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Publicada em 29 de Agosto de 2025 às 00:05

Podemos ter faturamento menor em função do endividamento, diz Bier

Bier analisa que mercado de máquinas mantém ritmo cauteloso

Bier analisa que mercado de máquinas mantém ritmo cauteloso

/TÂNIA MEINERZ/JC
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Ana Esteves
Ana Esteves
Ana Esteves
Nesta entrevista exclusiva para o Jornal do Comércio, o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e do Sindicato de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers), Claudio Bier fala sobre a expectativa para a 48ª Expointer diante dos desafios recentes no campo e no cenário internacional. 
Qual a expectativa do Simers para a Expointer 2025, diante de tantos desafios: altas taxas de juros, tarifaço, endividamento dos produtores, problemas climáticos? 
Apesar dos desafios recentes no campo e do cenário comercial mundial, a expectativa para a Expointer 2025 é de confiança e superação. A feira é, acima de tudo, o grande palco onde as empresas de máquinas agrícolas apresentam suas principais novidades. E o produtor gaúcho, mesmo enfrentando estiagens, enchentes e dificuldades econômicas, continua acreditando na tecnologia como aliada para seguir em frente. Nosso setor segue forte e pronto para mostrar isso, mais uma vez, na Expointer. Linhas de crédito com taxas acessíveis, em um país que tem uma das maiores taxas de juro do planeta, é de extrema importância nesse momento, mas precisamos que a linha chegue com rapidez para aqueles que precisam rapidamente, para que haja a manutenção de empregos. A mudança de mercado aconteceu de forma brusca e rápida e da mesma forma precisamos amenizar o problema. A parte tributária dará um fôlego, assim como foi um importante auxílio durante as medidas do COVID, mas perante a situação atual a abertura de novos mercados será a única saída e o auxílio da Apex será importantíssimo e o esforço terá q ser triplicado. 
O endividamento deve impactar a comercialização de máquinas na Expointer? É possível haver queda nos números? 
O alto endividamento e o crédito mais caro, com juros do Moderfrota acima de 13% e inadimplência rural recorde, devem pressionar as vendas de máquinas na Expointer 2025, reduzindo tíquete médio e alongando negociações. Podemos ter faturamento estável ou levemente menor que em 2024, compensado por consórcios e equipamentos de menor valor. Se a liberação do Plano Safra fluir e o clima favorecer, será possível sustentar volumes próximos ao ano passado, mas com margens mais apertadas.
A Expointer é uma grande vitrine para novidades, quais são as tecnologias mais procuradas a campo, na atualidade e como está à disposição dos produtores em adotar essas tecnologias? 
Hoje, o produtor busca tecnologias que tragam retorno rápido, eficiência operacional e redução de custos, e a Expointer é o palco ideal para apresentar essas soluções. Entre as mais procuradas estão máquinas com agricultura de precisão embarcada, sensoriamento remoto, automação de funções, motores mais econômicose menos poluentes, além de sistemas conectados que permitem monitorar a lavoura em tempo real. Também cresce o interesse por equipamentos híbridos ou elétricos e soluções voltadas à sustentabilidade e economia de insumos, como plantadeiras de alta precisão e pulverizadores com aplicação localizada.
Se fala muito em agricultura resiliente, diante das questões climáticas que, ano após ano, refletem negativamente no agro. De que maneira o setor de máquinas tem buscado alternativas para reduzir o impacto ambiental a campo? 
O setor de máquinas agrícolas tem avançado muito para apoiar uma agricultura mais resiliente e sustentável. Hoje, trabalhamos no desenvolvimento de motores mais eficientes e menos poluentes, equipamentos de precisãoque aplicam insumos na dose exata, pulverização seletiva para reduzir deriva e desperdício, além de sistemas de monitoramento remoto que permitem manejo preventivo. Também cresce a oferta de máquinas híbridas e elétricas, bem como soluções para plantio direto e conservação do solo. Essas inovações não apenas reduzem o impacto ambiental, mas também aumentam a eficiência e ajudam o produtor a manter a rentabilidade mesmo diante de eventos climáticos extremos.
Como está o comportamento do mercado de máquinas até aqui? Em 2024, houve retração de mercado, deve se repetir nesse ano?
Em 2025, o mercado de máquinas mantém um ritmo mais cauteloso, mas com sinais de estabilidade em relação à retração de 2024. O crédito caro e a inadimplência elevada ainda freiam decisões, levando o produtor a investir apenas no que traz retorno rápido e comprovado. No Rio Grande do Sul, a indústria segue produzindo em bom nível, abastecendo tanto o mercado interno quanto exportações, com destaque para equipamentos de alta eficiência e menor impacto ambiental. Se o clima colaborar e o Plano Safra operar plenamente, devemos manter volumes próximos aos do ano passado, ainda que com margens mais apertadas. 
 

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