Plano Diretor terá protagonismo no debate eleitoral em Porto Alegre

Revisão da lei que rege o planejamento urbano em Porto Alegre será enviada ao Legislativo após o pleito de 2024

Por Bruna Suptitz

Movimentação de participantes na Conferência de Revisão do Plano Diretor da Capital, que ocorreu em novembro na Pucrs
Dos assuntos que estarão na pauta das eleições municipais de 2024 em Porto Alegre, um já está carimbado: o Plano Diretor. Isso porque o prefeito Sebastião Melo (MDB) decidiu que enviará para a Câmara a proposta de revisão da lei somente após as eleições municipais "mesmo que (o projeto) fique pronto antes".

Continue sua leitura, escolha seu plano agora!

Já é assinante? Faça login

Porto Alegre : debate profícuo para a cidade

"O importante para nós é que saia um Plano Diretor bem conversado", sustenta Claudio Teitelbaum, presidente do Sinduscon-RS, sobre postergar o envio da proposta de revisão para a Câmara para depois das eleições municipais de 2024. "Temos que fugir da politização, (pois) o Plano Diretor é uma decisão técnica", sustenta.
Empresário do setor da construção civil, Teitelbaum é o porta-voz do movimento Porto Alegre , que reúne mais de 40 entidades representativas do comércio e varejo, indústria, serviços, turismo, urbanismo, empreendedorismo e inovação na cidade. Lançada em novembro deste ano, a iniciativa busca contribuir com a prefeitura nos debates envolvendo a tramitação e a implementação da lei que rege o planejamento urbano na Capital.
Alinhado com a condução que o governo municipal dá para a pauta, o movimento Porto Alegre , embora reconheça a validade da decisão Judicial, avalia que ela se deu "abastecida por (argumentos de) movimentos políticos que parecem ser contra o desenvolvimento da cidade". Assim, o porta-voz entende que o adiamento "é prudente em nome da segurança jurídica do processo", explica.
Sobre os quatro anos em que a lei está em discussão, Teitelbaum aponta o entendimento do grupo de que o tema já foi suficientemente debatido. Ainda assim, projetando o próximo ano, o porta-voz do movimento acredita que "vai ser um debate bastante profícuo para a cidade", especialmente pelo potencial de envolver os candidatos ao Legislativo por saberem que o Plano Diretor será votado logo após a eleição.

Atua POA: oportunidade para revisar o processo

Acompanhando o processo de revisão do Plano Diretor desde o início trâmite, em 2019, o coletivo Atua POA, formado por mais de 80 grupos da sociedade civil, como entidades de classe e movimentos sociais, entende que "a etapa de leitura da cidade não foi finalizada e, antes de proposições, é preciso fazer um diagnóstico da realidade urbana de Porto Alegre com a participação da sociedade". Quem apresenta essa visão é a arquiteta e urbanista Maria Dalila Bohrer, integrante da Comissão Cidades do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS) e do Atua POA.
Caso sejam seguidos os relatórios apresentados pela consultoria que presta apoio à prefeitura, a lei do Plano Diretor terá um novo modelo espacial, o plano regulador (que define as alturas, por exemplo) será separado do corpo da lei e será elaborado um código de urbanismo. Isso, porém, "não corresponde à cidade que a gente vê", pondera Maria Dalila.
Como exemplo, ela cita o alerta feito para o poder público "ver as áreas de ocupação irregular, o que não aconteceu". O mesmo vale para as alterações na lei que rege o planejamento urbano da cidade feitas especificamente para o Centro e para o 4º Distrito.
Assim, o novo prazo definido pelo governo para enviar a proposta para a Câmara é visto como "uma oportunidade de revisar esse processo, para que a comunidade tenha mais espaço". Para a representante do Atua POA, mesmo que o texto não seja apreciado antes de outubro, o adiamento da revisão para 2024 "vai ser uma pauta muito forte da eleição".