Debate sobre produção de carne bovina estreia na Expodireto

1º Fórum da Carne Bovina ocorre no segundo dia de atividades da Expodireto, no Auditório da Produção

Por Eduardo Torres

Rio Grande do Sul tem o nono rebanho bovino do Brasil e é o sexto estado em abates
Os desafios de agregar valor à produção de proteína e consolidar a exportação de carne, com sustentabilidade, como um produto relevante na balança comercial gaúcha, estarão no centro das discussões do 1º Fórum da Carne Bovina, que está marcado para o segundo dia da Expodireto, na terça-feira, no Auditório da Produção.
"Hoje, o pecuarista tem a pecha de não ser sustentável, e temos trabalhado muito para aumentar cada vez mais o compromisso deste produtor. O problema é que o frigorífico não paga a mais ou não diferencia este produtor sustentável. Por consequência, o consumidor ainda não procura pela 'carne verde'", explica o presidente do Instituto Desenvolve Pecuária (IDP), Luiz Felipe Barros.
Não à toa, o fórum trará o mercado de carbono para a sua pauta como forma de atrair não só a atenção dos produtores, mas também do poder público sobre a oportunidade que a produção pecuária pode gerar ao País.
"No bioma Pampa, especialmente, temos o ambiente adequado para ter sustentabilidade e ainda gerar renda ao produtor. Estamos falando de uma produção sem desmatamento, que preserva nascentes, tem capacidade de manter campos nativos e hoje não recebe um real a mais por isso. Não há hoje, por exemplo, a possibilidade de certificar a nossa carne com a rastreabilidade de bioma preservado, como acontece no Norte, por exemplo, e é tão valorizado pelo mercado europeu", diz.
Hoje, o Rio Grande do Sul tem somente o nono rebanho do País, e é o sexto estado em abates. O preço ao produtor, segundo Barros, sofreu uma queda de 17% no ano passado. Algo que não se reflete, por exemplo, nas prateleiras. "O problema está na estruturação da cadeia produtiva, e é o que queremos trazer para o debate em um ambiente tão importante como a Expodireto. Com o confinamento do gado em outros estados, algo que no Rio Grande do Sul seria muito caro, os frigoríficos estão com seus estoques preenchidos, e eles determinam o preço ao consumidor", define Barros.
Segundo ele, a estiagem impactou ainda mais no preço ao produtor. Com insegurança para manter o gado no campo, aqueles que já estavam gordos foram todos vendidos, com grande oferta, aos frigoríficos.