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Publicada em 04 de Setembro de 2025 às 00:25

Como a Inteligência Artificial pode ajudar o seu (agro) negócio

UPF está investindo R$ 2,3 milhões em novo sistema de análise da cadeia leiteira

UPF está investindo R$ 2,3 milhões em novo sistema de análise da cadeia leiteira

/Ricardo Vanzella/Arquivo pessoal/JC
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Thiago Copetti
Produtores rurais, atualmente, gerenciam suas propriedades com mais tecnologia do que grande parte dos gestores de empreendimentos urbanos - e o mesmo começa a ocorrer com a adoção da Inteligência Artificial (IA). E na Expointer, a diversidade de novas aplicações se espalha com equipamentos e softwares baseados em IA para todas as atividades rurais.
Produtores rurais, atualmente, gerenciam suas propriedades com mais tecnologia do que grande parte dos gestores de empreendimentos urbanos - e o mesmo começa a ocorrer com a adoção da Inteligência Artificial (IA). E na Expointer, a diversidade de novas aplicações se espalha com equipamentos e softwares baseados em IA para todas as atividades rurais.
Já batizados como agricultores data driven (orientados por dados), os agropecuaristas podem conhecer no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, desde aplicações com IA para a gestão financeira das propriedades à análise da qualidade do leite, da sanidade animal e do solo. Olhando mais adiante, o uso da tecnologia quântica também passa pelo parque.
Na casa do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-RS) no parque, a UPF apresentou como a IA irá acelerar a análise da qualidade do leite, cruzar dados que indiquem problemas na sanidade das vacas e até deficiências na composição da pastagem. O projeto une os cursos de Agronomia e Ciência da Computação e um investimento de R$ 2,3 milhões em equipamentos, de acordo com o professor Ricardo Zanella, conselheiro do CRMV e um dos coordenadores do projeto.
Com IA teremos resultados de análises mais ágeis e completas para repassarmos ao produtor. A Inteligência Artificial permitirá cruzar dados novos a partir da análise do leite, indicando desde possíveis doenças nos animais até melhorias no cuidado com o solo para gerar pastagem de melhor qualidade”, explica Zanella.
O professor acrescenta que os novos sistemas ajudarão de forma significativa a melhorar a qualidade do rebanho leiteiro do Rio Grande do Sul cruzando informações e análises de vacas e touros reprodutores.
“Com a IA poderemos indicar com ainda mais certeza aquelas vacas que, por exemplo, produzem leite de melhor qualidade, com mais proteínas, mesmo consumindo menos ração e pasto”, ressalta Zanella.
O projeto será consolidado ao longo dos próximos cinco anos. O professor explica que esse tempo é necessário para gerar uma base de dados e informações mais ampla.
“Precisamos de uma série histórica para analisar todos os dados em diferentes anos, períodos e clima. É necessário até mesmo considerar os danos causados ao solo pelas enxurradas de 2024”, pondera Zanella.

Apoio para controle de despesas e receitas
A tecnologia também está sendo inserida para apoiar a gestão financeira do produtor - e, mais ainda, para facilitar os controles de despesas de forma individualizada. Lançado no Expointer, aplicativo da Farmcont lança nos controles do produtor, de forma automática, as notas fiscais separando receitas e despesas, calculando o fluxo de caixa e identificando padrões, como épocas do ano em que os custos são maiores ou quando as vendas costumam ser melhores. Até mesmo em recomendações de crédito e controles tributários o sistema oferece alternativas.
“Unimos o sistema de controle ao WhatsApp, por comando de voz, para tornar os controles financeiros ainda mais simples. Mesmo a aquisição de diesel, uma compra única, pode ser compartimentada em seu custo por cultura, de forma automatizada. Se o produtor tiver que parar para dividir o valor a cada aquisição, ele não fará”, avalia Bruno.

Computação quântica trará mais precisão, velocidade e funcionalidades
O futuro da IA também integra a programação da Expointer, com o painel Do campo ao qubit: como as tecnologias quânticas irão transformar o agro brasileiro. Assessor consultivo da diretoria do Banrisul e um dos palestrantes do evento, Jorge Krug explica que a computação quântica permite que a operação de um número maior de cálculos simultaneamente e de forma ainda mais rápida.
“Imagine que um computador comum é como um agricultor plantando sementes uma por uma, em linha, até terminar todo o campo. Ele faz o trabalho bem, mas leva tempo. Na computação quântica, é como ter um time enorme de agricultores plantando todas as sementes ao mesmo tempo, cada um cuidando de um pedaço diferente do campo. Ela consegue fazer muitas coisas de uma só vez”, explica Krug.
Essa agilidade permite atender complexidades específicas do agro e maior cruzamento de dados, segundo o executivo. Isso inclui soluções para melhoramento genético, produção de sementes mais resistentes a diferentes pragas e as operações das máquinas diretamente no campo, como operações IOT (Internet of Things, ou Internet das Coisas).
“Estamos falando de soluções hiper precisas em questões de solo, por exemplo, com medição em tempo real, de nutrientes, PH, salinidade e tudo que envolve esse processo, mapeamento geofísico. Vamos avançar, ainda, para a detecção de aquíferos subterrâneos, prever erosão e nos antecipar a grandes eventos climáticos”, complementa Krug.

O que é computação quântica?
É um tipo novo e revolucionário de computação que usa as leis da física quântica — a ciência que estuda o comportamento das partículas muito pequenas, como elétrons e fótons. Essas partículas se comportam de maneira bem diferente do que o mundo está acostumado a ver.
Nos computadores tradicionais, toda informação é processada em bits, que podem ser 0 ou 1, como um interruptor que está desligado ou ligado. Já na computação quântica, são usado os qubits. Eles podem ser 0, 1 ou os dois ao mesmo tempo, graças a uma propriedade chamada superposição. Isso permite que os computadores quânticos façam vários cálculos simultaneamente.

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