Indústria de celulose investe em melhora de práticas ambientais e crescimento

Por JC

Harger, da CMPC, diz que investimentos tornarão planta de Guaíba uma das mais sustentáveis do mundo
Visada pelo potencial de dano ambiental que pode causar, a produção de celulose representa 2,7% do PIB industrial do Rio Grande do Sul, segundo dados da CNI. A cifra pode parecer pequena, mas é justamente desse setor que vem um dos maiores cases de investimento em projetos de sustentabilidade do Estado. Está prevista para 2023 a conclusão das obras do BioCMPC, projeto bilionário lançado em 2021 pela CMPC, em Guaíba, e que tem, atualmente, 80% das obras concluídas.

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Ganhos de produtividade e certificação no setor de calçados passam por reaproveitamento de insumos

Presidente da Abicalçados observa o rigor de clientes internacionais
Os números da Calçados Beira Rio comprovam que investir em sustentabilidade e em inovação nos processos para reaproveitar insumos e controlar perdas não faz mal a ninguém - pelo contrário. Com 11 unidades fabris no Rio Grande do Sul, a empresa gera 25 mil postos de trabalho, 9,9 mil diretos, 64% dessas vagas ocupadas por mulheres. O ecossistema produtivo da calçadista conta com 384 ateliês terceirizados que contribuem para a fabricação de calçados que chegam ao mercado com o selo de oito marcas próprias, vendidas em lojas de 26 mil clientes no Brasil e no exterior - a companhia exporta para 97 países. Além de calçados, a empresa também abriu novos segmentos de mercado com bolsas, meias, vestuário e óculos de sol.
Pensado para aumentar e modernizar a área de corte de matéria-prima, o mais recente investimento é a ampliação da estrutura da filial 23, em Sapiranga, cuja cifra deve chegar aos R$ 30 milhões. Aos 10,5 mil metros quadrados de área já existentes, serão adicionados outros 600 metros quadrados de espaço que será destinado ao corte da matéria-prima que, posteriormente, é enviada aos ateliês terceirizados, que montam o calçado. Segundo projeções da empresa, a conclusão das obras e início das operações deve ocorrer no segundo semestre de 2024, gerando 150 novos postos de trabalho diretos na unidade - atualmente, 300 trabalhadores já atuam na filial 23.
Um programa de melhoria contínua, implantado na empresa há mais de 10 anos, garante que a maior quantidade possível de resíduos da fabricação de calçados retorne ao processo produtivo como matéria-prima. "É vantajoso para nós produzir novos itens com insumos reciclados e reaproveitados. Isso é economia e eficiência", lembra o diretor industrial da Beira Rio, João Arcanjo Henrich. Segundo ele, entre 50% e 60% de todos os resíduos gerados pela empresa voltam às linhas de produção como matéria-prima - o que totaliza entre 500 e 600 toneladas de rejeitos todos os meses. Para transformar em insumos e até energia o percentual de rejeitos que ainda não volta à linha de produção, a empresa lançou, em 2021, o projeto-piloto de uma usina de queima de resíduos que, por meio do processo de pirólise, transforma o material em carvão, com potencial de geração de energia. O que ainda resta dessa queima vira um dos componentes utilizado na fabricação de palmilhas. A planta piloto passou por testes e recebeu a licença da Fepam.
Por iniciativas como essa e pelo rigoroso controle que a Calçados Beira Rio tem especialmente com a destinação dos rejeitos em toda a sua cadeia produtiva, detém o selo Origem Sustentável Diamante, única certificação de sustentabilidade no mundo que compreende toda a cadeia produtiva do calçado e foi lançado em 2013 pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), em parceria com o Laboratório de Sustentabilidade (Lassu) da Universidade de São Paulo (USP) e do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Para o presidente executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, a certificação ajudará cada vez mais o posicionamento do calçado brasileiro no mundo a partir de agora. "A sustentabilidade vem sendo um diferencial da indústria calçadista brasileira, que outros polos produtores no mundo não têm. Os clientes, especialmente de exportação, são cada vez mais rigorosos. Isso vai favorecer a indústria brasileira no longo prazo", aponta.
Internamente, o dirigente aponta a necessidade de equalizar velhos problemas que ainda travam o desenvolvimento da cadeia calçadista, como a alta carga tributária e a logística de transporte para insumos e produtos, especialmente no Rio Grande do Sul. A guerra fiscal entre estados também gera problemas. "Temos que aumentar a competitividade tributária com medidas imediatas, pois perdemos ao esperar pela reforma tributária nacional."