A tradicional ceia de Natal terá este ano a substituição de produtos como marca, devido à alta de preços dos principais itens. Segundo levantamento divulgado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), verificou-se uma alta de 8,9% da cesta que compõe a ceia quando comparada aos valores do ano passado, em uma estimativa que chega a R$ 321,13.
A tradicional ceia de Natal terá este ano a substituição de produtos como marca, devido à alta de preços dos principais itens. Segundo levantamento divulgado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), verificou-se uma alta de 8,9% da cesta que compõe a ceia quando comparada aos valores do ano passado, em uma estimativa que chega a R$ 321,13.
"A sazonalidade, as complexas tributações, os custos de insumos. São muitos fatores que impactam, mas entendemos que, em linhas gerais, os preços estão dentro dos praticados ano passado. O consumidor não tem como absorver aumentos muito grandes, está no limite de sua renda", explica Antônio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas).
Ele estima, inclusive, que esse cenário conjuntural não dará espaço para um incremento significativo nas vendas do período das festas de fim de ano. "O setor está com margens muito justas e sobrecarregado pelo aumento da concorrência e a chegada de outros players no mercado. Não haverá crescimento significativo nas vendas, sobretudo pela conjuntura econômica e pelo mercado mais inchado, com mais opções ao consumidor", completa.
Patricia Machado, diretora do supermercado Supermago, de Porto Alegre, considera a possibilidade de um aumento do volume de compras no estabelecimento durante o período. "O movimento nessa época aumenta bastante e, principalmente, sobe o tíquete médio, porque o cliente busca fazer as compras num único local e acaba comprando todos os itens da ceia, como a ave natalina, as frutas pra decorar a mesa, panetones, bombons e demais ingredientes pra fazer sua ceia, além das bebidas", comenta.
A pesquisa da Abras, elaborada pela Fundação Institutos de Pesquisas Econômicas (Fipe), indica que há alta da procura por bacalhau. E o quilo do produto dessalgado morhua, variação preferida do peixe para a época, chega a custar entre R$ 79,90 e R$ 239,90. Alternativas ao peixe branco podem incluir cação em posta, em que o preço do quilo pode variar de R$25,90 a R$59,90, ou filé de merluza, em que o quilo varia entre R$22,90 a R$46,90.
O estudo mostrou também um reajuste significativamente maior em outros itens, como o azeite de oliva, com uma alta que compreende a média de 35,7%. No varejo, uma garrafa de azeite de oliva tipo único com 500 ml está entre R$ 32,90 a R$ 51,90.
Peru e chester também apresentam grande variação de valores no mercado, mas podem ser substituídos por frango, vendido a preços menores. Para fazer bonito à mesa, recheá-lo com farofa e decorá-lo com fios de ovos ou fatias de abacaxi, exatamente como se faz com as aves tipicamente natalinas, são boas pedidas.
"Sempre referimos que o consumidor faz um verdadeiro MBA de gestão no ponto de venda. Há produtos para todos os bolsos, e muitas promoções, o consumidor saberá aproveitar. No caso das aves, por exemplo, há opções de R$ 9,90 o quilo até R$ 89,90. São produtos diferentes para públicos diferentes.", enfatiza Longo.
A Abras projeta para o Natal um aumento de 62% no consumo, se comparado ao mesmo período de 2022. Verificou-se também uma variação de +10,7% no preço da cesta para o consumidor sulista. No ranking por região esse aumento aparece da seguinte forma: Sudeste (+12,2%), seguido por Sul (+10,7%), Centro-Oeste (+9,7%), Nordeste 7,9% e, por fim, Norte (+4,6%).
A tendência de que os gaúchos apertem os cintos e reduzam os gastos neste final de ano é também apontada em pesquisa econômica realizada pelos Cartórios de Protesto do Rio Grande do Sul. Para 45% dos entrevistados, as ceias de final de ano serão mais simples e menores.
Sobre uma possível razão que explique a alta no Estado ou mesmo na Capital, Longo rebate: "Há muito questionamos a cesta básica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que aponta Porto Alegre como uma das capitais mais caras, mas compara 6 quilos de carne aqui com 4,6 quilos em outros estados. Não somos e nem nunca seremos o estado mais caro do Brasil, se compararmos produtos e quantidades iguais", ressalta.