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Publicada em 29 de Agosto de 2025 às 00:05

Bancos mantêm otimismo para Expointer, apesar do endividamento dos produtores

Instituições financeiras buscam estimular investimentos em tecnologia e renovação de frota na Expointer

Instituições financeiras buscam estimular investimentos em tecnologia e renovação de frota na Expointer

/ALINA SOUZA/ARQUIVO/JC
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Ana Esteves
Ana Esteves, especial para o JC
Ana Esteves, especial para o JC
Mesmo diante de um cenário de forte endividamento no campo, com produtores ainda em processo de renegociação de dívidas e dificuldade de acesso a novas linhas de financiamento,  os bancos mantêm o otimismo quanto à tomada de crédito por parte dos produtores, durante a 48ª Expointer, especialmente para aproveitar as condições favoráveis das empresas de máquinas agrícolas. A oferta de linhas de crédito será bem expressiva e, mais uma vez, uma aposta na mostra como a espaço estratégico para as instituições financeiras que buscam estimular investimentos em tecnologia e renovação de frota. O gerente de mercado de agronegócios da superintendência de varejo do Bando do Brasil, Daniel Scherer, afirma que o cenário do agro é complexo, pelo endividamento, pelos altos custos de produção e pelo contexto do mercado externo. “Há um descompasso entre os custos de produção e a renda dos produtores, agravada por essas condições de mercado que faz as margens ficarem mais ajustadas”, afirma.
Mas, segundo Scherer, para os produtores que apresentarem alguma margem negativa que comprometa a capacidade de pagamento, o banco procura, dentro do manual de crédito rural, trabalhar as possibilidades, seja de uma restruturação das operações, seja dentro de uma prorrogação. “Para que o produtor não perca as oportunidades de negócios, durante a Expointer”, diz.
Segundo Scherer, o Banco do Brasil não divulga o volume de recursos que é alocado para a Expointer, mas que terá valores específicos destinados para a feira, utilizados exclusivamente para propostas que são feitas durante a mostra. “Para a agricultura familiar serão as linhas do Pronaf (Máquinas, Caminhonetes, Mais Alimentos e Matrizes). Para a agricultura empresarial serão Moderfrota Pronamp, Moderagro, Renovagro, Proirriga, PCA, que seria uma linha destinada para armazenamento de grãos e armazenamento em geral”, detalha o gerente. 
O presidente de Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, diz que a cooperativa irá preparada para atender às necessidades que surgirem e que não costuma estabelecer um montante para crédito na feira. “A carteira do Sicredi está plenamente disponível, operamos dentro de todas as linhas de crédito de forma ilimitada. Fomos muito bem atendidos pelo Plano Safra estamos com bastante recursos disponíveis, tanto para custeio como para investimento”, afirma Port. Sobre o cenário do endividamento, o executivo disse que em relação ao custeio, a grande maioria dos associados liquidou as operações, pois nessa modalidade há seguro do Proagro, que também se encarrega por liquidar, permitindo que o produtor contratasse o Plano Safra que está em vigor. “Até porque o produtor tem que plantar, e se ele tem uma operação de investimento para honrar, ele precisa girar, plantar de novo para não piorar a situação”, pondera Port. Sobre os investimentos, o executivo afirma ter diferenças conforme a região do Estado, com localidades onde mais de 90% operações foram liquidadas, um percentual considerado ótimo, num cenário de estiagem. “E temos outras regiões, onde eventualmente as pessoas não conseguiram honrar nesses mesmos percentuais. Temos atuado em prorrogações dentro dos limites que conseguimos”. 
Para o presidente do Banrisul, Fernando Lemos, a comercialização nesta edição da Expointer, deve “andar mais devagar”, em função do endividamento dos produtores. “Muitos ainda pendentes com algumas dívidas, fizeram muitos investimentos nos anos passados, máquinas novas. Não é um momento bom”, analisa. O executivo destacou também o problema da alta dos juros, mas ponderou que diante da melhora na economia essa tendência deva retroceder. “Aparentemente, a economia começou a reduzir a inflação e a tendência é de os juros também baixarem. Então quem puder aguardar para investir, fará”, disse Lemos. O potencial da Expointer como facilitadora de negócios deve funcionar como incentivo para os produtores irem a Esteio, conhecerem as tendências, mas deixarem para fechar negócio no pós-feira. “Ali é onde o produtor conhece as novas tecnologias e começa a pensar, a conversar com os bancos. A máquina agrícola é muito cara, não pode ser uma compra de impulso. Mas não temos dúvida de que será uma grande Expointer”, acrescenta, Lemos. Sobre o volume de recursos disponíveis durante a feira, Lemos, afirma que as carteiras estão abertas e que toda demanda por crédito será avaliada. 

BRDE terá R$ 500 milhões para financiamentos e o foco são projetos de sustentabilidade

Volume do recurso disponível será ampliado caso haja demanda

Volume do recurso disponível será ampliado caso haja demanda

/ALINA SOUZA/ARQUIVO/JC
Com foco em projetos voltados à sustentabilidade na cadeia do agronegócio, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) terá R$ 500 milhões para novos financiamentos ao longo da 48ª edição da Expointer. O volume de recurso disponibilizado será ampliado caso haja demanda maior durante a feira, a exemplo da edição passada, quando o banco fechou com uma marca histórica de R$ 647,6 milhões em novos negócios.
Além dos investimentos tradicionais, destinados à aquisição de máquinas, aumento da capacidade de armazenagem e agroindústrias, as linhas de crédito que o banco levará para a Expointer deste ano terão um olhar mais próximo aos projetos com impacto positivo na transição climática. "É possível ampliar a produtividade no campo com responsabilidade ambiental e o produtor e as empresas do setor vêm trabalhando neste sentido. A busca por um agro cada mais sustentável é estratégico para a economia gaúcha", frisa o diretor-presidente do BRDE, Ranolfo Vieira Júnior. 
Com esta visão, o objetivo é ampliar o apoio para investimentos na geração de energia com fontes renováveis, irrigação, na correção de solos, recuperação de pastagens e de integração lavoura-pecuária. Ao longo do ano passado, quando o BRDE se aproximou dos R$ 6 bilhões em novos investimentos na região Sul, o agronegócio respondeu por mais de R$ 2,8 bilhões do volume financiado. A geração de energia limpa igualmente vem crescendo na carteira do banco. No último ano, foram R$ 325 milhões para a implantação de pequenas hidrelétricas, usinas de energia solar e de biomassa.

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