Após demitir trabalhadores, Paquetá paga apenas 50% da folha em abril

Informações foram confirmadas pelo Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga e região

Por Maria Amélia Vargas

A Paquetá conta com mais de sete mil colaboradores distribuídos pelo País em cinco fábricas e 63 lojas
Após a demissão de funcionários da operação de Sapiranga, ocorrida no início de abril, a Paquetá informou aos trabalhadores que seguiram empregados na fábrica do Vale dos Sinos que eles receberiam apenas 50% do salário na folha corrente. As informações foram repassadas na última sexta-feira aos colaboradores e confirmadas pelo Sindicato dos Sapateiros da região, que repercutiu a questão em programa de rádio próprio, divulgado nas suas redes sociais.
De acordo com o secretário-geral da entidade, Leandro Rodrigues dos Santos, esta foi a primeira vez em 77 anos de atividade que a empresa gaúcha precisou tomar tal atitude: "Isso nos pegou de surpresa quando os trabalhadores entraram em contato. Então nos deslocamos até lá, porque boa parte 'cruzou os braços', usando o seu direito".
Após uma conversa com os profissionais afetados, ficou marcada uma reunião com a diretoria da empresa, a fim de firmar um acordo. Caso o restante do valor não seja quitado, afirma Santos, os colaboradores decidirão pela paralisação ou não.
Há também notícias de desligamentos em uma unidade no Ceará, que somaria, no total, 50 pessoas. Em recuperação judicial (RJ) desde 2019, a companhia conta atualmente com mais de 7 mil colaboradores, distribuídos em cinco fábricas e 63 lojas das bandeiras Paquetá, Paquetá Esportes e Gaston. A empresa também é proprietária das marcas Capodarte, Dumond e Ortopé.
Além da questão destes 90 demitidos em Sapiranga e os demais no Nordeste, a categoria está apreensiva também com a questão dos pagamentos rescisórios previstos pela RJ, que até então vinham sendo devidamente cumpridos. "No Brasil, são 500 trabalhadores no total, contando com a linha de produção, na Bahia e no Ceará, o desenvolvimento de Sapiranga e o varejista. Esta é a nossas preocupação, o que virá amanhã: se não há dinheiro hoje, haverá amanhã?", questiona o secretário-geral.