Grêmio bate Flamengo e a Ronaldinho só restou o desprezo

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“Traição, omissão e ingratidão nem Deus perdoa”. Era o que dizia um dos cartazes que coloriam as arquibancadas. É claro que todos aqueles que praticamente lotaram o estádio queriam ver o seu time vencer. No entanto, mais do que qualquer coisa, o objetivo era fazer com que um certo camisa 10 sentisse que, no palco da partida de ontem, ele não é mais bem-vindo.
O foco do duelo válido pela 32ª rodada do Brasileirão estava todo em cima de um personagem e de sua relação com a torcida que o viu nascer para o futebol. No retorno de Ronaldinho Gaúcho ao Olímpico após uma tumultuada saída em 2001 e uma tentativa frustrada de volta à antiga casa no início da atual temporada, o jogo entre Grêmio e Flamengo, praticamente, estava em segundo plano. Isso até o Tricolor partir para uma virada histórica, fazer 4 a 2 e, literalmente, “lavar a alma”. Ao craque, restou fazer parecer que nada havia acontecido. “Para quem está acostumado com a torcida do Flamengo, isso não é muito barulho não”, disse.
Foi escutando gritos de “pilantra” (faixas com a mesma palavra também não faltaram), pouco depois de uma sonora vaia ter sido feita quando do anúncio de seu nome pelo placar eletrônico, que R10 adentrou ao gramado. Porém, aquele que foi o último jogador rubro-negro a aparecer, parecia não se importar, embora em nenhum momento tenha chegado perto da pista atlética.
Ao se perfilar para escutar os hinos do Brasil e do Rio Grande do Sul, dava a impressão de inquietação, já que não parava de balançar o corpo. Possivelmente, era vontade de mostrar o seu futebol que, pouco depois de cumprimentar alguns funcionários azuis, começaria a aparecer em uma cobrança de falta que, se não fosse Victor tocar na bola, a mesma morreria no fundo do gol ao invés de bater no travessão. Mesmo apupado a cada toque, também quase marcou quando esteve na frente de Victor – Gilberto Silva se recuperou de um erro que ele próprio havia cometido.
Se Ronaldinho não balançou a rede, viu de camarote Deivid e Thiago Neves se aproveitarem de falhas defensivas do adversário para abrir boa vantagem em favor do Fla. No entanto, também acompanhou André Lima descontar ainda no primeiro tempo e deixar tudo igual logo no início da etapa final.
Foi o suficiente para o meia desaparecer e o Grêmio tomar conta da partida. Com Douglas, acertando o canto de Felipe já aos 35 minutos, o placar começou a ficar justo. Em seguida, através de um chute no ângulo, Miralles garantiu a vitória. “Foi uma superação incrível”, resumiu Douglas, enquanto o “Gaúcho” tentava explicar a derrota. “Acho que tomamos o gol na hora errada”, disse.
Grêmio 4 x 2 Flamengo
Victor, Mário Fernandes, Saimon (Adilson), Rafael Marques, Julio Cesar (Bruno Collaço); Gilberto Silva, Fernando, Marquinhos, Douglas e Escudero (Miralles); André Lima.
Técnico: Celso Roth.
Felipe, Léo Moura, Wellinton, Alex Silva e Júnior César; Airton (Jael), Renato Abreu, Thomas (Willians) e Thiago Neves; Ronaldinho e Deivid (Diego Maurício).
Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Árbitro: Evando Rogerio Roman (PR)