Conceitos diferentes, negócios pequenos, atenção aos produtos e na forma de fazer, além de espaços instagramáveis são as tendências para o segmento

Tendência: o que deve mudar na gastronomia em 2023


Conceitos diferentes, negócios pequenos, atenção aos produtos e na forma de fazer, além de espaços instagramáveis são as tendências para o segmento

Que muita coisa nova abriu em Porto Alegre em 2022 é fato e nós te mostramos isso nas páginas iniciais deste caderno. Vimos as pessoas voltarem às ruas para consumir, mas também para empreender à frente de seus próprios negócios. Com a proximidade do fim do ano, é preciso começar a projetar os próximos 12 meses. Entender a herança de consumo e comportamento que a pandemia deixou é essencial para inovar no setor gastronômico em 2023, além de observar o que se consolidou neste ano de retomada.
Que muita coisa nova abriu em Porto Alegre em 2022 é fato e nós te mostramos isso nas páginas iniciais deste caderno. Vimos as pessoas voltarem às ruas para consumir, mas também para empreender à frente de seus próprios negócios. Com a proximidade do fim do ano, é preciso começar a projetar os próximos 12 meses. Entender a herança de consumo e comportamento que a pandemia deixou é essencial para inovar no setor gastronômico em 2023, além de observar o que se consolidou neste ano de retomada.
 
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Rio Grande do Sul (Abrasel-RS), João Melo, empreendedor à frente do restaurante Gambrinus, a pandemia foi uma divisora de águas, e os negócios que se mantiveram ganharam força. "A pandemia mudou muito o comportamento dos clientes, mas o fim dela mudou de novo, e não para como era antes. Novas operações têm surgido, locais menores, uma pegada mais intimista mesmo, às vezes até sem garçons. Espaços com várias marcas em conjunto também são tendência, um lugar comum que atenda vários gostos", reflete o especialista.
A tele-entrega é outro costume que se consolidou de vez em 2022, assim como nós projetamos no Experimenta do ano passado. "Churrascarias e lugares de sushi são espaços que ainda estão sendo muito valorizados e que ainda dá para investir, só que agora com um conceito novo, de pratos mais rápidos e menores, tendo o delivery em foco. Inclusive, locais menores totalmente voltados para a tele-entrega", acredita João.
E para o almoço, uma novidade: arroz e feijão não é mais a principal pedida do trabalhador no pós-pandemia. "Outro ponto muito interessante que nós observamos é o que se come no almoço. As pessoas estão preferindo um lanche rápido ao invés de comida mais pesada. Elas querem algo mais leve e fácil de comer em qualquer lugar", acredita João, que atribui essa mudança ao home office. "As pessoas que estão em casa, querem terminar os seus trabalhos mais rápido, então tiram pouco tempo de almoço. Essa é uma das formas de cultura do pós-pandemia", afirma.
Em 2023, de acordo com o empresário, as pessoas estarão ainda mais atentas aos ingredientes do prato, buscando insumos mais naturais, sem o abuso de conservantes, sódio, corantes e outros aditivos. "Um diferencial vai ser oferecer comidas e bebidas locais, valorizar o regionalismo vai estar em alta, é algo que as pessoas têm procurado cada vez mais", garante.
Para o novo ano, João afirma que investiria principalmente no delivery. "Ainda acho que é um ponto importante, justamente por estar consolidado. Se não aumentar a procura, certamente não vai diminuir. Além disso, eu investiria em espaços abertos, menores, com o conceito de só pegar e levar, e com produtos locais", comenta.
O empreendedor acredita que a tecnologia, que cresce em passos galopantes, vai ser uma ferramenta cada vez mais importante no setor gastronômico, principalmente no estudo de comportamento de público. "Tem que inovar, trazer um diferencial mesmo em marcas mais antigas. Inclusive lugares temáticos é uma coisa que chama a atenção e que a galera vai procurar cada vez mais", acredita.
 

Vinhos nacionais e excêntricos devem bombar no próximo ano

Espaço que conta com 64 rótulos de vinhos oferece experiência em taças e auto atendimento para maior contato com o produto

Segundo Jaqueline Meneghetti, empreendedora à frente do Dionisia Restaurante e VinhoBar, que opera há cinco anos no Moinhos de Vento, o consumo de vinhos deve estar em alta no próximo ano. "Estar mais em casa durante a pandemia foi o que possibilitou o aumento do consumo de vinhos, mas até antes disso nós já tínhamos observado essa tendência. O consumidor brasileiro tem se interessado mais principalmente pelos produtos feitos no nosso País", afirma.
Levada pela paixão por vinhos para começar o negócio, localizado na rua Padre Chagas, n° 314, Jaqueline acredita que o diferencial do espaço é oferecer a experiência em taças e em autoatendimento. "Assim tu consegues experimentar mais tipos de vinhos e entender qual é o teu estilo descobrindo terroirs, tipos de uvas, tintos, rosés, brancos, é um mundo de opções. Os meus preferidos são os tintos", confidencia.
Para 2023, a empreendedora acredita que juntar bar e restaurante é a aposta certeira para quem quer investir no segmento, além do foco em rótulos brasileiros e tipos diferentes, como o vinho laranja, produzido a partir de uvas brancas, onde as cascas não são removidas durante o processo de fermentação. "Várias vinícolas estão investindo no vinho brasileiro, que tem melhorado demais em qualidade, em técnicas novas. As pessoas têm muita curiosidade com relação ao que é produzido aqui e, quando provam, se surpreendem de uma forma positiva", garante.
Outra tendência apontada pela empresária é a estratégia das vinícolas para atrair turistas e interessados a passarem mais tempo no espaço, com serviço de hotelaria, restaurantes e shows. "O turismo local foi algo que aumentou durante a pandemia porque as pessoas não podiam sair para lugares distantes. E nós estamos muito próximos da serra gaúcha, um local de referência do vinho brasileiro", afirma.
Se comparado com outros países da América Latina, o consumo per capita de vinhos entre brasileiros ainda é bastante baixo, lamenta Jaqueline. "O gaúcho bebe um pouco mais por causa da cultura e do clima. Muitos jovens e mulheres também têm começado a beber mais vinho, procurando rótulos com baixo teor alcoólico. Esse é outro ponto para focar no ano que vem", assegura.