Ministério de Minas e Energia solicita manifestação técnica sobre Térmica Rio Grande

Avaliação, que passará pela Aneel, deverá ocorrer em até 30 dias

Por Jefferson Klein

Encontro, em Brasília, discutiu situação da usina
Menos de um mês após ter Térmica de Rio Grande voltará à pauta de debate em 2023

A proposta que está sendo colocada na mesa, pelos investidores da usina, é a alteração do modelo do contrato de comercialização da geração de energia da térmica. O novo acordo seria selado como de energia de reserva, no qual as usinas que se monetizam dessa forma são aproveitadas para aumentar a segurança no fornecimento no Sistema Interligado Nacional (SIN), complementando os volumes de geração disponíveis e diminuindo os riscos de desabastecimentos quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos.
O prefeito de Rio Grande, Fábio Branco, que participou da comitiva no Ministério de Minas e Energia, considerou como muito positivo o encontro. Ele ressalta que foi muito importante a presença de representantes do ministério e da Aneel na mesma sala para tratar do assunto. Branco acrescenta ainda que Silveira reconhece a relevância do empreendimento e, se houver uma solução técnica por parte da Aneel, a iniciativa terá continuidade.
Já o gerente de planejamento e desenvolvimento da Portos RS (empresa pública responsável por administrar o sistema hidroportuário gaúcho), Fernando Estima, salienta que é a primeira vez que o ministro teve contato com o projeto. “Teve um clima de marco zero com o novo governo (federal)”, argumenta Estima. Ele frisa que a construção da usina significará também a chegada de gás natural no porto de Rio Grande, o que representará uma mudança na matriz energética gaúcha.
Por sua vez, o diretor geral do Grupo Cobra Brasil (empresa que quer dar prosseguimento ao projeto da usina), Jaime Llopis, agradeceu a presença das autoridades gaúchas no evento em Brasília. “E para nós foi uma oportunidade de reforçar o compromisso com o projeto. Nós continuamos firmes e com toda a vontade de levar esse empreendimento para frente”, afirma o executivo. Ele reforça que a tendência para encontrar uma solução para viabilizar a usina é, provavelmente, adotar a opção do contrato de energia de reserva. Llopis adianta que na próxima segunda-feira (29) haverá uma reunião para debater aspectos técnicos da situação entre representantes do Grupo Cobra e a Aneel.
O imbróglio a respeito da térmica se estende há quase uma década. Em 2014, com a condução do grupo Bolognesi, a usina venceu um leilão de energia para comercializar a sua geração e permitir a sua implantação. Contudo, devido a atrasos quanto ao cronograma original das obras (a perspectiva era de que a operação da termelétrica acontecesse até janeiro de 2019), que passaram por dificuldades quanto à liberação do licenciamento ambiental na época, a outorga do projeto da usina foi revogada pela Aneel em 2017.
Hoje, o grupo Bolognesi tem um acordo de transferência dos direitos do empreendimento para a companhia espanhola Cobra, porém para essa medida ser materializada é preciso o consentimento da Aneel e a confirmação que a térmica conseguirá vender sua produção de energia. A unidade foi planejada para uma potência instalada de 1.238 mil MW (o que corresponde a cerca de um terço da demanda média de energia elétrica do Rio Grande do Sul).
Somada à usina, o empreendimento em Rio Grande prevê a instalação de uma planta de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) e de um píer no porto para receber as embarcações que movimentarão o combustível. Todo esse complexo representaria um investimento de mais de R$ 6 bilhões. No ano passado, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) concedeu a licença ambiental prévia (LP) da unidade de regaseificação de GNL e a licença de instalação (LI) da termelétrica. Além da possibilidade de uma definição administrativa dentro da Aneel quanto ao futuro da usina, a questão também está sendo discutida judicialmente.