Terminais privados para movimentar GLP podem aumentar competitividade do setor

Transpetro concentra atualmente logística relacionada ao combustível no País

Por Jefferson Klein

Terminal de Gás do Sul, em Canoas, recebe navios carregados com gás; Tergasul foi criado na década de 1960
Ao contrário dos mercados de outros combustíveis, como gasolina e diesel, que possuem a atuação de terminais privados para realizar a logística desses produtos no Brasil, o mesmo não acontece com o gás liquefeito de petróleo (GLP). Os complexos que operam com a movimentação de gás de cozinha estão concentrados nas mãos da Transpetro, subsidiária da Petrobras. Para o diretor executivo da Interco Trading (empresa trade do mercado de commodities), Nicholas Taylor, a participação de terminais privados possibilitaria elevar a competitividade desse segmento.
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Para o dirigente, as regiões que mais precisariam dessas estruturas no País seriam a Norte e a Nordeste. Já na região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), informa Taylor, funciona o único terminal totalmente privado do Brasil: o Tergasul. A estrutura fica localizada em Canoas, no Arroio das Garças, e pertence à Liquigás e à Supergasbras. Porém, o representante da Interco Trading destaca que o empreendimento enfrenta muitas restrições por ter um calado baixo e pouca tancagem (capacidade dos tanques) operacional.
Outra dificuldade logística do Sul é o fato da refinaria canoense Alberto Pasqualini (Refap) não conseguir suprir toda a demanda do mercado local de GLP. “Acaba que as distribuidoras precisam buscar gás de outros locais para suprir esse déficit que não é atendido pela Refap”, comenta o dirigente. De janeiro a março deste ano, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a demanda de GLP na região Sul foi de 298,16 mil toneladas, contra uma oferta de 244,21 mil toneladas, uma diferença de 18%. Já em 2022, o consumo foi de 1.304,23 mil toneladas, para uma produção de 1.031,56 mil toneladas, um déficit de 20%.
Quanto à disputa de mercado e a possibilidade de o gás natural tirar espaço do GLP, o diretor de commodities da Interco Trading, Marcos Ferraz, comenta que aquele combustível é um competidor tradicional do gás de cozinha. Entretanto, para o uso residencial, Ferraz diz que o GLP continua sendo predominantemente.