Cacau Chaves, Diretora de flow do Rebu

É necessário ampliar a presença de lideranças femininas para agregar diferentes formas de pensamentos, além de estimular a inclusão

Mercado de criação evolui, mas ainda precisa dar mais espaço às mulheres

Cacau Chaves, Diretora de flow do Rebu

É necessário ampliar a presença de lideranças femininas para agregar diferentes formas de pensamentos, além de estimular a inclusão

O ano de 2023 é o prazo estabelecido por muitas companhias como a data máxima para que aumentem significativamente o número de mulheres em cargos executivos e atinjam metas que, por muitos anos, não tinham prazo para bater. Uma pesquisa feita pela consultoria de Recursos Humanos ManpowerGroup ouviu 39 mil pessoas em 40 países e concluiu que 47% das organizações estabeleceu 2022 como o ano-chave para trazer mais mulheres para o topo. E 35% têm meta até 2023 para mudar o equilíbrio entre os gêneros no topo da pirâmide.
No Brasil, 37% das empresas têm programas internos de desenvolvimento feminino, segundo o levantamento. Eu vejo uma evolução em andamento no mercado, mas ainda é tímida. Antes, as mulheres tinham apenas cargos de atendimento e toda a parte estratégica e de criação ficava a cargo, na maioria das vezes, dos homens. Ainda precisamos evoluir muito, ter mais mulheres em cargos de liderança, líderes de design, de projetos, de estratégia, diretoras e com poder de decisão real, principalmente mulheres negras.
Em 2020, um levantamento da More Grls, startup de impacto social que visa aumentar o número, o valor e a visibilidade das mulheres criativas nas áreas de publicidade, conteúdo e design, mostrou que a área de criação em agências possuía apenas 25% de braços femininos. Já os homens ocupavam 75% dos cargos de chefia na criação. A título de comparação, quando são consideradas as áreas de negócios e atendimento, a porcentagem sobe para 69%. Quando falamos sobre mulheres negras, a partir da análise de informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e de dados do IBGE coletados entre os anos de 2010 e 2022, o estudo mostra que no segundo trimestre deste ano, por exemplo, o trabalho da mulher negra representou 46% dos ganhos dos homens brancos. Em 1998, por exemplo, esse percentual era de 40%.
Acho que o principal desafio é entender que os esforços de uma mulher são notoriamente mais altos que os de qualquer homem. Além de todos os desafios pessoais, ainda existem os desafios na educação e especialização, muitas mulheres conciliam tudo para crescer profissionalmente com muito custo e abdicação. Então, os direitos femininos deveriam ser prioridade para o Estado e para as empresas para que mais mulheres tenham tempo e liberdade para crescerem no mesmo ritmo que os homens. Além de oportunidades, claro!
Os empregadores precisam entender que, antes de mais nada, mulheres e homens têm as mesmas habilidades para os cargos que lhes competem. Depois disso, existe também o entendimento do direito da mulher-mãe. É comprovado a qualidade de entrega e demanda, mas ainda existem muitos preconceitos com profissionais que são mães. Então, garantir a presença e cargos de lideranças para mães é essencial. Uma empresa acolhedora e com estímulos de crescimento intelectual e salarial equivalente aos homens, com certeza amplia a presença de liderança feminina. Aqui, também estou incluindo as mulheres trans, que, tanto quanto mulheres cis, precisam ser representadas em todos os níveis das organizações.
 
ETHEL BRAGA/DIVULGAÇÃO/JC
Cacau Chaves, diretora de flow do Rebu
Cacau Chaves, Diretora de flow do Rebu

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