Alunos do Campus Erechim do IFRS desenvolvem veículo que faz mais de 700 quilômetros por litro

Desempenho permitiria percorrer a distância entre Porto Alegre e Barra do Quaraí

Por Jefferson Klein

Protótipo é tricampeão da Shell Eco-marathon Brasil
Imagine ir de Porto Alegre a Barra do Quaraí (município gaúcho mais distante da Capital, a cerca de 700 quilômetros) usando apenas 1 litro de gasolina. Essa realidade pode não estar muito distante, já que alunos do Campus Erechim do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) desenvolveram um protótipo veicular que atingiu um desempenho de 716 quilômetros por litro (km/l).
LEIA TAMBÉM: IFRS termina instalação de usinas solares em 16 campi gaúchos no próximo ano
A façanha garantiu o tricampeonato da equipe Drop Team na competição Shell Eco-marathon Brasil, na categoria de combustão interna. Os times de estudantes do Brasil e de outros países disputaram, entre 30 de agosto a 1º de setembro, no Rio de Janeiro, para ver quais os protótipos que percorriam a maior distância com a menor quantidade de energia.
O professor da área de Mecânica do IFRS, Airton Bortoluzzi, detalha que para chegar ao resultado que rendeu o primeiro lugar a sua equipe foi desenvolvido um conjunto de ações. Uma das primeiras iniciativas adotadas foi a diminuição do peso do carro. O veículo tem uma massa de 50 quilos, com comprimento de 2,46 metros, 72 centímetros de largura e 66 centímetros de altura.
O protótipo comporta apenas um usuário. Outras estratégias foram instalar um motor pequeno, utilizar apenas uma marcha e melhorar a aerodinâmica do veículo (reduzindo a área frontal e colocando o piloto deitado e não sentado). O carro possui apenas três rodas, para diminuir o atrito com o solo, e pneus com melhor desempenho de rodagem.
“Pensamos em tudo que implica perda de energia e buscamos reduzir isso ao máximo”, ressalta Bortoluzzi. Pelo regulamento da prova, o veículo não podia ultrapassar a velocidade de 45 quilômetros por hora e a média mínima que precisava ser mantida era de 20 quilômetros por hora. O protótipo da equipe Drop Team realizou dez voltas, em uma pista de 840 metros, e depois foram feitos os cálculos para determinar a proporção de quilometragem/consumo de combustível.
O professor do IFRS destaca que as experiências feitas nos âmbitos acadêmico e teórico acabam transformando-se, posteriormente, em soluções mercadológicas. Um exemplo disso, cita Bortoluzzi, são os carros que ao parar, automaticamente, se desligam, poupando energia. Ele cita também um veículo da Mercedes-Benz que, com uma bateria auxiliar, permite o desligamento do automóvel em movimento (o popular ‘andar na banguela’, mas sem comprometer a segurança do motorista).
Na competição no Rio de Janeiro, o estudante de engenharia mecânica Felipe Salini foi o piloto do veículo. Ele diz que a experiência foi desafiadora e um dos obstáculos a ser superado era pisar o menos possível no freio. “Porque usar o freio é jogar energia fora”, explica. Já o estudante de engenharia mecânica Jonas Sachet atuou nas áreas elétrica e de carenagem (parte aerodinâmica) do projeto. Ele salienta que o trabalho em grupo foi muito importante para alcançar o objetivo estabelecido. “Fomos trocando ideias, porque ninguém sabe de tudo”, comenta Sachet.
A equipe Drop Team foi formada por oito estudantes e um professor. O IFRS participou ainda da Shell Eco-marathon Brasil com a equipe IFeco, do Campus Rio Grande, que obteve o quarto lugar na categoria bateria elétrica, chegando a 290 quilômetros por quilowatt-hora (km/kWh).