Publicada em 01 de Setembro de 2023 às 00:05

O agro é das gurias

Carine Lemes e Ariana Sachett ocupam cargos de liderança na fabricante de máquinas Massey Ferguson

Carine Lemes e Ariana Sachett ocupam cargos de liderança na fabricante de máquinas Massey Ferguson


/IVO GONÇALVES/JC
A 46ª Expointer é a mais feminina de todas e o protagonismo delas começa pela primeira mulher na história da feira a ocupar o cargo de subsecretária do Parque de Exposições Assis Brasil. A bióloga e pecuarista Elizabeth Cirne Lima aceitou o desafio e, pelo segundo ano consecutivo, foi responsável pela organização da mostra.
A 46ª Expointer é a mais feminina de todas e o protagonismo delas começa pela primeira mulher na história da feira a ocupar o cargo de subsecretária do Parque de Exposições Assis Brasil. A bióloga e pecuarista Elizabeth Cirne Lima aceitou o desafio e, pelo segundo ano consecutivo, foi responsável pela organização da mostra.
Mas não é só o Parque Assis Brasil que está sob o comando de uma mulher: a tomada de decisões e a chancela final sobre medidas relativas à sanidade animal no Estado estão sob a tutela feminina. A médica-veterinária Rosane Collares, diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, orquestrou todo o trabalho de contenção do foco de Influenza Aviária, identificado na lagoa Mangueira, em Rio Grande.
"Foi uma força tarefa enorme, desde a descoberta do foco, quando ainda não havia certeza sobre o diagnóstico, mas mesmo assim fomos para Rio Grande, totalmente preparados para ser Influenza e, mesmo que não fosse, a ideia era revisar e reforçar a vigilância", informa. Rosane conta que, desde o início da carreira, encara situações graves de emergência sanitária, como foi o caso de Joia. "Comecei minha carreira na Secretaria em 2000, o ano terrível de Febre Aftosa no Estado, meu primeiro grande desafio", relembra Rosane.
O setor de máquinas agrícolas também está sendo dominado pelas mulheres. É o caso da gerente e coordenadora de vendas da Massey Ferguson, Carine Lemes, que entrou na empresa em 2013, como operadora de caixa. "Naquela época, era ainda mais difícil. De lá para cá, fui promovida, a sociedade mudou um pouco, mas até hoje os clientes chegam na loja querendo falar com o gerente e se surpreendem quando percebem que é uma gerente mulher", diz Carine. Ela conta que coordena uma equipe majoritariamente masculina, com três homens e uma mulher e atende um público quase todo formado por homens também. "Estamos sempre num esforço de nos impormos sem ser agressivas, para sermos respeitadas no trabalho", diz a executiva que tem graduação em Ciências Contábeis e pós-graduação em Finanças. A gerente financeira da Massey Ferguson, Ariana Sachett, observa que, cada vez mais, tem aumentado a clientela feminina, pois em muitas propriedades é a mulher quem decide. "Mesmo que seja o homem que está fechando o negócio, é e mulher que bate o martelo", diz Ariana, que é economista, com mestrado em Administração e tem MBA em Desenvolvimento Sustentável. "É justamente essa formação que eu acho que me ajuda no momento de me posicionar. Eu ganhei essa confiança pelo profissionalismo e embasamento técnico." Ela conta que hoje 60% da sua equipe é feminina.
O trabalho com recria de novilhas na bovinocultura de corte rendeu o prêmio Elas no Agro à médica-veterinária Ana Paula Ferigollo, de Frederico Westphalen. O troféu entregue na quarta-feira pela Federasul destaca a liderança feminina no setor agropecuário. "É um marco muito importante da minha carreira porque mostrou a importância, e me sinto muito feliz em estar aqui representando as mulheres", disse a pecuarista. O trabalho dela consiste em receber novilhas de produtores, fazer todo sistema de recria desses animais e entregá-los de volta aos criadores. "Muitos produtores visitam o centro de recria e se inspiravam no nosso modelo de criação e acabam levando para dentro das suas fazendas." Ela conta que é filha de agricultores e que sempre quis trabalhar com gado leiteiro. No entanto, o tamanho da propriedade não comportava esse tipo de criação. "Foi daí que surgiu a ideia de fazer a recria. Na nossa região, as propriedades são pequenas e nos limita a produção. Então, fica bem interessante essa questão de terceirizar essa parte."
O protagonismo feminino também está no Pavilhão da Agricultura Familiar, pois das 372 agroindústrias inscritas, 148 são comandadas por mulheres. Entre essas lideranças femininas, está a microempresária da Mar-Telinho Pescados, do município de Mostardas, Yanka Maria de Souza Rosa, que gerencia toda a parte administrativa da peixaria.
"Meu marido pesca e eu faço toda a parte de processamento, limpeza do pescado, filetamento, a prospecção de mercado e os contatos com clientes", conta. Pela primeira vez na Expointer, ela conta que também costumava pescar, mas que após o nascimento dos filhos precisou parar. "A pesca é uma tradição na família do meu marido, tanto no mar quanto na lagoa. Mas resolvi ficar na parte administrativa."
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