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Publicada em 27 de Agosto de 2025 às 08:11

Startup leva ciência e tecnologia da academia para o campo

Michel Rocha da Silva é cofundador da Crops Team, vinculada à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Michel Rocha da Silva é cofundador da Crops Team, vinculada à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Crops Team/Divulgação/JC
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Patricia Knebel
Patricia Knebel
Transformar pesquisa acadêmica em soluções práticas para o campo é a missão da Crops Team, vinculada à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e vencedora do prêmio O Futuro da Terra, promovido pela Fapergs e pelo Jornal do Comércio, na categoria Startup do Agronegócio. A empresa desenvolve inovação de base científica, projetando soluções que melhoram a eficiência produtiva no campo. O carro-chefe da empresa é o WaterCrop, um sistema de manejo de irrigação para soja e milho que utiliza modelos matemáticos baseados em processos para ajustar o uso da água ao potencial produtivo de cada área cultivada. O recurso, apontado como o maior sistema voltado à eficiência hídrica no campo, tem um potencial de impacto significativo no setor: aproximadamente 90% da água consumida no País é destinada à produção agropecuária. A trajetória da empresa começou antes mesmo de sua formalização, em 2019. Os sócios fundadores fizeram parte do antigo grupo de agrometeorologia da UFSM, coordenado pelos professores Nereu Streck e, posteriormente, Alencar Zanon. O encontro dos pesquisadores José Eduardo Minussi Winck, Michel Rocha da Silva e Eduardo Lago Tagliapietra evoluiu para uma equipe especializada em modelagem agrícola e deu origem à base técnica e científica da Crops Team. “O que enxergamos é que a maior parte das dúvidas que a gente tem no campo, pensando em produtores rurais, já foi respondida pelas universidades. Só que esse conhecimento não está chegando na ponta ou demora muito para chegar”, conta Silva, cofundador e CEO da startup. “A empresa surgiu com o propósito de levar esse conhecimento para o produtor com a maior velocidade possível e buscando atingir o maior número de pessoas”, acrescenta. A startup carrega esse propósito como um slogan: Knowledge on Farm (“conhecimento no campo”). E a forma como dissemina esse conhecimento é por meio da inovação tecnológica baseada no desenvolvimento científico. O empreendedor conta que essa abordagem é indispensável para que as soluções cheguem ao campo com maior alcance. “Quando tentamos levar informação apenas presencialmente, alcançamos poucos produtores. Com a tecnologia, conseguimos criar um ‘laço digital’ que atinge propriedades mais distantes e um público muito maior.” A sólida formação acadêmica dos sócios é a espinha dorsal do negócio. Todos passaram pela pós-graduação na UFSM, e a validação científica é premissa obrigatória para qualquer produto ou serviço criado. A empresa defende que tecnologia só se sustenta quando entrega resultados econômicos e sociais, melhorando a qualidade de vida no campo e preservando recursos essenciais, como a água. O WaterCrop, principal solução da Crops Team, foi pensado para atender principalmente áreas irrigadas por pivô central, mas sua aplicação se estende a outros sistemas. A ferramenta ajuda a planejar e controlar a irrigação com precisão, evitando desperdícios e elevando a produtividade. A expansão geográfica começou em 2023: além do Rio Grande do Sul, a startup já está presente em Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Bahia. O próximo grande passo é internacionalizar as operações, com início previsto para a safra norte-americana de 2026, tendo como porta de entrada o estado de Nebraska. O caminho até aqui também foi impulsionado por programas de incentivo. O CEO destaca o edital Doutor Empreendedor, da Fapergs, estímulo fundamental para que ele abrisse mão da carreira na Emater para dedicar atenção integral à empresa nos primeiros dois anos. Outro marco foi o programa Inova Agro, responsável por viabilizar o desenvolvimento da interface do aplicativo WaterCrop e sua disponibilização nas plataformas Apple Store e Google Play. “Nós já tínhamos o motor e a caixa de marchas, mas precisávamos do chassi para colocar o carro na rua. Esse edital nos deu essa estrutura”, comenta. Receber o Prêmio Futuro da Terra, afirma Michel, tem um valor simbólico adicional. O professor Nereu Steck, orientador e referência para o grupo, já havia sido homenageado com o mesmo reconhecimento como pesquisador nos anos 1990. “Ele ganhou, aquela vez, como pesquisador destaque do Rio Grande do Sul. Hoje, depois de mais de 30 anos, nós, como seus orientados, estamos reescrevendo a história e recebendo esse prêmio também. É uma satisfação muito grande”, afirma. “Realmente, tem um significado especial. Representa que conseguimos seguir os passos de pessoas que têm uma boa índole, que são exemplos para nós. E esperamos, também, um dia sermos exemplos para os que estão vindo”, acrescenta.
Transformar pesquisa acadêmica em soluções práticas para o campo é a missão da Crops Team, vinculada à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e vencedora do prêmio O Futuro da Terra, promovido pela Fapergs e pelo Jornal do Comércio, na categoria Startup do Agronegócio. A empresa desenvolve inovação de base científica, projetando soluções que melhoram a eficiência produtiva no campo.
O carro-chefe da empresa é o WaterCrop, um sistema de manejo de irrigação para soja e milho que utiliza modelos matemáticos baseados em processos para ajustar o uso da água ao potencial produtivo de cada área cultivada. O recurso, apontado como o maior sistema voltado à eficiência hídrica no campo, tem um potencial de impacto significativo no setor: aproximadamente 90% da água consumida no País é destinada à produção agropecuária.
A trajetória da empresa começou antes mesmo de sua formalização, em 2019. Os sócios fundadores fizeram parte do antigo grupo de agrometeorologia da UFSM, coordenado pelos professores Nereu Streck e, posteriormente, Alencar Zanon.
O encontro dos pesquisadores José Eduardo Minussi Winck, Michel Rocha da Silva e Eduardo Lago Tagliapietra evoluiu para uma equipe especializada em modelagem agrícola e deu origem à base técnica e científica da Crops Team.
“O que enxergamos é que a maior parte das dúvidas que a gente tem no campo, pensando em produtores rurais, já foi respondida pelas universidades. Só que esse conhecimento não está chegando na ponta ou demora muito para chegar”, conta Silva, cofundador e CEO da startup. “A empresa surgiu com o propósito de levar esse conhecimento para o produtor com a maior velocidade possível e buscando atingir o maior número de pessoas”, acrescenta.
A startup carrega esse propósito como um slogan: Knowledge on Farm (“conhecimento no campo”). E a forma como dissemina esse conhecimento é por meio da inovação tecnológica baseada no desenvolvimento científico.
O empreendedor conta que essa abordagem é indispensável para que as soluções cheguem ao campo com maior alcance. “Quando tentamos levar informação apenas presencialmente, alcançamos poucos produtores. Com a tecnologia, conseguimos criar um ‘laço digital’ que atinge propriedades mais distantes e um público muito maior.”
A sólida formação acadêmica dos sócios é a espinha dorsal do negócio. Todos passaram pela pós-graduação na UFSM, e a validação científica é premissa obrigatória para qualquer produto ou serviço criado. A empresa defende que tecnologia só se sustenta quando entrega resultados econômicos e sociais, melhorando a qualidade de vida no campo e preservando recursos essenciais, como a água.
O WaterCrop, principal solução da Crops Team, foi pensado para atender principalmente áreas irrigadas por pivô central, mas sua aplicação se estende a outros sistemas. A ferramenta ajuda a planejar e controlar a irrigação com precisão, evitando desperdícios e elevando a produtividade.
A expansão geográfica começou em 2023: além do Rio Grande do Sul, a startup já está presente em Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Bahia. O próximo grande passo é internacionalizar as operações, com início previsto para a safra norte-americana de 2026, tendo como porta de entrada o estado de Nebraska.
O caminho até aqui também foi impulsionado por programas de incentivo. O CEO destaca o edital Doutor Empreendedor, da Fapergs, estímulo fundamental para que ele abrisse mão da carreira na Emater para dedicar atenção integral à empresa nos primeiros dois anos.
Outro marco foi o programa Inova Agro, responsável por viabilizar o desenvolvimento da interface do aplicativo WaterCrop e sua disponibilização nas plataformas Apple Store e Google Play. “Nós já tínhamos o motor e a caixa de marchas, mas precisávamos do chassi para colocar o carro na rua. Esse edital nos deu essa estrutura”, comenta.
Receber o Prêmio Futuro da Terra, afirma Michel, tem um valor simbólico adicional. O professor Nereu Steck, orientador e referência para o grupo, já havia sido homenageado com o mesmo reconhecimento como pesquisador nos anos 1990.
“Ele ganhou, aquela vez, como pesquisador destaque do Rio Grande do Sul. Hoje, depois de mais de 30 anos, nós, como seus orientados, estamos reescrevendo a história e recebendo esse prêmio também. É uma satisfação muito grande”, afirma. “Realmente, tem um significado especial. Representa que conseguimos seguir os passos de pessoas que têm uma boa índole, que são exemplos para nós. E esperamos, também, um dia sermos exemplos para os que estão vindo”, acrescenta.

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