Publicada em 29 de Agosto de 2022 às 21:17

Leite não deve reduzir patamar de preços, avalia Sindilat

Ordenha Leite

Ordenha Leite


Tania Meinerz
Diego Nuñez
O novo vilão da inflação continuará não deixando barato para as famílias brasileiras. Nos últimos meses, o leite alcançou patamares de preços nunca antes vistos e passou a ser um item de peso na cesta básica. Hoje, com pouco produto disponível, o setor deve recuperar estoques a partir de novembro, principalmente pelas safras de Minas Gerais e Goiás. O rebalanceamento de oferta, porém, não será suficiente para reduzir o valor no varejo.
O novo vilão da inflação continuará não deixando barato para as famílias brasileiras. Nos últimos meses, o leite alcançou patamares de preços nunca antes vistos e passou a ser um item de peso na cesta básica. Hoje, com pouco produto disponível, o setor deve recuperar estoques a partir de novembro, principalmente pelas safras de Minas Gerais e Goiás. O rebalanceamento de oferta, porém, não será suficiente para reduzir o valor no varejo.
"Eu entendo que o patamar (do preço do leite) é outro. Se efetivamente nós voltássemos ao patamar de 2021, seria bastante preocupante (para o setor). Temos que ter esse cuidado, apesar de saber que ao consumidor é importante ter uma questão de preços acessíveis. Sabemos efetivamente que o leite de caixinha, o leite em pó, o queijo mozarela ou lanche são produtos de consumo de massa e no momento que aumenta o consumidor tem que fazer algumas escolhas", afirma Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat).
Segundo ele, o aumento observado representa perdas sofridas pelo setor ao longo de 2020 e 2021 com o aumento acentuado dos custos de produção na cadeia leiteira. Outro fator que compensou para a alta observada durante o ano foi a impossibilidade de complementar o estoque interno com importação de matéria prima da Argentina e do Uruguai.
"O ano de 2021 foi muito difícil para indústria e produtores. Em 2020, durante a pandemia, foi de total incerteza. Na época, o setor leiteiro e de derivados foi um dos únicos que não repassou. O ano de 2022 iniciou de maneira ruim, inclusive com o abandono de algumas prioridades de leite. A situação foi agravada também pela estiagem. Em outros anos, o período de entressafra foi abafado pela disponibilidade de leite em pó da Argentina e do Uruguai. Esse ano, empresas como as de chocolate foram buscar e não tinha produto disponível por causa da estiagem. Então, o setor teve que repassar preços", explica Palharini.
O que pode ocorrer a partir de novembro, com a reposição de estoque da produção de Minas Gerais e Goiás, é haver uma estabilização. Isso significa que, mesmo não ficando mais barato, o leite ao menos não deve ficar ainda mais caro.
"O mercado deve passar por uma acomodação. Em novembro começa a safra de Minas Gerais e Goiás, que responde por 60% da produção nacional. O setor de leite ainda consegue ter um aumento de oferta muito mais rápido do que outros setores", prevê o secretário executivo da entidade.
Com a disparada nos preços, começaram a surgir no varejo diversos produtos alternativos que pretenderam substituir o leite na cesta básica da população, principalmente com alvo nas classes de baixa renda. São produtos à base de soro, um subproduto da fabricação de queijo, que leva embalagens muito parecidas com as de itens que levam leite em sua composição. A questão preocupa o Sindilat.
"Existe espaço no mercado para todos. São nichos. Mas nossa indústria tem uma responsabilidade muito grande de manter as famílias e pensar nas crianças. Nós defendemos que se tenha uma norma específica para esses produtos. O consumidor não pode ser enganado. Ele tem que saber o que, de fato, tem no produto. Queijo que não é de vaca não pode ser queijo. Leite a mesma coisa. Se é um suco, um preparo, uma mistura, precisa ter o nome correto para esses produtos para que o consumidor tenha clareza no que está consumindo", afirma o vice-presidente do sindicato, Alexandre Guerra.
Mesmo com baixa oferta interna, o setor busca alternativas de exportação para equilibrar as contas das famílias produtoras. Diferentemente de setores agro, como os de grão e proteína animal, o segmento de leite não movimenta grandes volumes de venda externa. O foco nesta área é em produtos que tenham qualidade, com valor agregado e que não está preso à commodity.
"Estamos como um país ainda de balança importadora. Mas, ao mesmo tempo, sempre buscamos mercado externo pois há outros países com necessidade de serem importadores. Trabalhamos em cima disso. O Brasil exporta para mais de 50 países, mas em volumes menores", aponta.
 
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