Retomar confiança do empresário é principal desafio para 2023, aponta Fiergs

Por Nícolas Pasinato

Presidente da Fiergs, Gilberto Petry recebeu troféu nos 90 Anos do JC
O mais recente Índice de Confiança do Empresário Industrial gaúcho (ICEI-RS), divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), atingiu 46,2 pontos em maio, 0,2 ponto a menos do que em abril. Desde novembro de 2022, o indicador permanece abaixo de 50 pontos e se aproxima a períodos de crises, como julho de 2005 (44,5 pontos), quando houve estiagem histórica; e janeiro de 2009 (45,5 pontos), por conta da crise financeira global de 2008. Para o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry, a retomada da confiança do empresariado é, justamente, o principal desafio para a indústria neste ano.

“A retomada da confiança do empresariado é um dos principais pontos para permitir que os investimentos voltem a aumentar. Para que ela retorne a patamares adequados, é necessário que o governo federal empreenda reformas desburocratizantes. E se controlar a inflação, as taxas de juros que oneram o crédito para capital de giro e investimento das empresas podem começar a cair sem pressionar os preços. Isto elevará a confiança”, defende Petry.

Recentemente, a entidade promoveu encontro de especialistas que debateram as propostas de reforma tributária (PEC 45/2019 e PEC 110/2019) que estão em discussão na Câmara dos Deputados. Na ocasião, a Fiergs lançou um manifesto sobre o assunto, defendendo "a aprovação urgente de uma reforma tributária ampla, que substitua tributos federais, estaduais e municipais por um Imposto sobre Valor Adicionado (IVA), buscando simplificar o atual sistema tributário e alinhar o Brasil ao que tem sido praticado internacionalmente".

O manifesto ainda cita que a proposta que passar não pode resultar em um aumento da carga tributária total e os atuais incentivos fiscais devem ser mantidos durante o período de transição para o novo modelo. Para a entidade, uma extinção repentina dos incentivos reduziria a rentabilidade prevista dos investimentos e agrediria o princípio de respeito aos contratos firmados.

Petry ressalta que a elevada carga tributária foi apontada como o principal problema da indústria em dois terços (66,67%) das 75 edições da pesquisa Sondagem Industrial, feita pela Fiergs. “Sobretudo nos períodos de crescimento, quando limitava o desempenho das empresas frente aos concorrentes internacionais”, pontua o dirigente.

Além da mudança no sistema tributário, ele chama atenção para o desequilíbrio fiscal atual do País, que acaba tendo papel deteriorante nas expectativas do empresariado, bem como nos índices de inflação. Também cita a necessidade de melhorar a infraestrutura do Brasil, em especial, as vias de escoamento das mercadorias e insumos.

“A maior parte é escoada por via rodoviária e com isso surgem alguns problemas. Uma melhora na infraestrutura, com o intuito de se diminuir os custos logísticos, é indispensável para um bom desenvolvimento sem pressão nas cadeias de preço e para que os produtos da indústria gaúcha se mantenham competitivos em nível nacional e internacional”, defende.

Protagonismo no papel de promover indústria gaúcha é reconhecido

A Fiergs tem a sua trajetória entrelaçada com o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, assumindo o protagonismo na tarefa de promover a industrialização do Estado. Entre as intervenções históricas, estão o lançamento na década de 1980 do estudo "RS Anos 90", que buscava antecipar o futuro do segmento no Estado, o "Relatório Sayad" e a "Agenda 2020", que apontavam os caminhos da indústria gaúcha.

Na celebração aos 90 anos do JC e do Dia da Indústria, a entidade foi reconhecida com o prêmio Destaques do Ano na categoria Indústria. No evento, realizado na Fiergs, Petry ressaltou a importância do setor produtivo para o Estado. “O fato de estarmos aqui reunidos só foi possível porque utilizamos produtos industriais de vários segmentos: o transporte que nos trouxe; o vestuário que nos abriga e destaca; a agroindústria que nos alimenta; o setor moveleiro que nos dá conforto; a indústria eletroeletrônica que fornece o som, luzes e imagens; passando, logicamente, pela indústria gráfica que é parceira do Jornal do Comércio há nove décadas.”