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"Seleção chega mais consistente para o mundial", diz Tite sobre o time para o Catar
Tite explicou os motivos da convocação de Dani Alves, falou sobre a relação com os jogadores e o favoritismo da seleção
O técnico Tite comentou sobre diversos assuntos relacionados com a Copa do Mundo do Catar em entrevista coletiva após o anúncio da lista de convocados, nesta segunda-feira (7). O treinador parecia calmo e convicto de suas decisões. Logo de início, ele justificou a convocação do veterano de 39 anos, Daniel Alves. “Critério de todos. Ele premia qualidade técnica individual, aspecto físico e mental”.
Sobre a convocação do jovem Gabriel Martinelli, de 21 anos, que atualmente joga no Arsenal, da Inglaterra, Tite explicou a função do atacante na seleção brasileira. “A função de Gabriel Martinelli é ser o externo, o ponta agressivo. Ele tem sido um dos destaques do Arsenal. Jogador de lance individual e transições em velocidade, que teve conosco em duas convocações, e que vem mantendo esse alto nível”.
Com nove atacantes convocados, a seleção brasileira parece ter perdido o que chamavam de “Neymar-dependência”, um foco exagerado na figura do atacante para conquistar as vitórias. Esse fenômeno parece ter sido abafado, já que o time possui jovens em ascensão e no auge de seu condicionamento físico, como Antony e Vini. Jr.
“Uma seleção depende de seus grandes atletas. Ela depende do Antony, do Raphinha, do Alisson, depende do Neymar. Se não tiver essa qualificação, não tem uma expectativa maior. Talvez tenha sido por essa nova geração de atletas, especialmente do meio para frente, que eu tenha dado essa importância e enfoque para outros atletas. A gente precisa de todos, a gente é dependente da qualificação e de cada um deles”, explicou Tite.
É sabido que o Brasil é pentacampeão da Copa do Mundo, com conquistas em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. Portanto, é possível afirmar que a seleção brasileira é forte e uma das favoritas para conquistar o título em 2022. Em relação ao tema, Tite se posicionou. “Quando se tem um jogo só, a margem de erro fica muito pequena. Ela traz essa característica, mais ainda do que a Copa do Brasil, que tem ida e volta. A gente assume que o Brasil é um dos favoritos e, na minha opinião, ele é um dos (favoritos)”.
Tite fez comparações entre a equipe brasileira que vai para o Catar e a que foi para a Copa da Rússia, comentou sobre o trabalho de anos realizado e sobre como chega a seleção. “Não deve ser comparado (à Rússia 2018). Aquele era um ciclo de recuperação. São diferentes, hoje é um processo inteiro de quatro anos. É injusto para mim fazer essa comparação, injusto para com os atletas. Fazer esse comparativo é o mesmo que comparar gerações, mas que agora sim, chega em paz e confiante, sim, por esses quatro anos de trabalho associados àqueles dois. Quer dizer que vai ganhar? Não estou dizendo que vai ganhar, mas que chega mais forte, chega mais estruturada. Ela chega mais forte, mais firme e consistente para o mundial”.
O treinador foi direto em abordar as questões emocionais dos jogadores, tópico que vem sendo muito comentado sobre aqueles que vestem a amarelinha. Nas últimas copas, era comum ver um nervosismo muito grande, um medo da derrota e choro copioso após vitorias. “Quatro aspectos são fundamentais. A qualidade técnica, a física, a tática e o aspecto mental. Atletas de alto nível tem que trabalhar sob pressão. Tem um ditado que diz ‘técnico no Brasil é condenado a vencer’, e os atletas também são. É uma pressão enorme, mas atletas de alto nível, profissionais de alto nível, e nós todos temos que ter capacidade de absorver e ficar focado no nosso trabalho. Traduzir isso na preparação para a Copa do Mundo”, concluiu Tite.
Por fim, o treinador explicou como cria laços e relacionamentos com os atletas da seleção, o que considera importante para um time de alto nível. Muitas vezes, Tite protegeu jogadores e usou a própria imagem para defender os atletas em momentos de oscilação.
“A gente é ser humano, a gente erra e quando erra, a gente reconhece com eles. Procura estudar bastante, ciência, os aspectos fisiológicos, médicos, aspectos técnicos e táticos, a organização. E quando a relação de lealdade se estabelece, o conjunto todo fica mais forte, a equipe toda fica. A relação é uma competência profissional, o atleta tem que saber que o técnico e os auxiliares sabem. Tem que ter uma conduta, transparência, fala a verdade e pela frente. Não ter dois discursos. Essa relação do ser humano, da conduta, ser duro, mas falar pela frente. Não expor de forma pública. Esse conjunto todo da obra é importante para ter respeito, consideração e alto nível”.