Seja à frente de um restaurante, bar ou café, o que une diferentes empreendedores da Capital é a vontade de trazer para o Brasil um pouco da gastronomia e cultura de outros países

Negócios de Porto Alegre buscam oferecer experiência imersiva em outras culturas


Seja à frente de um restaurante, bar ou café, o que une diferentes empreendedores da Capital é a vontade de trazer para o Brasil um pouco da gastronomia e cultura de outros países

Na hora de abrir um negócio, é muito comum que empreendedores e empreendedoras busquem inspiração em suas referências culturais. Lembranças e memórias afetivas são grandes aliadas no momento de elaborar o conceito do projeto. Esse foi o caso da gaúcha Mirella Sabrina Marotto e do italiano Remo Inghilese, casal que está à frente do restaurante La Vita è Bella desde 2013.
Na hora de abrir um negócio, é muito comum que empreendedores e empreendedoras busquem inspiração em suas referências culturais. Lembranças e memórias afetivas são grandes aliadas no momento de elaborar o conceito do projeto. Esse foi o caso da gaúcha Mirella Sabrina Marotto e do italiano Remo Inghilese, casal que está à frente do restaurante La Vita è Bella desde 2013.
Por ter família na Itália, Mirella viajava muito para a Europa. Foi em uma dessas viagens que conheceu e se apaixonou por Remo, que já trabalhava como chef em Siena, sua cidade natal. O amor pela culinária italiana e a vontade de empreender fez a dupla vir morar no Brasil em 2009 e, poucos anos depois, abrir o próprio negócio, que está localizado na rua Dona Leonor, nº 45, no bairro Rio Branco.
O objetivo do espaço é oferecer uma cozinha toscana tradicional e autêntica, com receitas originais e típicas da região. Além disso, toda a decoração do restaurante é inspirada na arquitetura italiana. "O telhado, por exemplo, tem mais de dois mil tijolos, foi um projeto feito à mão, é quase um lego gigante", brinca Mirella, garantindo que, na Itália, muitas casas têm o telhado parecido, mas que, aqui, é único.
ISABELLE RIEGER/JC
Apesar da paixão que o casal possui pela Itália, ambos acreditam que o melhor local para empreender é aqui. "O Brasil é um país de oportunidades, não dá para negar. Por isso, muitos estrangeiros vêm para cá", percebe Remo, que comanda a cozinha do espaço e busca manter-se fiel à culinária toscana. "Tem cliente que vem aqui e diz que comeu uma bruschetta igual quando viajou para a Itália, reconhecem a autenticidade que a gente tem, o cardápio pode ter pouca opção, mas tem muita qualidade", garante o chef.
O espaço, que acomoda cerca de 60 pessoas, já é conhecido na Capital por produzir eventos culturais, como lançamentos e autógrafos de livros e saraus literários. "Essa é a nossa proposta, ser um espaço aconchegante e que preza pela cultura", afirma Mirella, responsável por organizar os encontros. "Aqui, não temos frescura, é um lugar informal para vir, tomar um espumante e aproveitar uma culinária boa e autêntica", define a empreendedora.
Recentemente, o casal fez uma nova aposta e lançou a própria marca de cerveja artesanal: La Birra è Bella, vendida no local. O restaurante abre ao público de quarta-feira a sábado, das 17h à meia-noite, fator que Mirella acredita ser um diferencial. "Por aqui, às 22h já está tudo fechado, a rua também não tem muito tráfego porque é muito residencial, somos o único lugar que fica aberto até esse horário", considera. Aos domingos, o restaurante oferece opção de almoço à la carte.
ISABELLE RIEGER/JC
 

Egípcio comanda bar na Cidade Baixa com foco na cultura árabe

Todos os itens do cardápio são produzidos com ingredientes árabes, trazidos para Porto Alegre pelo próprio empreendedor

Em uma viagem para o Brasil em 2017, o egípcio Wael Zizo, 34 anos, encantou-se com o País e decidiu criar raízes em terras brasileiras. Com dificuldade em encontrar um trabalho como engenheiro civil, sua área de formação, Wael arriscou-se no empreendedorismo e abriu o Tapas Bar, que operou por dois anos na Capital, até fechar por conta da pandemia. Hoje, o empreendedor está à frente do Cairo Bar, espaço temático localizado na rua da República, nº 163.
A proposta do negócio, segundo Wael, é oferecer uma experiência imersiva na cultura árabe. Toda a decoração do espaço foi pensada para isso, e conta com itens que o próprio empreendedor trouxe do Egito, como papiros e peças de arte. "A ideia é que você entre aqui e sinta que viajou para fora do Brasil. É outro clima, sempre tem música árabe tocando, vídeo de faraó na TV", conta o empreendedor, que garante que os clientes se divertem cantando as músicas.
Wael viaja para o Egito pelo menos duas vezes por ano, já que a maioria dos ingredientes utilizados no bar são de lá. "Vou e trago tudo, os ingredientes são quase todos de lá, até porque não encontramos eles por aqui", explica. O cardápio é repleto de quitutes árabes, como quibe, falafel e esfirras, além de drinks, cafés e chás característicos da região.
GIOVANNA SOMMARIVA/ESPECIAL/JC
Após cinco anos morando em Porto Alegre e quatro empreendendo, ele garante que a relação com os outros negócios da cidade não poderia ser melhor. "Tenho amigos em cada bairro daqui, árabe tem isso de ser muito unido, de ajudar, tem gente aqui na volta que me chama de filho, é essa relação familiar", descreve.
O negócio opera de terça a domingo, das 17h à 1h, e conta com algumas programações especiais, como a noite árabe e shows de dança do ventre.
 
GIOVANNA SOMMARIVA/ESPECIAL/JC

Café tem cardápio inspirado na gastronomia indiana

Há cerca de cinco anos, o gaúcho Fernando Oliveira, 38 anos, mudou-se para a cidade de Jamnagar, no estado de Gujarat, na Índia, para estudar mais sobre a ayurveda, medicina alternativa tradicional do país. Lá, desenvolveu um amor pela cultura e gastronomia da região, e decidiu trazer um pouco dela para o Brasil. Em 2022 abriu, ao lado da esposa Vanessa, o Gujarat Café, espaço que leva o nome do estado em que se conheceram.
Compondo o ecossistema da Faculdade Escola de Ayurveda (FAESDA), negócio que Fernando comanda desde 2013, o objetivo do café é homenagear o local onde o empreendedor vive, além de servir como suporte enquanto as aulas ocorrem em formato online, já que é aberto para o público em geral, não apenas para estudantes. "Recebemos muitos vizinhos aqui do bairro, a comunidade como um todo abraçou a proposta, as pessoas vem aqui com os pets tomar um cafézinho e passar o tempo", comenta Cláudia Letícia de Oliveira, gerente do local.
O destaque do cardápio, de acordo com Fernando, é o Masala Chai. "Todos devem lembrar da novela Caminho das Índias, onde eles falavam toda hora em se reunir para tomar um chai. É uma bebida típica e muito comum aqui na Índia", explica Fernando, que atualmente mora no país. A bebida custa R$ 10,00 e leva na receita leite, chá preto, açúcar e especiarias como gengibre, cardamomo, cravo, canela e anis estrelado. "Temos o tradicional para aqueles que querem só tomar um café no dia a dia, mas, para quem quer ter contato com a cultura indiana, não pode deixar de provar o Chai", declara. "A Cláudia recebeu treinamento da chef Jyoti, dona da receita, então ele é produzido de forma autêntica. A experiência que tu terás provando ele no café é a mesma que tu terias em qualquer lugar da índia", afirma o empreendedor, que vem ao Brasil duas vezes por ano.
Apesar do espaço contemplar a culinária indiana, Cláudia reforça que muitos pratos foram "abrasileirados" para atrair mais público. "É uma alimentação saudável, sem nada de carne, com essa pegada dos temperos e especiarias. É muito nichado, então, para abraçar mais pessoas, também temos outras opções, como o pão de queijo, que é clássico", diz. A música do local limita-se apenas a bandas e artistas indianos.
Comandando seu primeiro empreendimento de gastronomia, Fernando garante estar muito satisfeito com o rumo que o negócio está tomando. "A experiência está sendo ótima, principalmente por poder promover a cultura indiana, o lugar que vivemos", expõe. O espaço fica na rua Eudoro Berlink, nº 865, em Porto Alegre.