Atual campeã chegará ao Catar como favorita, mas enfrenta turbulência dentro e fora de campo

Atual campeã, seleção francesa chegará ao Catar com muitas dúvidas, dentro e fora de campo

Por Folhapress

France's team players take part in a training session at the Meineau stadium in Strasbourg, eastern France, on August 31, 2021 on the eve of the FIFA World Cup Qatar 2022 qualification Group D football match between France and Bosnia-Herzegovina. (Photo by FRANCK FIFE / AFP)
Uma equipe vencedora, com um técnico experiente e algumas das maiores estrelas do futebol mundial. A França tem todos os ingredientes de uma favorita ao título na Copa do Mundo. Mas a atual campeã chegará ao Catar com muitas dúvidas, dentro e fora de campo. Neste ano, os franceses foram ao campo seis vezes pela Liga das Nações - competição que reúne as seleções europeias nas Datas Fifa -, e venceram apenas uma. Foram dois empates e três derrotas, duas delas para a Dinamarca, rival no Grupo D do Mundial.
"Foi um choque, sem dúvidas. A seleção francesa está em um momento de reflexão. Pelo elenco que eles têm, não era para essas derrotas terem acontecido", afirma Juninho Pernambucano, ídolo do Lyon, que vive na França e acompanha de perto o futebol do país. "Mistura o Lloris, que talvez esteja em sua última Copa, com jovens como Lucas e Theo Hernández, Upamecano, Kimpembe. Tem um meio-campo muito forte, com Kanté, Tchouameni, o Pogba caso se recupere. Na frente, tem muita força: além de Mbappé, Benzema e Griezmann, você ainda tem jogadores muito rápidos pelas pontas, como Diaby, Koman, Dembele", enumera Juninho, escalando um time inteiro de jogadores de alto nível.
Essa força do elenco francês tem sido colocada à prova recentemente. Nos amistosos de setembro, a seleção chegou a ter 12 desfalques. Paul Pogba, titular no título de quatro anos atrás, ainda é dúvida para a Copa. Kanté, Koundé e Benzema chegarão ao Qatar tendo perdido parte da temporada por problemas físicos.
"Se falarmos de potencial e de quantidade de bons jogadores, a França é a número 1. Ultimamente, esse potencial não tem se transformado em resultados. Só que a França sempre tem uma coisa: quando chega com bons resultados à Copa do Mundo, joga mal; e quando chega cheia de problemas, como agora, joga bem", explica Florent Torchut, jornalista da France Football.
O técnico Didier Deschamps vai à Copa do Mundo sem ter um esquema tático definido para a seleção francesa. Não se trata propriamente de uma dúvida, mas de estratégia: ele costuma escolher o sistema de jogo em função do adversário. Na Eurocopa de 2021, foram três desenhos diferentes em quatro jogos.
A formação usada nos duelos mais recentes tem sido a 3-5-2. O sistema com três zagueiros centrais tem sido muito frequente no futebol europeu - Kylian Mbappé, maior estrela da equipe, joga assim no Paris Saint-Germain sob o comando de Christophe Galtier.
Na seleção francesa, foi a forma que Deschamps encontrou para jogar com Mbappé e Benzema, sem que nenhum deles precise se deslocar para as pontas. O ataque pelos lados do campo é feito pelos alas, que podem ser laterais de origem ou meias abertos, como no caso de Kingsley Coman.
"O Deschamps sabe que a diferença de qualidade dentro elenco é pequena, então ele sempre prepara o time para o próximo jogo, ele tem variações", explica Juninho Pernambucano. Uma dessas variações é o 4-4-2, mantendo uma dupla no ataque, mas abrindo a possibilidade de ter jogadores mais ofensivos pelos lados do campo, como Dembelé ou Diaby. E, entre tantas mudanças e variações, é complicado prever qual seria o time base dos franceses para a estreia no Mundial.