Governo anuncia nova política industrial com R$ 300 bilhões para o setor

Medidas de apoio ao desenvolvimento por meio de financiamentos estratégicos fazem parte do programa

Por JC

Em Brasília, presidente Lula e integrantes do primeiro escalão detalharam iniciativas que integram o NIB
O governo federal aprovou um plano de ações para estimular o desenvolvimento do setor industrial brasileiro a partir de R$ 300 bilhões para financiar a atividade. Chamado Nova Indústria Brasil (NIB), o plano tem, como centro, metas e ações que, até 2033, pretendem estimular o desenvolvimento do País por meio de estímulos à inovação e à sustentabilidade em áreas estratégicas para investimento.

Continue sua leitura, escolha seu plano agora!

Já é assinante? Faça login

As seis missões

As diretrizes da Nova Política Industrial estão agrupadas em seis missões, cada qual com suas metas.
Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para a segurança alimentar, nutricional e energética;
Complexo econômico industrial da saúde resiliente para reduzir as vulnerabilidades do SUS e ampliar o acesso à saúde;
Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis para a integração produtiva e o bem-estar nas cidades;
Transformação Digital da indústria para ampliar a produtividade;
Bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas para garantir os recursos para as gerações futuras;
Tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais.
 

Recursos estão previstos até 2026

Caberá ao BNDES, à Finep e à Embrapii a gestão dos R$ 300 bilhões em financiamentos previstos até 2026. Esses valores serão disponibilizados por meio de "linhas específicas, não reembolsáveis ou reembolsáveis, e recursos por meio de mercado de capitais, em alinhamento aos objetivos e prioridades das missões para promover a neoindustrialização nacional."
Do total de recursos, R$ 20 bilhões serão não-reembolsáveis (com o governo compartilhando com empresas custos e riscos de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação), e que caberá à Finep lançar 11 chamadas públicas, no valor total de R$ 2,1 bilhões. Serão 10 chamadas de fluxo contínuo para empresas e um edital voltado especificamente à Saúde.
"O Brasil é a 9ª economia do mundo, vai virar a 8ª e pode ser ainda mais do que isso. Mas sem a indústria nós não chegaremos lá. Então para sermos um país menos desigual, mais moderno e mais dinâmico, precisamos colocar a indústria no coração da estratégia. É o que estamos fazendo", diso presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

Fiergs promete acompanhar execução do programa

Na avaliação da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), os objetivos do anúncio do plano Nova Indústria Brasil, realizado ontem pelo governo federal, estão corretos e em sintonia com o trabalho realizado pelo Grupo de Política Industrial da entidade.
"É importante que as autoridades máximas do País tenham reconhecido o papel da indústria como o setor básico para o desenvolvimento nacional", afirmou o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry, sobre a iniciativa governamental para o setor.
O dirigente reforçou que, como vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), "estarei no acompanhamento da execução prática das medidas de Política Industrial do Governo". De acordo com ele, é preciso que os meios para atingir os objetivos sejam conduzidos com muito cuidado, para evitar erros cometidos no passado. O também vice-presidente da CNI, Leonardo de Castro, afirmou que a nova política industrial se insere em uma "janela de oportunidade histórica" nacional, mas cobrou celeridade da gestão federal. Em evento no Palácio do Planalto, Castro afirmou que não se pode manter uma "ilusão ideológica" que em nada ajuda o País e defendeu que haja um esforço e o compromisso das lideranças e instituições para uma nova concertação pela neoindustrialização.
Presente no lançamento, o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, avaliou positivamente a iniciativa. "Quando foi a última vez que tivemos um plano de industrialização? A iniciativa é importante e estimula o setor, mas é preciso que saia do papel o quanto antes", avalia o dirigente. Segundo ele, o novo plano promete estimular e financiar projetos relacionados à bioeconomia e transição energética, visando reduzir em 30% a emissão de CO2 na indústria. "A indústria calçadista, nos últimos anos, vem investindo pesado em ações que visam uma produção cada vez mais sustentável. Seremos apoiados dentro dessa ideia do plano industrial", ressalta o executivo, destacando que entre os países produtores de calçados, o Brasil é o país que menos emite CO2 e que mais utiliza fontes renováveis de energia.