Com o avanço acelerado da Inteligência Artificial, confesso que me vi diante de uma pergunta inquietante: até onde isso vai nos levar? Mais especificamente, como engenheiro, comecei a questionar se ainda haveria espaço para o nosso ofício num mundo cada vez mais dominado por algoritmos, softwares generativos e soluções automatizadas. Seria esse o fim da criação como a conhecemos?
Foi então que me lembrei de uma frase que sempre admirei, dita pelo publicitário Nizan Guanaes: "onde estiver todo mundo indo, não vá. Quando o mundo faz 'zigue', faça 'zague'". E foi nesse espírito que escolhi meu caminho. Em vez de correr atrás do que todos estão perseguindo, decidi reforçar aquilo que sempre foi o diferencial do meu trabalho: a Inteligência Humana.
No Casa Living, braço criativo do Grupo Casa, sempre acreditei que arquitetura e engenharia são, antes de tudo, exercícios de empatia, escuta e imaginação. A tecnologia pode até ser uma aliada, mas a criação - aquela que toca, que surpreende, que emociona - nasce de pessoas, não de máquinas. Por isso, pedi ao nosso departamento de marketing que desenvolvesse um selo que representasse esse valor. Assim, nasceu o selo Inteligência Humana, que agora acompanha todas as apresentações dos nossos projetos.
Sempre fui apaixonado por desenhar. Meu traço à mão livre tornou-se, ao longo do tempo, uma marca registrada, a ponto de muitos clientes se encantarem mais pelas pranchas desenhadas do que pelos renders hiper-realistas. Mas a verdade é que o desenho é só a superfície. O que realmente importa é o pensamento por trás dele, o ato de criar com intenção, com alma, com presença.
Desenhar à mão não é um gesto nostálgico - é um método. Antes de abrir qualquer software, risco o papel com lápis. É nesse gesto que minha mente desperta por completo, que as ideias surgem com autenticidade e os projetos ganham identidade. É o momento em que engenharia encontra poesia. E é justamente isso que o selo Inteligência Humana quer sinalizar: que ali houve alguém pensando, sentindo, criando para alguém. Que ali existe uma história única, e não uma repetição de padrões.
Essa valorização do feito à mão vem ganhando espaço também em mercados como a moda, o design e a arte. Em tempos em que tudo tende à padronização, o toque humano virou luxo. E é esse luxo que oferecemos em cada trabalho. Não se trata de rejeitar o futuro, mas de reafirmar o que não pode ser substituído: o olhar sensível, o gesto criativo, a escuta atenta.
