Da estética do espaço a produtos que pareçam obra de arte, reunir elementos visuais que chamem atenção da clientela pode ser um diferencial na hora de abrir o próprio negócio

Apostar em elementos visuais é estratégia na hora de empreender


Da estética do espaço a produtos que pareçam obra de arte, reunir elementos visuais que chamem atenção da clientela pode ser um diferencial na hora de abrir o próprio negócio

A aparência de um negócio é tão importante quanto o serviço oferecido? Para muitos empreendedores e consumidores a resposta é clara: sim. A aposta na estética dos espaços e nos itens dos cardápios tem sido cada vez mais presente nos negócios, que enxergam no movimento uma estratégia para se destacar em meio a concorrência que cresce diariamente. 
A aparência de um negócio é tão importante quanto o serviço oferecido? Para muitos empreendedores e consumidores a resposta é clara: sim. A aposta na estética dos espaços e nos itens dos cardápios tem sido cada vez mais presente nos negócios, que enxergam no movimento uma estratégia para se destacar em meio a concorrência que cresce diariamente. 
Foi com esse foco, aliado à ideia de proporcionar uma experiência de princesa de filme da Disney para a clientela, que nasceu o Pink Palace Café, a cafeteria mais cor-de-rosa de Porto Alegre, de acordo com Rocha e Hanna Vieira, pai e filha parceiros no negócio. Localizado na rua Bezerra de Menezes, n° 85, o café começou a operar há três meses e foi inspirado em lugares que Hanna visitou em sua passagem por São Paulo, quando foi ao Lollapalooza no ano passado.
Hanna conta que a ideia e decoração do espaço partiu das mulheres da família. Além dela, trabalham no negócio a mãe, a irmã e a prima. "Nós nos inspiramos em alguns lugares que visitamos em São Paulo, percebemos que aqui em Porto Alegre não tinha nenhum lugar grande e rosa de verdade, só lugares pequenos", lembra.
Cor-de-rosa da parede ao teto, os sócios idealizaram e construíram uma carruagem para o espaço, toda decorada de flores. "Planejamos bastante e o que quero é um crescimento contínuo, não o que nós vemos geralmente de um lugar ser muito visitado e depois esquecido. E está indo tudo como nós esperávamos. A carruagem está sendo um sucesso e foi toda idealizada por nós, procuramos um projeto e eu tenho um colega que trabalha com metalúrgica. É o xodó do espaço, muita gente vem só para ver ela. Só falta colocar um cavalo e sair andando", diverte-se Rocha.
Foram três meses de planejamento até a abertura do local, que funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h30min, e nos sábados, das 9h às 18h. "Este é o nosso primeiro negócio na área, mas não é o meu primeiro no geral, tenho uma empresa de engenharia há duas quadras daqui que existe há 25 anos. Nós fizemos uma pesquisa e um estudo de mercado antes de abrir o café. As meninas visitaram várias cafeterias para entender o que era bom e o que mais me agrada mesmo é o espaço, temos aqui 300m². Nosso público são famílias com crianças, idosos, então queremos que seja um lugar bem livre, que dê para andar sem ficar esbarrando em nada", explica.
Afirmando que o plano sempre foi abrir no Passo d'Areia, Rocha conta que não queria uma cafeteria de avenida e sim uma de bairro. "Nós procuramos esse local e reformamos tudo. Aqui temos 10 funcionários e para todos os nossos atendentes esse aqui é o primeiro emprego, eu sei como é difícil para um jovem começar a vida profissional, então, foi algo que quisemos fazer. Profissional mesmo só a barista e o confeiteiro", elenca o empreendedor. A operação oferece cafés clássicos, drinks variados, xis, torradas, bolos e tortas, além de outras delícias. Hanna conta que o que mais sai é o Pink Tonic e o Iced Pink, drinks desenvolvidos exclusivamente para o local.
Para o futuro, Rocha explica que o Pink Palace vai ser o foco, mas que já está em curso uma expansão. "Para o ano que vem, queremos abrir o Blue Kid, um espaço todo azul, menor que esse, no Lindóia, bairro que nós moramos. Seria uma lojinha, tudo seria desenvolvido aqui e levado para lá", projeta.
 

Café pensado para mães aposta em decoração afetiva

O Anthea Café e Bistrô, espaço que abriu em outubro no bairro Farroupilha, tem como objetivo ser um espaço para reunião de amigos oferecendo beleza e aconchego. Quem define é a proprietária da operação, Rosângela Machado, 64 anos, que foi professora de matemática e trabalhou com direito na Câmara de Justiça, em Brasília, antes de empreender. "Nunca tinha me ocorrido nada parecido, é o nosso primeiro negócio. Durante o período horroroso da pandemia, nós perdemos muita gente. Perdi meu pai e meu irmão e precisei cuidar da minha mãe. Foi quando eu decidi me aposentar", lembra.
É na Casa Via Trastevere, espaço que busca reproduzir um pedacinho de Roma em Porto Alegre, na Travessa da Paz, n° 44, que funciona a operação. Rosângela, que é natural de Canoas, conta que, para abrir o negócio, procurou ponto em diversos bairros da Capital. "Farroupilha é um bairro que já morei quando vim para Porto Alegre, sempre gostei muito. Tive sorte de encontrar esse lugar, tem tudo a ver com o que eu queria para a cafeteria", diz.
ISABELLE RIEGER/JC
Rosângela queria ter um lugar para reencontrar amigos e fazer novos. "Tenho um filho autista e, quando se tem alguém atípico em casa, a vida social muda um pouco, porque é preciso atender às demandas dessa pessoa. Ficamos mais reclusos e eu sempre gostei muito de receber, de ter a casa cheia de gente. Então, queria esse lugar para receber amigos, um lugar de leveza e assim tem sido", afirma a proprietária.
Foi o filho dela, Matheus, que surgiu com o nome da cafeteria. Anthea é a deusa do jardim, das coroas de flores e do amor humano, que é justamente a vibe que a empreendedora queria no espaço.
A atenção aos detalhes do espaço é uma das estratégias da empreendedora para transmitir para os clientes a essência do negócio. Para a decoração da cafeteria, a empreendedora conta que queria algo pessoal, os detalhes dos sofás foram bordados por ela mesma e pela sua filha.
ISABELLE RIEGER/JC
As memórias afetivas também passam pelo cardápio, inspirado nos pratos preferidos da empreendedora, que conta com Renata, sua filha, e Fabiana, que ajuda na cozinha, no dia a dia da operação. "Nós temos alguns fornecedores de coisas maravilhosas, como as massas, que servimos a qualquer hora. Temos saladas, que têm feito muito sucesso, pratos de família e pratos mais simples, do dia a dia. Temos opções veganas também. Estamos descobrindo o que é preciso junto com os clientes", conta.
Fazendo questão de reafirmar que mães são mais que bem-vindas no espaço, Rosângela explica que é mãe solo. "Morava em Brasília quando vim com os meus filhos pequenos para cá, o pai continuou no outro estado. Renata, que agora tem 21 anos, fez 4 aqui. O Matheus tinha 1 e pouquinho. Então, criei meus filhos sozinha e era muito estressante. Me lembro de uma vez quando estava com o Matheus na psicóloga, estava exausta, acho que dormi na sala de espera, e a psicóloga me perguntou o que eu gostaria de fazer naquele momento, lembro como se fosse hoje que só queria sentar e tomar um café. Quando se tem criança pequena é uma loucura, tu não consegues parar e, ao mesmo tempo, precisa estar vendo eles para conseguir relaxar. Então viemos com essa proposta", comenta. O Anthea abre de terça a sábado, das 11h às 19h.
 

Obra de arte em bombons de chocolate

O negócio aposta em sabores diferenciados como uísque com cumaru e caramelo salgado

A Mandí Chocolateria e Confeitaria, marca de doces que imitam obras de arte, está de casa nova no Bom Fim. Amanda Gomes, 27 anos, proprietária do negócio, chegou de São Paulo em Porto Alegre no fim de 2019 para trabalhar como arquiteta em um órgão público da cidade. Com a mala cheia de sonhos, ela se viu em uma terra distante, longe da família e dos amigos, vivendo uma crise sanitária global em um emprego que não gostava tanto assim. Foi nesse momento que Amanda encontrou um curso de confeitaria online e percebeu que seria um bom lugar para passar o tempo.
Três agitados anos depois, ela abriu, há pouco mais de dois meses, o espaço físico da confeitaria, que, antes, funcionava na casa da Amanda. Trabalhando apenas com chocolates feitos com amêndoas brasileiras e de produção local da marca Magian Cacao, a confeitaria produz trufas, tortas com opções 100% veganas, brownies, barrinhas de chocolate e kits sortidos. O diferencial do produto, de acordo com Amanda, é a técnica russa de pintar as trufas, que chama a atenção por suas cores vibrantes. "É muito bonito, as pessoas gostam e parece quase como criar uma coleção para um desfile de moda. Estamos pensando em cores e sabores para o verão, é engraçado", conta a confeiteira.
A empreendedora explica que um dos pontos mais importantes para o crescimento do negócio foi a venda para cafeterias locais. "Nós queremos valorizar o que temos aqui no nosso País, essa é uma das propostas da marca", afirma.
O foco da Mandí é ser uma loja de presentes. Hoje, o espaço trabalha com encomendas, tanto de produtos individuais como em grande escala para outras cafeterias, e também oferece brindes personalizados. "Queremos que as pessoas pensem na Mandí quando quiserem dar uma caixa de chocolate de presente para alguém. Nós queremos que aqui seja uma lojinha que tu também possas degustar", idealiza.
Amanda explica que o nome Mandí vem da junção de Amanda com Antoni Gaudí, seu arquiteto favorito. "Amo arquitetura e tenho planos de trabalhar com isso, não descarto voltar para a área. O maior desafio até agora foi abrir o ponto físico sem investimento de terceiros. Acredito que, desde o começo, já investi ao todo R$ 100 mil na marca. A gestão de pessoas também é muito difícil, é complicado passar teu conhecimento técnico e no final ficar tudo como tu farias", reflete.
O local opera no formato take away de segunda a sexta, das 11h às 18h, e, aos sábados, como cafeteria a partir das 13h. Encomendas podem ser feitas pelo Instagram (@mandi.confeitaria). "As pessoas gostam de provar os sabores diferentes, como limão com framboesa, caramelo salgado, uísque com cumaru, mas o meu doce preferido é a torta de chocolate, que foi o que começou a vender primeiro", admite.
 

5 dicas para usar a estética como aliada no marketing do negócio

Não importa em qual momento o seu negócio está, ainda dá para apostar no visual como estratégia de venda. João Finamor, especialista na área de marketing digital para empresas e influenciadores, compartilha dicas para usar a estética como aliada no empreendedorismo.
1. Como pensar a parte estética de um negócio pode contribuir para um marketing orgânico da marca?
Hoje em dia, as redes sociais fazem parte do cotidiano das pessoas e usá-las como ferramenta estratégica é fundamental, porque é a nova forma de fazer marketing espontâneo, o famoso boca a boca. Pensar em um espaço instagramável, na apresentação do produto de uma forma bonita e atrativa a ponto que o cliente vá querer publicar nas suas redes sociais, criar um espaço que o cliente, ao se ver, queira fotografar. Isso é uma grande sacada quando pensamos em marketing espontâneo, em trabalhar junto com o cliente como embaixador da marca.
2. O que levar em consideração na hora de planejar os conteúdos visuais do negócio?
O importante é que o visual conte uma história. Mais do que criar um negócio instagramável, esse espaço conversa com a tua marca? Ele tem alguma identificação ou é simplesmente bonito? O que eu consigo contar sobre mim a partir desse lugar e como os meus clientes podem se apoderar desse local? Responder essas perguntas é fundamental.
3. De que forma utilizar as ferramentas digitais de maneira prática?
Agora que tu já tens um prato elaborado ou um espaço pensado, está na hora de estimular as pessoas a publicarem. Quem sabe ter uma hashtag própria, pontuar na comunicação diária, tanto no ponto físico, quanto nas redes sociais, essa ideia de compartilhar. Lembrando que estimular as pessoas é realmente trabalhar em cima disso como, por exemplo, a foto mais criativa do mês ganhar descontos, a foto com mais curtidas ganha um mimo. Realmente pensar, com criatividade, estratégias para engajar os clientes.
4. Quais profissionais podem trabalhar junto com o empreendedor para fortalecer a imagem da marca?
Diversas pessoas podem trabalhar nesse sentido, como os profissionais de visual merchandising, marketing, publicidade, comunicação em geral. Todos podem ajudar na construção visual do negócio.
João Finamor possui experiência em planejamento estratégico, mídias sociais e influencer marketing. Atuou em projetos com pequenas e grandes empresas. É graduado em Engenharia, Pós-graduado em Marketing e Mestre em Design pela UFRGS.