Inflação acelera para 0,23% em agosto, mas fica abaixo das projeções

Por Folhapress

Energy customer Diane Skidmore examines her electricity meter in her flat on the south London estate where she lives, on August 25, 2022. - Increasingly cash-strapped Britons learn Friday, August 26, how much their electricity and gas bills will rise in October, as the regulator unveils its latest energy price cap that could tip millions into fuel poverty. (Photo by Susannah Ireland / AFP) Caption
A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acelerou para 0,23% em agosto, após subir 0,12% em julho, apontam dados divulgados nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A principal pressão veio da alta da energia elétrica no mês passado, enquanto o grupo alimentação e bebidas mostrou nova trégua, com a terceira queda consecutiva. Mesmo com a aceleração, o IPCA de agosto (0,23%) ficou abaixo da mediana das previsões do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam variação de 0,28%.
Em 12 meses, a inflação acumulada acelerou para 4,61% até agosto, ante 3,99% até julho, informou o IBGE. A nova taxa é a maior desde março deste ano, quando o IPCA marcava 4,65%. A aceleração do índice acumulado, contudo, já era aguardada por analistas no início do segundo semestre devido à base de comparação.
É que o efeito das deflações (quedas) registradas pelo IPCA na segunda metade de 2022 começa a sair do cálculo de 12 meses. No segundo semestre do ano passado, o índice havia perdido força com a redução artificial dos preços de itens como os combustíveis. A baixa ocorreu em meio ao corte de tributos promovido pelo governo Jair Bolsonaro (PL) às vésperas das eleições.
Apesar da alta maior do IPCA em 12 meses, o economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos, vê um cenário mais benigno para a inflação, com perda de força de preços menos voláteis. "A trajetória desses preços tem mostrado essa dinâmica", diz. Mercadante, por outro lado, pondera que o mercado de trabalho resiliente ainda traz desafios para o combate à inflação de serviços.
"De modo geral, a leitura qualitativa do indicador (IPCA) veio em linha com o nosso esperado, seguindo saudável e atendendo às expectativas", aponta relatório assinado pelos economistas Marco Antonio Caruso e Igor Cadilhac, do PicPay. 
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Luz mais cara 
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, 6 tiveram alta de preços em agosto. Habitação registrou o principal impacto positivo (0,17 ponto percentual) e a maior variação (1,11%) no índice.
A energia elétrica residencial, que faz parte desse grupo, subiu 4,59% no mês passado. Individualmente, foi a contribuição mais relevante (0,18 ponto percentual) para a alta do IPCA em agosto. De acordo com o IBGE, o avanço da energia elétrica refletiu o fim da incorporação do bônus de Itaipu, creditado nas faturas do mês anterior. Além disso, houve reajustes de tarifas em áreas pesquisadas pelo instituto.
"O aumento na energia elétrica foi influenciado, principalmente, pelo fim da incorporação do bônus de Itaipu, referente a um saldo positivo na conta de comercialização de energia elétrica de Itaipu em 2022, que foi incorporado nas contas de luz de todos os consumidores do Sistema Interligado Nacional em julho e que não está mais presente em agosto", disse André Almeida, gerente da pesquisa do IPCA.