Lucilene Athaide

“É preciso ser uma profissional full time, é 150% de dedicação”, explica Ana Paula Xongani, 27, sobre o atual momento da Xongani Moda Afro. O ateliê da microempreendedora, localizado na periferia de São Paulo, ganhou visibilidade nacional através das personagens da novela do horário nobre: as peças da marca foram parar nos camarins da Rede Globo, aumentando as vendas no site da loja em cerca de 30%.

A Xongani é uma marca especializada em moda étnica. Os preços dos turbantes, roupas e acessórios comercializados variam em uma média de R$ 8 a R$ 280. Com a proposta de empoderar mulheres através do vestuário africano, Ana e sua mãe, Cristina, 58, montaram um negócio inicialmente no quintal de casa. A dedicação foi tanta que hoje elas já vendem produtos para vários lugares do País e, inclusive, para o exterior.

Os camarins da Globo surgiram na vida delas por acaso. Ana conta que a descoberta da emissora ocorreu pela divulgação informal das consumidoras da Xongani. Cristina e Ana confeccionaram, em 2012, um vestido de noiva com a temática afro a pedido de uma cliente apaixonada pela marca.

Em seguida, confeccionaram uma peça semelhante para o casamento da filha do sambista Martinho da Vila. Com a visibilidade que os vestidos ganharam, a Xongani logo foi pauta em uma matéria da consultora de moda Glória Kalil e, depois disso, a marca ainda foi notícia em um programa de TV. Assim, aos pouquinhos, caiu nas graças da atriz mirim, Sabrina Nonata, que vive a pequena Júlia na novela Babilônia.

“Dentro da Globo foi a Sabrina quem apresentou nossos produtos. Ela ia gravar usando Xongani. A Sheron Menezes se interessou e passou a usar também”, conta Ana.

De acordo com a microempreendedora, as atrizes tiveram liberdade para sugerir estes produtos aos figurinistas, que aprovaram. Contudo, ela explica que não há uma parceria entre a Xongani e a emissora. “Se os produtos foram parar nos camarins foi por vontade das atrizes. Nosso retorno é a visibilidade que ganhamos com as peças. Quem não quer usar o que as atrizes da novela estão usando?”.

A exposição em rede nacional tem ajudado a alavancar as vendas no site da marca. Houve, desde a primeira aparição de um artigo Xongani na novela das nove, uma procura maior pelos itens. “Tem até gente do exterior querendo usar o que a Sheron Menezes usa, o site não para.”

Para o futuro, além de continuarem famosas nos bastidores da telinha, mãe e filha planejam consolidar-se ainda mais no mercado da moda étnica. Elas concluirão a sociedade no final deste ano, deixando de ser Microempreendedoras Individuais (MEIs) para formarem uma empresa. De antemão, elas deixam claro que o ateliê não sairá da periferia de São Paulo. “Queremos trabalhar em um lugar onde a gente se identifica, em respeito a quem sempre comprou Xongani muito antes das peças aparecerem na televisão”, afirma Ana Paula.