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Publicada em 22 de Agosto de 2025 às 08:45

Pesquisadora da Ufrgs destaca o papel econômico e social do arroz

Márcia Margis estuda a resposta das plantas a situação de estresse, como secas ou alagamentos

Márcia Margis estuda a resposta das plantas a situação de estresse, como secas ou alagamentos

TÂNIA MEINERZ/JC
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Cláudio Isaías
Cláudio Isaías Repórter
Com uma linha de pesquisa de mais de 20 anos dedicada à genética funcional do arroz, com ênfase na compreensão dos mecanismos moleculares de resposta a estresses abióticos que contribuem diretamente para a sustentabilidade agrícola em cenários de mudanças climáticas, a professora titular do Departamento de Genética e Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Márcia Maria Auxiliadora Naschenveng Pinheiro Margis, será agraciada com o prêmio O Futuro da Terra 2025 na categoria Inovação e Tecnologia Rural. Nascida em Cuiabá, no Mato Grosso, a docente atua também nos programas de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular (PPGBM) e de Pós Graduação em Biologia Celular e Molecular (PPGBCM). A distinção é promovida pelo Jornal do Comércio em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs). 
Com uma linha de pesquisa de mais de 20 anos dedicada à genética funcional do arroz, com ênfase na compreensão dos mecanismos moleculares de resposta a estresses abióticos que contribuem diretamente para a sustentabilidade agrícola em cenários de mudanças climáticas, a professora titular do Departamento de Genética e Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Márcia Maria Auxiliadora Naschenveng Pinheiro Margis, será agraciada com o prêmio O Futuro da Terra 2025 na categoria Inovação e Tecnologia Rural. Nascida em Cuiabá, no Mato Grosso, a docente atua também nos programas de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular (PPGBM) e de Pós Graduação em Biologia Celular e Molecular (PPGBCM). A distinção é promovida pelo Jornal do Comércio em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (Fapergs). 
Sobre a aplicação da genética funcional, a professora Márcia Pinheiro Margis destaca que o estudo da resposta de plantas a estresses sempre despertou muito interesse da comunidade científica pois auxilia no desenvolvimento de tolerância a estresses abióticos e resistência a estresses bióticos. "Estresse abióticos como salinidade, seca, alagamentos, altas ou baixas temperaturas, deficiência de minerais ou toxicidade de metais limitam a produtividade agronômica no mundo", ressalta. A docente destaca que o entendimento dessas respostas é essencial para programas de melhoramento genético de plantas cultiváveis. "Na verdade, a minha pesquisa visa entender a função dos genes de respostas ao estresse", comenta.
Conforme a professora titular do Departamento de Genética e Centro de Biotecnologia da Ufrgs, quando uma planta é submetida a um estresse abiótico ela reprograma o genoma expresso de maneira a ter proteínas que ajudem a suportar esse estresse. Márcia comenta que desde o começo da sua carreira acadêmica sempre se interessou pelos genes de estresse relacionados a estresses bióticos (quando a planta, por exemplo, responde a uma infecção fúngica, bacteriana ou a um vírus) e abióticos - que estão expostos a seca, altas e baixas temperaturas e frio. "Desde sempre eu quis entender quais são os genes expressos nas plantas e quando elas são submetidas a esse tipo de estresse", destaca.
No campo de pesquisa da professora, o arroz (Oryza sativa) é uma angiosperma monocotiledônea pertencente à família Poaceae. Devido ao seu alto valor nutricional, esta espécie possui grande importância na alimentação humana e na agronomia e, atualmente, representa o alimento com maior potencial para combater a fome no mundo por causa de sua versatilidade e ampla capacidade de adaptação, desempenhando um papel estratégico tanto economicamente quanto socialmente.
A docente comenta que o arroz é o seu modelo principal porque ele tem importância econômica e social. "O arroz alimenta mais da metade da população humana. Além disso, ele é importante para a agricultura e para o nosso Estado. A maior parte do arroz consumido no Brasil é produzido no Rio Grande  Sul", acrescenta.   
Sobre o prêmio O Futuro da Terra, Márcia diz que ficou muito feliz com a distinção porque ela sempre fez pesquisa básica. "Nunca tive a pretensão de ganhar o prêmio. A minha pesquisa é básica e muito focada em alguns genes que são importantes", explica. A docente afirma que teve sorte de descobrir a presença de um gene que é muito importante para a planta responder ao alumínio, a solos ácidos e a falta de fosfato.
Durante as últimas quatro décadas, o arroz teve sua produção aumentada em 315% no Brasil, devido ao constante avanço nas tecnologias empregadas em seu cultivo. O Brasil é, atualmente, o nono maior produtor de arroz do mundo, com área plantada de 1,98 milhão de hectares e produção de 12,3 milhões de toneladas do grão.
Sua produtividade média foi de 6.224 kg por hectare, a maior desde que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) passou a monitorar a produção nacional. Além da sua importância nutritiva e socioeconômica, o arroz é alvo de grandes estudos e é utilizado como planta modelo para estudos fisiológicos, genéticos e de evolução, principalmente dentro do grupo das monocotiledôneas.     
Com relação às mudanças climáticas, a professora comenta que é necessário tentar desenvolver plantas mais adaptadas à seca e às altas temperaturas. "Se conseguirmos manipular uma planta para ela resistir mais às altas temperaturas, à seca e à salinidade nós poderemos ter ganhos muito importantes", ressalta. Sobre o arroz, a docente afirma que ele representa a maior parte das calorias para grande parte da população humana, e por ser um alimento básico para tantas pessoas tem um papel social muito importante. "Se a gente conseguir melhorar a produtividade poderemos alimentar mais pessoas. Nós precisamos pensar no futuro da terra. As projeções indicam que nas próximas décadas a população humana ainda vai crescer mais de 10 bilhões de pessoas", destaca. 
Márcia reforça que o arroz é muito consumido e os pesquisadores têm interesse no melhoramento dessa cultura beneficiando principalmente a população que consome prioritariamente o arroz. A docente destaca: "não vamos salvar a lavoura de arroz amanhã, mas a gente precisa continuar pesquisando e ao mesmo tempo formar novos pesquisadores nessa área. A universidade pública continua a ser fundamental na produção de conhecimento". A professora diz que estamos no máximo da ocupação da terra. "Precisamos aumentar a produtividade para reduzir a quantidade da área plantada no mundo sem comprometer a quantidade de alimento. Sem pesquisas nessa área, no futuro a fome não será uma questão política como hoje é, teremos falta de alimentos real", comenta.
Ela afirma, ainda, que se os pesquisadores conseguirem reduzir a área plantada e aumentar a produtividade e a qualidade do alimento, a contribuição da ciência terá forte impacto social e econômico para todos.    
Equipe atual do Laboratório de Genômica Funcional de Plantas do Departamento de Genética e Centro de Biotecnologia da Ufrgs
- Professora titular do Departamento de Genética e Centro de Biotecnologia da Ufrgs, Márcia Maria Auxiliadora Naschenveng Pinheiro Margis
- Três Pós-doutorandos (Biologia e Biotecnologia), formados pela Ufrgs
- Érica Frydrych Capelari
- Isabel Cristina Cadavid
- Thomaz Trenz
- Alunos de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular e Biologia Celular e Molecular: Alexandre Vargas, Andressa Tomiozzo, Camila Luiza Delaix e Guilherme Weber.

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