Taesa vence leilão por conversora de energia gaúcha

Certame foi realizado pela Aneel na sede da B3 em São Paulo

Por Jefferson Klein

Complexo em Garruchos receberá investimento de mais de R$ 1 bilhão
A empresa Taesa – Transmissora Aliança de Energia Elétrica ganhou a concorrência para assumir a gestão da conversora no município de Garruchos, que fica na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina e permite a troca de energia entre o Brasil e o país vizinho. A companhia venceu a disputa realizada nesta sexta-feira (16) oferecendo a menor proposta de receita anual permitida, ou seja, o custo mais baixo pelo serviço, que foi da ordem de R$ 152,2 milhões, um deságio de 34,21% em relação ao lance inicial sugerido.
No total, seis interessados apresentaram ofertas pelo lote 5 do leilão de transmissão nº 2/2022 promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), na sede da B3 em São Paulo. Além da Taesa, concorreram pelo empreendimento o consórcio Verde (Cymi Construções e Participações e Novo Investimento II – Fundo de Investimento em Participações), consórcio Engie Brasil Transmissão, EDP Energias do Brasil, Eletrobras CGT Eletrosul e consórcio Olimpus XIV (Alupar e Mercury Investment).
Entre as contrapartidas previstas para o vencedor do lote está a revitalização dos sistemas de controle e de teleproteção da conversora (unidades Garabi I e II) e modernização das estruturas envolvidas no complexo, que abrange ainda a manutenção do serviço de 743 quilômetros de linhas de transmissão. O investimento nessas ações é estimado, atualmente, em cerca de R$ 1,1 bilhão. Os trabalhos devem gerar em torno de 830 empregos diretos e o tempo de concessão da conversora será de 15 anos e das linhas de transmissão de 30 anos.
Os aprimoramentos na conversora, que hoje é gerida pela empresa Enel Cien, deverão ser feitos no período de 60 meses após a assinatura de contrato com a nova administradora (prevista para ocorrer em 30 de março de 2023). A capacidade da planta em Garruchos, somadas as unidades Garabi 1 e 2, é de 2,2 mil MW, o que poderia atender a mais da metade da demanda elétrica média do Rio Grande do Sul. O uso de uma conversora para a importação ou exportação de energia entre Brasil e Argentina é necessário porque o sistema elétrico argentino opera com uma frequência de 50 hertz e o brasileiro com 60 hertz.
No total do leilão desta sexta-feira, foram arrematados seis lotes de empreendimentos de transmissão de energia que implicarão investimento de R$ 3,51 bilhões, com a previsão de criação de 5.747 empregos diretos. As iniciativas, com prazo de conclusão de 42 a 60 meses, contemplarão os estados do Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo.
O gerente da Secretaria Executiva de Leilões na Aneel, André Patrus, enfatiza que o resultado do leilão, que registrou um deságio médio de 38,19%, contribuirá com a modicidade tarifária no setor de energia. A diferença dos custos para o consumidor, em relação aos valores dos lances iniciais, foi de quase R$ 6 bilhões, ao longo de 30 anos de concessão. “E as companhias que venceram são empresas sólidas, com bastante reputação no mercado”, enfatiza o dirigente. Essa característica, segundo ele, fortalece a convicção que os investimentos serão feitos de forma célere.