A Casa do Jornal do Comércio na Expointer recebeu, na tarde desta sexta-feira, o diretor da Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul, Ismael Pereira, e o diretor-executivo do Instituto Boreal, Iurqui Pinheiro. A visita foi marcada pela apresentação da nova instituição, que nasce no Estado com foco em desenvolvimento e ações humanitárias, e pelo balanço das atividades recentes da Cruz Vermelha, especialmente diante do histórico de desastres enfrentados pelos gaúchos nos últimos anos. Ambos foram recebidos pelo presidente do JC, Giovanni Tumelero, e pelo diretor-comercial, Guilherme Bunse.
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Pereira lembrou que, desde 2020, o Rio Grande do Sul sofreu ao menos um grande desastre por ano, atingindo mais de 80% do território. Entre pandemia, secas, epidemia de dengue, ondas de calor e enchentes, o cenário revela a necessidade de uma gestão mais estruturada. “A gente precisa mudar o paradigma e avançar para um modelo de prevenção, preparação e mitigação, além da resposta emergencial”, destacou.
Nesse sentido, a Cruz Vermelha pretende implementar no Brasil um programa internacional de ações antecipatórias. A proposta é agir no intervalo entre os alertas meteorológicos e o impacto do evento, antecipando medidas que costumam ser tomadas apenas depois do desastre.
“Se sabemos com antecedência que uma comunidade rural será atingida, podemos repassar recursos para que famílias levem seus animais a locais seguros. Isso garante a subsistência e evita que tenham de recomeçar do zero”, exemplificou. Segundo ele, cada dólar investido nessas ações economiza três dólares que seriam gastos na resposta posterior.
Em 2024, a Cruz Vermelha mobilizou 1,3 milhão de quilos de mantimentos, convertidos em 130 mil entregas de cestas básicas, kits de higiene e limpeza. O alcance foi de aproximadamente 450 mil pessoas. Também foram instalados pontos de saúde em Canoas, com 18 mil atendimentos, e oferecido apoio em saúde mental para 3 mil pessoas. Outra frente foi a recuperação integral em Marques de Souza, com transferências monetárias a 580 famílias rurais e fortalecimento da assistência social local. “A Cruz Vermelha é um bom sócio para governos e também para o setor privado, porque além da expertise, atrai investidores e atenção internacional”, afirmou Ismael.
O trabalho agora se soma ao Instituto Boreal, apresentado oficialmente durante a visita. A organização nasce no Rio Grande do Sul, mas com vocação global. “Vivemos um mundo complexo, de múltiplos desafios. O Boreal surge para atuar em desenvolvimento econômico, tecnológico, social e humano, com especial atenção às mudanças climáticas, prevenção de desastres e reconstrução”, explicou Iurqui Pinheiro.
Entre os projetos, está a criação de um fundo global de resposta, que permitirá acesso rápido a recursos em situações de emergência. “Quando a catástrofe acontece, é difícil captar recursos de imediato. Queremos ter um fundo operante, pronto para ser utilizado em ações emergenciais e estruturais”, destacou Pinheiro. Além disso, o Instituto também atuará em mediação de conflitos e integração econômica de comunidades atingidas, buscando qualificação profissional e geração de renda.
Com a união entre Cruz Vermelha e Instituto Boreal, o objetivo é ampliar a capacidade de resposta do Estado e projetar iniciativas que possam servir de modelo para o restante do País. “O Rio Grande do Sul tem sido um laboratório de enfrentamento a desastres. É daqui que pode nascer uma estratégia inovadora de atuação humanitária para o Brasil”, resumiu Ismael.