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Brasil quer deixar marca de sustentabilidade em feira mundial de alimentação
Empresários e autoridades reforçam importância de respeito ambiental para conquistar mercados
A maior feira mundial de alimentação e bebidas, que aponta as tendências e novidades do mercado internacional, tem a sustentabilidade na produção de alimentos como eixo nesta edição. A Feira Anuga, que acontece a cada dois anos em Colônia, na Alemanha - intercalando com Sial, em Paris, que se realiza em anos pares - deixa claro que o respeito ao meio ambiente deve ser um pré-requisito fundamental na produção de alimentos.
Desde que a delegação brasileira chegou à Alemanha para o evento, na sexta-feira, a questão da sustentabilidade tem sido onipresente em discursos de empresários, diplomatas e autoridades governamentais. Está claro que o Brasil quer deixar marcado na Feira Anuga que o País produz e exporta alimentos com respeito ao ambiente. A mudança de imagem é o principal esforço de dirigentes da diplomacia e do comércio exterior.
Não por acaso, o tema marcou a abertura oficial do espaço do Brasil na feira, na manhã deste sábado. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, avaliou que a nova diplomacia já está dando resultados. "Em nove meses (janeiro a setembro), somente pelo Ministério da Agricultura, o Brasil abriu 51 novos mercados para alimentos pelo mundo", discursou. A expectativa é consolidar o Brasil como líder mundial da produção de alimentos.
Para o ministro, a "grande virada de chave foi quando o presidente Lula colocou para o mundo o respeito do Brasil para a sustentabilidade ambiental". Na mesma linha, ele defendeu a busca de rastreabilidade e a produção sustentável, observando que o compromisso brasileiro de respeito ao ambiente "está abrindo portas pelo mundo".
Para o titular da Agricultura, é possível fazer isso com crescimento do agronegócio e da produção de alimentos. "O Brasil pode crescer muito preservando a floresta. Temos 160 milhões de hectares de pastagens com baixa produção, é aí que o Brasil vai crescer. E com metas de sustentabilidade", apontou.
O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Jorge Viana, informou que a agência está fazendo uma campanha publicitária internacional com o mote "É do Brasil, é sustentável", para reforçar a imagem de compromisso ambiental pelo mundo. Ele avalia que críticas, questionamentos e até o enfrentamento é normal, considerando que o País é um player global no setor de alimentos. Por isso, é importante estar atento com presença de ministros em feiras internacionais e trabalhar muito em diplomacia para abrir mercados e mostrar dados sobre o País.
Viana ainda ressaltou que o Brasil deve fechar o ano com recorde no saldo da balança comercial, superior a US$ 90 bilhões. E que a ideia é atingir um fluxo comercial anual na casa de US$ 1 trilhão em quatro anos - atualmente é cerca de US$ 600 milhões.
Já o embaixador do Brasil em Berlim, Roberto Jaguaribe, reiterou o que havia dito no seminário preparatório à feira, quando sustentou que é preciso "contestar narrativas falsas" de que o País é bem-sucedido na agricultura em função de desmatamento. Ressaltou, mais uma vez, a sustentabilidade da matriz energética, bem como a importância do Brasil como uma potência agroambiental.
Diplomata experiente em negociações de comércio exterior, Jaguaribe foi presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), de 2016 a 2019. Ele observou o interesse e a boa vontade da Alemanha com o Brasil neste ano, destacando que a maior economia do bloco europeu dá fortes sinais de ser favorável ao acordo de livre comércio entre União Europeia (UE) e Mercado Comum do Sul (Mercosul).
Neste aspecto, o embaixador ressaltou que a sustentabilidade é um eixo central para os negócios, inclusive para agregar valor de mercado. Nesse sentido, ele avalia que o Brasil é competitivo e atraente. "A Feira Anuga é a maior feira de alimentos do mundo. E o Brasil já é uma das maiores potencias agroambientais do mundo", avaliou o embaixador, ao comentar para a reportagem a importância da participação da delegação brasileira.
Jaguaribe sustenta que o Brasil é sustentável, pela sua matriz energética de fonte renovável, bem como pela produção e uso crescente de biocombustíveis. Isso ajuda a melhorar a imagem do País e também auxilia nos negócios, inclusive do setor de alimentação. "A própria Feira Anuga é um exemplo em que dá para oferecer produtos com valor agregado", apontou.