Cannabis Ativo FIM é opção rentável, mas exige alguns cuidados

No Brasil, investimento não é ilegal, embora traga volatilidade maior

Por Bárbara Lima

Quem lida com o mercado financeiro está sempre em busca dos melhores investimentos e de uma carteira diversificada, especialmente as pessoas de perfil mais 'arrojado', ou seja, que preferem investimentos arriscados e com maior rentabilidade. Neste cenário, o Cannabis Ativo FIM, Fundo de Investimento Multimercado focado em empresas do exterior que atuam em produtos relacionados à cannabis, como medicamentos, cosméticos e biotecnologia, pode ser uma boa opção, mas requer alguns cuidados. Segundo Marcus Labarthe, especialista em investimentos e sócio-fundador da GT Capital, filial da BTG Pactual em Porto Alegre, apesar do baixo valor inicial de aplicação, apenas três fundos funcionam no Brasil. "Isso restringe a estratégia quando falamos em diversificação", explicou.
 
Para aplicar nos fundos, o lado bom é que bastam R$ 100 iniciais. As opções disponíveis no mercado brasileiro, no entanto, replicam o Exchanged Traded Fund, listados na bolsa americana, e apresentam grande volatilidade.  Um deles, o fundo Vitreo Canabidiol, que gerencia o Cannabis Ativo FIM, acumula queda de 58,74% este ano, frente a queda de 23% no S&P500. "São fundos restritos voltados a investidores denominados qualificados", considerou Labarthe. 
Por isso, os que decidem investir na área precisam estar bem informados e ter paciência com a dinâmica do mercado. Um dos cuidados que o investidor deve ter é entender o momento macroeconômico, a fim de saber se é o momento de apostar neste tipo de fundo. Juros altos, por exemplo, impactam de forma negativa a aposta, pois, conforme explica o especialista da GT Capital, é "um fator que prejudica empresas em crescimento", como é o caso das que utilizam cannabis como matéria prima, por aumentar os custos de endividamento das companhias.
Apesar disso, Labarthe destaca o potencial deste mercado, especialmente na área medicinal. "Veja, só no Canadá são mais de 170 empresas listadas na bolsa canadense. Assim, o pensamento é semelhante ao do setor de criptomoedas, ou seja, ao participar desde o começo de um mercado incipiente, mas com grande potencial, pode obter alta lucratividade", refletiu.
Outro fator positivo é que os investimentos em fundos de cannabis são lastreados a investimentos realizados no exterior junto a bolsa norte-americana e, por isso, não são ilegais no Brasil, embora a venda da mercadoria seja proibida no país e os fundos precisem se adaptar as regulações dos Estados Unidos. O setor naquele país é altamente fiscalizado e o uso medicinal viável e lucrativo é um equilíbrio que as empresas ainda estão buscando alcançar. "Para que isso seja revertido em lucro, é necessário muito investimento em tecnologia e regulamentação do mercado norte americano. É uma engrenagem financeira e regulatória altamente complexa."
No caso dos fundos de cannabis, Labarthe reforça que, por ser a maconha medicinal um mercado em desenvolvimento, é preciso avaliar um pensamento especulativo no montante de aplicação. "Basta lembrar que todas as drogas que passam na primeira fase de teste do Food and Drug Administration (Anvisa dos EUA), menos de 10% chegam nas farmácias", afirmou Laberthe.