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Publicada em 29 de Agosto de 2025 às 00:05

Expointer 2025 bate recorde de animais e destaca força da pecuária

Número de animais de argola cresceu 47,69%, fortalecendo o peso da genética de ponta na mostra de Esteio

Número de animais de argola cresceu 47,69%, fortalecendo o peso da genética de ponta na mostra de Esteio

ALINA SOUZA/ESPECIAL/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
A 48ª Expointer, que ocorre de 30 de agosto a 7 de setembro no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, terá a maior participação de animais da última década. Estão inscritos 6.696 exemplares, somando 5.107 de argola, que participam de julgamentos morfológicos, e 1.589 rústicos, voltados a provas funcionais, vendas e leilões. O número representa uma alta de 39,44% em relação a 2024, um crescimento que reforça a vitalidade da pecuária num momento em que a agricultura atravessa dificuldades.
A 48ª Expointer, que ocorre de 30 de agosto a 7 de setembro no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, terá a maior participação de animais da última década. Estão inscritos 6.696 exemplares, somando 5.107 de argola, que participam de julgamentos morfológicos, e 1.589 rústicos, voltados a provas funcionais, vendas e leilões. O número representa uma alta de 39,44% em relação a 2024, um crescimento que reforça a vitalidade da pecuária num momento em que a agricultura atravessa dificuldades.
O salto mais expressivo veio das inscrições de animais de argola, com expansão de 47,69%, enquanto os rústicos cresceram 18,2%. O retorno das aves e pássaros, ausentes nas duas últimas edições em função da gripe aviária e da doença de Newcastle, explica parte desse avanço. Mas, mesmo desconsiderando essa categoria, a feira registra um incremento robusto de 20,18% em relação ao ano passado, consolidando-se como a maior vitrine do setor pecuário da América Latina.
Neste ano teremos 133 raças inscritas, contra 89 no ano passado. É uma demonstração da confiança do produtor na Expointer”, destaca o comissário-geral do evento, Fábio Charão.
Ele lembra que os campeonatos de pista elevam a valorização dos animais: “Quando um exemplar conquista o título de grande campeão, o valor pode triplicar ou quadruplicar, o que impacta toda a genética da propriedade.”
A diversidade também impressiona. Bovinos, ovinos, equinos, bubalinos, caprinos, aves, coelhos, chinchilas e até pássaros estarão presentes. Entre as novidades, a edição de 2025 marca a estreia da raça Murciana, de caprinos leiteiros de origem espanhola, e dos bovinos de corte Greyman, desenvolvidos na Austrália a partir do cruzamento de Murray Grey com zebuínos Nelore e Brahman. Outra novidade é a volta da raça de equinos Anglo-Árabe.
Entre os destaques de participação, estão os ovinos, que chegam a 997 exemplares, maior número desde 2009, e os pôneis, com 217 animais, que terão exposição nacional dentro da feira. Nos bovinos de corte, chama atenção o crescimento de 65% nas inscrições de Hereford e Braford rústicos. Já entre os equinos, os Crioulos mantêm a liderança, com 436 inscritos. Até mesmo os coelhos tiveram salto expressivo, de 70%, impulsionados pela feira de filhotes.
O vigor da Expointer reflete um movimento que vai além dos portões do parque. Com a sequência de perdas nas lavouras de grãos e o endividamento crescente do setor agrícola, a pecuária volta a ganhar centralidade na economia das propriedades rurais gaúchas. Historicamente considerada uma “poupança” das fazendas, a atividade ressurge como alternativa de renda, em especial com a valorização recente da arroba do boi gordo e o aumento da demanda por carne de qualidade.
Representantes do setor avaliam que o fortalecimento desse segmento já é um reflexo da crise na agricultura e que ele irá ganhar espaço, com uma pecuária de precisão, que pode ser tão rentável quanto a agricultura em momentos de fragilidade do grão.
Para Marcos Tang, presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), o número recorde de inscrições mostra a resiliência dos pecuaristas. “Apesar das condições climáticas adversas e das dificuldades financeiras, o investimento em genética não pode parar. É um processo contínuo. Se leva anos para formar um rebanho, mas basta pouco tempo para perder o que foi construído”, afirma.
Segundo ele, o que estará em Esteio é o resultado de décadas de seleção. “São animais que em alguns casos representam o que há de melhor no mundo. O criador investe muito para estar na Expointer porque sabe que ela é a maior vitrine do setor. Ali ele mostra seu trabalho, conquista contatos e abre portas para negócios que se consolidam depois, na fazenda.”
Tang também enxerga a feira como um espaço de conhecimento e integração. “Costumo dizer que a Expointer é um grande congresso do agronegócio. É quando produtores e criadores trocam experiências, aprendem uns com os outros e fortalecem vínculos. Também é um momento de aproximação entre campo e cidade, mostrando ao consumidor o zelo e o cuidado que estão por trás da produção de carne, leite e genética.”

Desempenho em julgamentos potencializa leilões e negócios

Seja na pista ou nos leilões de elite, o impacto econômico da exposição é expressivo. A valorização genética que a roseta proporciona multiplica os preços em remates que movimentam cifras milionárias, consolidando a Expointer como espaço estratégico de negócios. “O investimento costuma ter retorno. Mais do que vendas imediatas, é a chance de mostrar ao mercado um trabalho sério de seleção genética”, resume Tang.
Com o novo status sanitário do Brasil como área livre de febre aftosa sem vacinação, abriu-se a possibilidade de participação de animais de todos os estados. Na edição deste ano, dos 1.381 bovinos inscritos, 260 vêm de fora do Rio Grande do Sul, segundo Charão. Assim, a Expointer reafirma em 2025 sua condição de grande vitrine do agro nacional. Mais do que celebrar raças e campeonatos, a feira evidencia a importância da pecuária como pilar econômico, cultural e tecnológico.
A Expointer é um palco para o que temos de melhor na genética animal e também em inovação no agro. É uma vitrine, um espaço de negócios e de conexão com a sociedade. Por isso ela é tão consolidada como o maior evento da América Latina”, conclui Charão.

Aves voltam para esta edição

Aves ficaram de fora do Parque de Exposições por dois anos

Aves ficaram de fora do Parque de Exposições por dois anos

/TÂNIA MEINERZ/JC
Após dois anos fora da Expointer por conta da gripe aviária e da doença de Newcastle, as aves estão de volta. Nesta edição, haverá 381 aves, de 33 raças, e 542 pássaros, de seis raças, no pavilhão do Parque Assis Brasil. A presença dos animais movimenta não só os criadores, mas também expositores ligados à alimentação, nutrição, genética e equipamentos, que voltam a encontrar na Expointer um espaço de vitrine e de negócios.
"É um segmento que projeta qualidade, mas também encanta pela diversidade. A ausência foi sentida por todos. Agora, voltamos a ter essa janela aberta para mostrar ao público urbano o quanto há de tecnologia e cuidado nesse setor", afirma André Machado Schmitz, presidente da Associação Brasileira de Criadores e Preservadores de Aves de Raças Puras e Ornamentais (APCA), que há duas décadas se dedica à atividade no criatório Sidelina, no Alegrete.

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