor aos negócios, principalmente aos de caráter inovador e tecnológico. De acordo com Silvio Bitencourt da Silva, gestor executivo do Tecnosinos e diretor da Unidade de Inovação e Tecnologia da Unisinos (Unitec), uma série de eventos e iniciativas inovadoras, tanto do poder público, quanto de Universidades e grandes empresas, surge como uma oportunidade de se tornar referência no mercado nacional. “Como tendências, reconhecemos que tecnologias da informação e comunicação e suas aplicações em saúde, cidades, agronegócio e indústria seguem merecendo atenção. A necessidade de conhecimento oriundo da educação formal continua indispensável face aos desafios técnicos e científicos associados a novos negócios baseados em tecnologia”, elenca Silvio. Questões relacionadas à responsabilidade socioambiental também podem ser uma oportunidade para investir em inovação, com “novos desafios que têm o potencial de melhorar significativamente o mundo em que vivemos”, enxerga.
Buscando auxiliar na promoção de iniciativas inovadoras no Estado, o Tecnosinos oferece suporte a novos empreendimentos e negócios estabelecidos na região do Vale do Rio dos Sinos. “Destaco ainda nossas iniciativas associadas à educação desenvolvida na Unisinos e a capacitação do empreendedorismo, além da habilitação de novos ambientes de inovação no Estado, como por exemplo em Gravataí, Canela, Esteio, Erechim e Panambi”, cita Silvio. A ampliação do Parque, por exemplo, é um dos processos que busca atrair novas empresas e dar mais suporte às que já estão instaladas por lá. “É um processo que envolve esforços de internacionalização por meio da atração de novas em empresas em parceria com outras instituições, como é o caso do Senac-RS”, compartilha.
 

Feevale Techpark busca expandir atuação no Estado

Participando ativamente de programas que buscam identificar e atender às principais demandas do mercado, como o Inova RS e o Startup Lab, a Universidade Feevale atua como grande aliada ao fomento do empreendedorismo inovador no Estado, é o que garante Daiana de Leonço Monzon, diretora de Inovação da Universidade. “Em nossa avaliação, a tendência é que teremos cada vez mais startups, produtos e serviços voltados às áreas de agronegócio, saúde e indústria criativa”, expõe Daiana.
A universidade integra comitês de inovação em diversos municípios do Estado e segue, pelo terceiro ano consecutivo, desenvolvendo projetos nas áreas de saúde, educação, economia criativa, tecnologia da informação e comunicação. “Estamos à frente da Região Metropolitana e Litoral Norte do Inova RS, já estamos colhendo resultados com esses projetos e começamos a replicar para todo o Estado”, compartilha a diretora. O Feevale Techpark, parque tecnológico da Universidade, está com ocupação completa em todas suas unidades, com cerca de 109 empresas, e planeja expansão para outras cidades. “Além da presença em Campo Bom, Novo Hamburgo, Esteio e Sapiranga, estamos analisando outros locais, onde a Universidade Feevale já possui polos, para a presença do Feevale Techpark nessas cidades. Também estamos trabalhando fortemente para a integração das nossas startups com grandes empresas, para que possam ser prestadoras de serviço e demandantes de tecnologia dessas grandes organizações”, declara a Diretora.
 

Gramado Summit planeja dobrar tamanho do evento em 2023

 Criada em 2017 pelo empreendedor Marcus Rossi, a Gramado Summit leva, anualmente, empreendedores e pessoas interessadas em inovação para um grande brainstorming na serra gaúcha. Na última edição, o evento recebeu 6 mil pessoas de todos os estados brasileiros, mais de 300 expositores e 140 palestrantes. Neste ano, a conferência de inovação acontecerá de 12 a 14 de abril em Gramado.
Segundo o CEO da Gramado Summit, o objetivo para 2023 é dobrar o tamanho do evento, além de atingir pessoas de diversas regiões do País. "Teremos mais palcos para discutir diferentes temáticas. Um deles é o de Inovação para o Setor Público, visto que esse debate está cada vez mais latente", adianta Marcus, que acredita que o assunto tem ganhado espaço. "A inovação está cada vez mais presente dentro dos negócios, e isso acontece porque a curva de aprendizagem diminuiu, e as empresas precisam se adaptar o tempo todo. A cada ano, temos algum produto ou serviço inovador que se aproxima de forma intensa da população. Como exemplo, podemos citar a inteligência artificial, que antes parecia muito distante, embora suas discussões existam há anos. Somente agora o mercado começou a ter impactos reais a respeito da potência da inteligência artificial", percebe o empreendedor.
Para aquecer a discussão sobre inovação no Rio Grande do Sul, Marcus acredita que eventos como a Gramado Summit são fundamentais, já que trazem à tona o debate e conectam ideais e pessoas. "Este movimento auxiliou a tornar exponencial o que é criado no Estado. Antes, tínhamos iniciativas inovadoras, mas ainda era um cenário que não tinha tanta força. Agora, existem muitos movimentos que ganham cada vez mais destaque. Vejo que há oportunidade para crescer, até porque o ecossistema de inovação tem feito algo muito genial, que é criar empresas aqui, mas entender que o seu impacto é mundial", pontua. O objetivo do evento é contribuir sem estar restrito às fronteiras do Estado. "Somos um evento gaúcho. Acreditamos que tudo que fazemos aqui tem muito potencial e não fica para trás de iniciativas da Europa ou dos Estados Unidos. Temos muita cultura e muita inovação para ser valorizada", afirma Marcus.

South Summit prepara segunda edição em Porto Alegre

A segunda edição do South Summit no Brasil pretende repetir os bons resultados de 2022, quando reuniu mais de 20 mil pessoas no Cais Mauá em Porto Alegre. Thiago Ribeiro, CEO do South Summit Brazil, celebra números positivos da edição deste ano, já que a competição de startups bateu recorde para 2023 em número de inscrições. "O evento deste ano já traz números bastante significativos, inclusive, em relação à edição passada. Com isso, só podemos estar bastante animados e com uma expectativa bem alta para o que vem pela frente", afirma sobre o evento criado há 10 anos na Espanha.
Thiago acredita que 2023 será marcado por mais maturidade no ecossistema de inovação, mesmo em meio a um mercado mais cauteloso. "Seguimos em um momento especial em que o mercado está um pouco mais comedido em relação a alguns temas, mas bons projetos e iniciativas inovadoras vão continuar tendo espaço. Sou bastante otimista por natureza e acho que, cada vez mais, teremos momentos mais pujantes, mais consistentes e, principalmente, apresentaremos um ecossistema cada vez mais maduro, despertando não só confiança, mas também o interesse do mundo inteiro", percebe o CEO.
O evento, que acontece nos dias 29, 30 e 31 de março em Porto Alegre, terá como lema Shape the future, destacando a responsabilidade dos negócios. "Já mostramos que inovar é fazer negócio. Porém, estamos alertando que, além de inovar, precisamos desenvolver soluções e negócios que sejam inclusivos, sustentáveis e diversos, ou seja, que tenham uma série de medidas que mostrem compromisso com impacto que eles geram", pontua Thiago, que acredita no poder coletivo para o ecossistema de inovação gerado a partir de eventos como o South Summit. "Entendemos que ele gera oportunidades muito ricas de conexão, sobretudo quando olhamos a lógica de empresas, startups e fundos de investimento e buscamos, de maneira quase que obsessiva, que esses players se encontrem já que são os grandes protagonistas do mundo dos negócios. Tem uma frase batida, mas verdadeira: "Se a maré sobe, todos os barcos sobem juntos", e é isso que buscamos com o South Summit Brazil", garante.