Custo da energia solar cai para o consumidor final

Quedas do dólar e do preço da matéria-prima dos módulos fotovoltaicos explicam redução

Por Jefferson Klein

Sistema é adotado em mais de 3 milhões de unidades consumidoras no Brasil
Em um ano de reorganização do mercado com as O que muda na geração distribuída de energia a partir de janeiro
Conforme o levantamento Radar Solfácil, o preço médio do watt-pico para sistemas de energia solar verificou redução de 10% no segundo trimestre deste ano em relação aos três primeiros meses de 2023. A coordenadora estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e diretora da Solled Energia, Mara Schwengber, confirma que os custos da energia solar vêm caindo e estima que a diminuição possa ser inclusive superior ao patamar de 10%.
Ela detalha que são múltiplos os fatores que explicam esse cenário, entre os quais as quedas do dólar (a maior parte dos equipamentos fotovoltaicos é importada) e do frete internacional e, principalmente, a redução do preço do polissilício (matéria-prima para a fabricação dos módulos fotovoltaicos). Em junho, o quilo desse material custava em média US$ 12,62, 58% menos do que os valores observados em fevereiro (quando atingiu seu pico, a US$ 30,80 o quilo). Já para o restante do ano, Mara prevê que os preços da energia solar devam permanecer estáveis.
O diretor da Solar Power Brasil, Mario Azambuja, também atesta que houve um barateamento dos itens para implementar uma usina solar e, consequentemente, do custo da geração dessa energia. Ele cita que, há alguns meses, o custo de equipamentos para efetivar uma geração de 1 MW era na ordem de R$ 2 milhões e hoje esse montante é de aproximadamente R$ 1,8 milhão.
Azambuja ressalta que o segmento solar fotovoltaico vinha crescendo muito fortemente ao final do ano passado e após esse momento as vendas caíram, também refletindo nos valores praticados no mercado com a realização de promoções. “Havia a preocupação com o depois do chamado marco legal da geração distribuída, com a lei 14.300”, recorda o diretor da Solar Power Brasil. A nova regulação do setor prevê mais encargos para quem gera sua própria energia atualmente do que era praticado anteriormente. No momento, segundo dados da Absolar, o País possui em torno de 23 mil MW de potência instalada em residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos, com mais de 3 milhões de unidades consumidoras atendidas pela tecnologia fotovoltaica.
Sobre os impactos da mudança da legislação para o setor, o diretor da Solar Power Brasil argumenta que as contas de luz continuam ficando mais caras, mantendo a atratividade do investimento na geração própria de energia. Ele estima que, hoje, para atender a uma casa de três dormitórios, para quatro pessoas, com conta de luz de R$ 700,00 ao mês, um sistema fotovoltaico vai custar em média R$ 27 mil.
Por sua vez, o CEO da MTR Solar, Mauricio Barros, reforça que a redução dos valores dos equipamentos fotovoltaicos foi concentrada nos módulos, por causa da diminuição do custo de matéria-prima. “Nós estivemos na China, em maio, e um fabricante informou que foi encontrada na Mongólia uma jazida muito grande de silício”, diz Barros.
Sobre a possibilidade de difundir fábricas de equipamentos fotovoltaicos no Brasil para reduzir a dependência de importações, Barros afirma que atualmente não se tem um ambiente propício para atingir esse objetivo. Ele adverte que custos como impostos fazem com que o Watt solar produzido no Brasil seja pelo menos 20% mais caro do que o importado da China.

Nova lei prevê período de transição

Na área de legislação do setor, a professora de Direito da UniRitter, Amanda Rodrigues, assinala que, apesar da lei 14.300 ter gerado apreensão no setor sobre suas consequências, a norma trouxe mais segurança para o mercado e, de acordo com a professora, não altera substancialmente o payback (retorno) do investimento feito (hoje estimado a partir de quatro anos). Ela lembra que a regra instituiu uma transição para as modificações na cobrança de tarifas relativas ao uso dos sistemas de distribuição de energia (rede elétrica).
Quem instalou ou apresentou projeto solar fotovoltaico até 7 de janeiro deste ano segue isento da tarifa do chamado Fio B até 2045. “Aqueles que realizaram as instalações ou protocolaram seus pedidos entre 8 de janeiro e 7 de julho terão dois anos a mais para que passem a pagar a tarifa integralmente do que quem instala ou faz as solicitações a partir de agora, que começa a pagar imediatamente, em percentuais progressivos”, explica Amanda.
Neste ano, os consumidores-geradores passarão a pagar 15% da tarifa. A cada ano, ela aumenta 15 pontos percentuais, completando a integralidade em 2029. Os projetos apresentados antes de 7 de julho com o objetivo de adiar esta cobrança precisam estar concluídos em até 120 dias após a realização do pedido.