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Publicada em 03 de Setembro de 2025 às 17:43

Produção local de biocombustível manterá mais grãos no Estado

Be8, de Erasmo Battistella, inaugura nova planta de processamento de trigo em 2026

Be8, de Erasmo Battistella, inaugura nova planta de processamento de trigo em 2026

DANI BARCELLOS/ESPECIAL/JC
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Thiago Copetti, especial
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Com a ampliação dos investimentos brasileiros e gaúchos na produção de biocombustíveis, diferentes benefícios serão agregados à economia local. Apesar de ampliar a disputa de grãos como milho e soja como fonte de alimentação a aves e suínos, pode haver ganhos até mesmo para estas culturas. E, mais ainda, para a economia e para os cofres públicos.

O maior volume de processamento manterá em solo nacional milhões de toneladas de grãos que ainda hoje são exportados e beneficiados em outros países – onde geram renda, impostos e empregos. Mesmo que a produção de biocombustível possa aumentar a disputa pelo grão entre a indústria e avicultura e a suinocultura, o uso mais eficiente deste insumo permite que sobras do processo retornem aos animais como farelo.
LEIA MAIS: China admite ampliar compra de soja dos EUA e liga alerta no Brasil

Mercado interno aquecido – avalia o secretário estadual da Agricultura, Edevilson Brum – se reflete na possibilita de aumento da área de plantio no Rio Grande do Sul, onde o agro responde por cerca de 40% do PIB. “Isso significa que a partir de novos empreendimentos e com a ampliações da B8, por exemplo, vamos aumentar ainda mais a nossa correlação com a lavoura dentro do PIB”, explica Brum.

Geração de emprego, oportunidade de negócios ainda inexistente e a arrecadação de impostos complementam a lista de ganhos agregados à produção de biocombustíveis no Estado. “Se você colher o equivalente a R$ 1 na lavoura de soja, de trigo, de milho ao final da cadeia isso vai representar R$ 5. É quase um real para um dólar”, compara Brum.

Com o avanço do segmento, ressalta o secretário, o governo gaúcho começa a estruturar programas de apoio ao setor, em necessidades antes inexistentes. Brum explica que o apoio ao desenvolvimento dessa atividade industrial ainda é nova e está sendo mapeado pelo Estado.

As cooperativas Cotrijal (Não-Me-Toque), Cotrisal (Sarandi) e Cotripal (Panambi) deram um passo estratégico para o fortalecimento da cadeia produtiva de grãos no Rio Grande do Sul. As três uniram forças para instalar, no município de Cruz Alta, uma moderna usina de extração de óleo de soja, com previsão de entrada em operação no final de 2027.
Com investimento estimado em R$ 1,25 bilhão, o empreendimento representa não apenas a industrialização da produção, mas também um forte estímulo à expansão e valorização do cultivo de soja no Estado. A usina terá capacidade para processar 3 mil toneladas por dia, o que representa 40% da produção atual das cooperativas envolvidas — volume que tende a crescer com o aumento da demanda local por matéria-prima.
A unidade, formada sob o nome Soli3 (constituída em 2024), terá potencial para beneficiar 1,1 milhão de toneladas de soja por ano, transformando o grão em biodiesel, glicerina, farelo e casca de soja peletizada. Essa diversificação de produtos amplia as possibilidades de mercado e gera valor agregado ao que é produzido no campo, criando um ciclo virtuoso que incentiva o produtor rural a investir ainda mais em produtividade e tecnologia.

Pioneira na produção de biocombustível no Estado, a BE8, de Passo Fundo, mudou o cenário da produção regional de milho e agora é a grande aposta para fomentar também o trigo. Uma nova unidade em construção e com inauguração prevista para o final de 2026 exigirá R$ 1,2 bilhão em aportes e irá gera, além de combustíveis de cereal, uma nova linha de rações.

Mais indústrias de beneficiamento no Estado não significa mais concorrência, mas mais força e desenvolvimento se agirmos em conjunto”, comemora o Erasmo Battistella, fundador e CEO da fabricante de Passo Fundo.

Ao mesmo tempo que projeto processar 1,5 tonelada de trigo e outras culturas, a BE8 começará a comercializar ração animal para o mercado interno e externo. O chamado glúten vital, por exemplo, será exportado para o Chile, onde a produção pesqueira é base da economia.

Um dos diferenciais é que o glúten vital não afunda e, ao boiar, não tem desperdício e pé melhor aproveitado pelos peixes e camarões”, explica Kênia Meneguzzi, executriva da área comercial da BE8.

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