Do interior do Rio Grande do Sul para o cenário científico internacional, a professora Helen Treichel, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), construiu uma trajetória marcada pela busca por soluções que unem inovação, ciência e compromisso ambiental. Reconhecida no ranking World’s Top 2% Scientists, da Universidade de Stanford, que destaca os pesquisadores mais influentes do mundo, ela é referência no desenvolvimento de tecnologias verdes voltadas ao aproveitamento integral de matérias-primas agropecuárias e outros insumos, gerando bioprodutos capazes de transformar cadeias produtivas.
Ao longo da carreira, Helen acumulou três centenas de artigos científicos, dezenas de textos técnicos e patentes registradas, consolidando um portfólio que vai muito além dos números. Sua atuação se concentra em pesquisas com viés de biorrefinaria, conceito que propõe o aproveitamento total das matérias-primas, reduzindo desperdícios e gerando novos produtos de valor agregado, como bioinsumos, bioherbicidas e biocombustíveis. Essas soluções têm potencial para impulsionar o setor agropecuário do Rio Grande do Sul, ao mesmo tempo, em que contribuem para metas globais de preservação ambiental e para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A biorrefinaria, explica a pesquisadora, é uma espécie de “equivalente verde” das refinarias tradicionais, mas voltada para matérias-primas de origem renovável. Em vez de extrair apenas um produto principal, o processo busca utilizar cada fração do recurso, transformando subprodutos em insumos úteis e reduzindo a geração de resíduos. Na prática, isso significa que resíduos de culturas agrícolas ou da produção animal podem se tornar fertilizantes biológicos, defensivos naturais ou combustíveis limpos, gerando novas fontes de renda para produtores e indústrias. Esse modelo, além de reduzir a dependência de insumos químicos e combustíveis fósseis, fortalece cadeias produtivas regionais e abre espaço para negócios sustentáveis.
A conexão entre ciência e campo é um dos diferenciais do trabalho conduzido por Helen. Boa parte das pesquisas nasce de demandas reais do agronegócio e de comunidades produtoras, criando soluções adaptadas à realidade local. “Não basta desenvolver uma tecnologia inovadora, ela precisa ser economicamente viável e fácil de ser incorporada no dia a dia de quem produz”, destaca a professora. Essa perspectiva aproxima o universo acadêmico do setor produtivo e contribui para que resultados saiam do laboratório para o mercado.
O reconhecimento internacional veio não apenas pela quantidade de publicações, mas pelo impacto das pesquisas no meio científico e produtivo. O ranking de Stanford considera citações, relevância dos estudos e colaboração com outras instituições. No caso de Helen, sua produção se espalha por diversas áreas de aplicação, envolvendo desde química verde até biotecnologia aplicada. Essa amplitude reflete o papel estratégico que a ciência pode desempenhar diante de desafios como a crise climática, a necessidade de produção de alimentos de forma sustentável e a transição energética.
Para o Rio Grande do Sul, pesquisas como as conduzidas pela professora representam oportunidades concretas de inovação. A produção agropecuária, que é uma das bases da economia gaúcha, enfrenta pressões crescentes para reduzir seu impacto ambiental e se adaptar a novas exigências de mercado, incluindo certificações verdes e rastreabilidade. Tecnologias de biorrefinaria e bioprodutos podem se tornar aliadas importantes nesse processo, permitindo que o Estado se destaque como produtor competitivo e sustentável. Ao unir pesquisa de ponta, aplicação prática e impacto socioeconômico, Helen Treichel reforça a ideia de que a preservação ambiental e o crescimento econômico não são caminhos opostos, mas complementares.