Último ativo do Estaleiro Só será leiloado ainda em março

Apesar de ainda não estar definido valor destes direitos de crédito, o lance mínimo é de R$ 367,2 milhões

Por Maria Amélia Vargas

Área que era do estaleiro abriga hoje parque e complexo comercial
O leilão do último ativo do Estaleiro Só, no próximo dia 15 de março, põe fim à trajetória de uma das pioneiras da indústria naval do Brasil. Quase 30 anos após o encerramento das suas atividades, serão vendidos os montantes de ação que a massa falida tem contra a União, por meio do então estatal Instituto Brasileiro de Resseguros (IRB). Apesar de ainda não estar definido valor destes direitos de crédito – pois ainda corre na Justiça o recurso público –, o lance mínimo é de R$ 367,2 milhões.
De acordo com o edital divulgado pela Raupp Leilões, responsável pela pasta, a quantia garantida ao comprador é de R$ 106,1 milhões. Entretanto, o último cálculo, realizado em abril de 2016, chegou ao valor de R$ 982,4 milhões. Sendo assim, aquele que adquirir o crédito deverá arcar com o risco, caso o montante apurado em liquidação seja menor do que o da aquisição.
O evento público ocorrerá simultaneamente de forma eletrônica e presencial. Para a modalidade online, os interessados devem se cadastrar no site do Leiloeiro no prazo de até um dia antes do processo. Quem for comparecer pessoalmente, deve se dirigir à sede da empresa, que fica na rua Otávio Schemes, nº 3.745, em Gravataí, às 14h da data prevista.
Inaugurado no ano passado, o Parque do Pontal foi construído no espaço em que ficava a sede da indústria. Após a venda do local, a Melnick Even em parceria com a BMPAR e Hospital Moinhos de Vento executaram o projeto, que inclui shopping, hotel, salas comerciais e consultórios médicos, além de uma praça pública de 29 mil metros quadrados.
História do Estaleiro
Fundado em 1850, o Estaleiro participou ativamente da história gaúcha como fornecedora de suprimentos para as tropas imperiais e provinciais. Ao longo dos seus 145 anos de atividade, viveu seu auge no final da década de 1940, migrou para a Ponta do Melo, na capital gaúcha, e chegou a empregar 3 mil funcionários nos anos de 1970.
O fim das suas atividades ocorreu em 1995, quando o segmento perdeu incentivos do governo. Em 2003, o espaço foi arrematado (por R$ 7 milhões) em leilão pela construtora Titton Brugger, de Porto Alegre, que comprou a área por R$ 7 milhões. Três anos depois, sob protesto de ambientalistas, a construtora apresentou o projeto Pontal do Estaleiro. O projeto foi remodelado em 2018 e apresentado pela Melnick Even e inaugurado em 2022.
O que é este ativo que será leiloado
A massa falida do Estaleiro Só é credora da União, na condição de sucessora do Instituto de Resseguros do Brasil. Este crédito foi constituído em ação de indenização fundada em contrato de seguro de crédito à exportação. Com a apelação da União, o valor em questão ainda não está definido, tendo até o momento R$ 106,1 milhões garantidos por lei.
Sendo assim, trata-se de um negócio de risco, pois o lance mínimo para compra dos direitos de crédito, no entanto, é de cerca de R$ 367,2 milhões. Em resultado favorável à companhia, a e indenização devida calculada em 2016 soma R$ 982.407.484,07.