Ramo tem se reinventado nos últimos anos e mudado a maneira como os negócios de bairro atraem a clientela

Mercados de bairro apostam em conceito que mistura o novo com o antigo


Ramo tem se reinventado nos últimos anos e mudado a maneira como os negócios de bairro atraem a clientela

Quebrar paradigmas e criar um conceito que misture o moderno com costumes tradicionais. Esse é o pensamento que vem guiando cada vez mais empreendedores na hora de gerenciar os novos mercadinhos de bairro de Porto Alegre. Matheus Rachewsky, 36 anos, e Dora Porto Moreira, 31, abriram o Armazém Box 18, na rua São Manoel, nº 14, há pouco mais de três anos, com essa proposta.
Quebrar paradigmas e criar um conceito que misture o moderno com costumes tradicionais. Esse é o pensamento que vem guiando cada vez mais empreendedores na hora de gerenciar os novos mercadinhos de bairro de Porto Alegre. Matheus Rachewsky, 36 anos, e Dora Porto Moreira, 31, abriram o Armazém Box 18, na rua São Manoel, nº 14, há pouco mais de três anos, com essa proposta.
O espaço surgiu para reinventar a maneira como o público enxerga esses estabelecimentos. O local opera em diversas frentes da gastronomia, incluindo padaria, delicatessen, cafeteria e açougue. "Sempre tive o sonho de criar um lugar único e especial. Acredito que a própria palavra armazém remete à uma época mais tranquila, aquele tempo onde o bom era realmente bom. É isso que queremos oferecer aqui", declara Matheus.
Apesar de já ter atuado no setor financeiro e explorado outros ramos, o empreendedor conta que possui uma relação muito especial com a gastronomia, e não consegue mais se enxergar longe da área. "Sempre gostei muito da experiência que os restaurantes oferecem, muito já me imaginei possuindo algo do tipo. Há cinco anos, tive a sensação de que precisava fazer algo", explica. Na época, Matheus estava à frente da Chica Parrila e Bar, outro empreendimento do qual é sócio.
"Meu foco é completamente voltado para a gastronomia, quero me manter assim e continuar trabalhando com isso", expõe.
O objetivo principal do negócio, segundo o empresário, é repassar para a clientela todo o amor e gosto que ele e a sua equipe possuem pelo local. "Lógico que, como qualquer outro negócio, precisa ser pensado como algo rentável, mas nós acordamos às 5 horas da manhã todos os dias para preparar tudo e deixar o salão pronto. Fazemos isso com um sorriso no rosto porque amamos o nosso trabalho", afirma.
Mesmo já possuindo o espaço desde 2019, o novo conceito só foi incorporado ao local em janeiro deste ano. "Até então, trabalhávamos só com carne, mas agora conseguimos tirar esse sonho do papel de criar um espaço com várias frentes", conta. O local possui mesas para consumo dos produtos da padaria, café e lancheria, e atua com tele-entrega para os itens de fiambreria e carnes. Desde então, o crescimento foi tanto que a equipe também teve de aumentar. "Agora temos cinco funcionários fixos e alguns freelancers, mas seguimos contratando mais pessoal. A projeção é contar com cerca de 14 pessoas aqui nos próximos meses", afirma. De acordo com Matheus, o público realmente comprou a ideia. "Estamos sendo muito bem recebidos, principalmente nos cafés da manhã e brunches. Nos fins de semana, aparece muita gente", garante. O Armazém abre de terça-feira a sábado, das 7h às 20h, e aos domingos das 7h às 18h.

Os anos 1990 estão de volta em polo do Rio Branco

O Pastra INdeli pretende ser um ponto de apoio para os moradores do bairro Rio Branco

Focado na charcuteria artesanal e com o sanduíche de pastrami como carro-chefe, o Pastra INdeli abriu as portas mirando nos mercadinhos de bairro dos anos 1990. Operando há pouco mais de 20 dias no número 444 da rua Castro Alves, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, o espaço funciona como bar - com drinks, cervejas e sanduíches - e como delicatessen, vendendo produtos coloniais e os itens como pastrami, molhos e mostardas.
Quem está à frente da operação é o casal Guilherme Nunes e Dafny Zanquetta, ambos de 31 anos. Abrir um espaço para atender às demandas do bairro já era um desejo antigo da dupla, que foi aprimorando a ideia até chegar no formato que deu início ao projeto. "A ideia do negócio surgiu há um tempo. Gostaríamos de ter um mercado de bairro. A intenção foi evoluindo com o passar do tempo e decidimos montar um espaço mais restaurante, mas não perdendo essa identidade de mercearia dos anos 1990", explica Guilherme, acrescentando que a atmosfera de 'venda de bairro' vai desde a decoração até os itens que são vendidos. "Nossa ambientação comunica bem com os anos 1990. Temos TVs de tubo espalhadas, os balcões são antigos. Gostamos dessa identidade e queríamos trazer o mercadinho de bairro, com baleiro, de volta. Acabou que fizemos nosso cardápio e tivemos a ideia do pastrami, de colocar charcuteria artesanal como nosso carro-chefe", contextualiza o empreendedor.
O espaço opera das 17h à meia-noite com mesas na calçada, além de uma bancada interna que acomoda os clientes na vitrine. Guilherme conta que a ideia de alocar o projeto na região veio a partir do contato com outros empreendedores, o que despertou interesse em um imóvel que, segundo ele, era o mais depreciado da rua. Com muita mão na massa, a dupla transformou o espaço e está otimista com a receptividade do público. "Já tive um bar, então conheço muita gente desse ramo, e sou muito amigo do proprietário do Sete Gastropub. Conversando, indo lá, vi que o imóvel ao lado estava para alugar. E a Castro Alves está com um potencial incrível. Tem o pessoal do Paparico, o Sete, o Mantra, o Capone, vai abrir um sushi agora também. Vimos uma possibilidade de crescimento porque está virando um polo para o pessoal passear. À noite, está bem legal, as calçadas bem iluminadas com os varais de lâmpadas. Está bem bonito", comemora Guilherme.
No horizonte, a ideia dos sócios é fortalecer a atuação como mercadinho, sem deixar de operar como restaurante e bar. "Para o futuro, vamos servir como uma alternativa para os moradores da região, levando conveniência, bem venda de bairro, não ter muita coisa, mas ter produtos que supram as necessidades na correria", explica. "Fomos muito bem recebidos, temos hoje um público praticamente de vizinhos do Rio Branco. Tem sido bem legal porque a rua está bonita e é isso que queremos. Conversamos com muitas pessoas e sabemos que aquela região estava bem abandonada, e o nosso objetivo sempre foi deixá-la bonita. Estamos apostando que vai se tornar um destino", projeta.
 

Um pedaço da Serra em meio à movimentada avenida Assis Brasil

A ideia é trabalhar exclusivamente com agroindústrias familiares

Bem no meio da Assis Brasil, no número 3.738, uma das avenidas mais movimentadas de Porto Alegre, uma loja se destaca das demais. Em vez de roupas, artigos de preço único e soluções de crédito, como é comum na região do bairro Lindóia, o negócio foca em produtos coloniais, exclusivamente vindos da serra gaúcha. A ideia é ser, também, um mercado de bairro para quem gosta de valorizar a produção familiar do Estado.
A escolha da Zona Norte se deu pela carência por esse tipo de comércio, observada pelo casal Alexandra Deitos Laborde, 40 anos, e Lucas Laborde, 46. A dupla, que nasceu em Santo Ângelo, nas Missões, sempre gostou de pegar a estrada em busca dos sabores do Interior e garimpar relíquias gastronômicas.
"Queremos fomentar a agroindústria, trazer para a Capital a experiência não só de Bento Gonçalves e Caxias do Sul, mas de destinos como Otávio Rocha", exemplifica Alexandra, que trabalhou por 18 anos no banco Itaú.
Quando chegou a pandemia e o desligamento do emprego, o hobby de subir a Serra ganhou outro significado. Alexandra se deu conta que, estando na Capital, se quisesse adquirir determinados itens que encontrava em suas viagens, tinha que ir até o bairro Bom Fim ou ao Mercado Público. Bastou para a ideia virar um plano profissional. Em meio ao caos gerado pela elevação de casos de Covid-19, eles criaram coragem e abriram a Delizia.
O empreendimento virou, inclusive, refúgio para Lucas, que trabalha como técnico de enfermagem no Hospital Conceição à noite.
Um dos itens mais procurados da loja é a mostarda com mel e pimenta, da marca Sapore Divino, de Encantado, cuja embalagem de 180g é vendida por R$ 13,50. O kit de capeletti e pote de brodo (caldo), que custa cerca de R$ 40,00 e serve três pessoas, também é um dos favoritos. Além disso, há garrafões de vinho, cerveja artesanal, caponatas, geleias, queijos, salames e por aí vai.
Como Alexandra e Lucas sabem que não podem concorrer com as grandes redes de supermercado, a aposta é, justamente, ser um local que venda apenas "o que é nosso", feito por famílias do Rio Grande do Sul. "A intenção não é só vender um produto, mas contar a história", descreve a empreendedora.