Casa de Pedra é restaurada e se torna ponto turístico em Garibaldi

Quem gosta de um passeio turístico pela Serra Gaúcha, poderá incluir no roteiro mais uma opção de lazer. A Casa de Pedra da família Cercato, localizada na cidade de Garibaldi, foi tombada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul em 2018

Por Bárbara Lima

Local recebeu R$ 652 mil via Lei de Incentivo à Cultura
Quem gosta de um passeio turístico pela Serra Gaúcha poderá incluir no roteiro mais uma opção de lazer. A Casa de Pedra da família Cercato, localizada na cidade de Garibaldi, foi tombada pelo Governo Municipal de Garibaldi em 2018.
Agora restaurada, conta com um projeto enogastronômico para que o lugar se torne, primeiramente, destino para degustação de vinhos e espumantes fabricados pela família. Posteriormente, deve se tornar uma Osteria, com previsão de abertura para 2023.
Erguida em meados dos anos de 1890, em meio a uma paisagem deslumbrante no Vale dos Vinhedos, com plátanos que amarelam no outono e lembram um pedacinho da Europa no Brasil, a Casa de Pedra, de 97 metros quadrados (m²), é um marco histórico que representa o passado dos imigrantes italianos que colonizaram a região.
A habitação foi construída pelo italiano João Batista Cercato, oriundo da comuna de Martellago, na região de Vêneto, avô de Adriana Cercato, funcionária pública aposentada. Junto aos filhos e sobrinhos, ela conseguiu com que a casa fosse tombada e virasse patrimônio do Estado.
Segundo Adriana, esse movimento é o contrário do que geralmente acontece em propriedades da região.
“Fomos atrás do tombamento pelo valor que a casa tem para nossa família e para a história da cidade e do Estado também”, diz a neta de João Batista Cercato. Na casa, cresceram o pai, os tios e os irmãos de Adriana.
“É um sentimento de pertença. As crianças da nossa família, depois que nos mudamos da casa de pedra, continuaram a brincar lá de castelo e de forte apache”, ressalta.
Ao ver a Casa de Pedra totalmente restaurada, Adriana relata um sentimento profundo de felicidade por se tratar de um ponto de encontro tão importante para toda a família e, agora, para quem quiser visitar.
“Eu olho pela janela do meu quarto e percebo que o mundo não é tão grande quanto costumava parecer, mas as memórias são gigantes. Parece uma homenagem para meus pais, tios e avós. É como se eu os mantivesse vivos”, reflete.

Restauração da Casa de Pedra preserva autenticidade da construção

Com um investimento de R$ 652 mil via Lei de Incentivo à Cultura, – LIC do Sistema Pró-Cultura do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, a iniciativa contou com o patrocínio de M.A. Silva, Medlive, Madesa e Sul Nativa Transportes. Com captação de recursos de Jac Sanchotene Marketing Cultural e gestão de projeto de Cult Assessoria e Projetos Culturais, a casa está em reparação desde setembro de 2021 e será entregue à população e à família Cercato pelo governo do Estado em 29 de julho. 
O trabalho, desde projeto e obras, foi liderado pelos arquitetos Patrícia Pasini, Lucas Volpatto e Jaqueline Manica, do Hub Arquitetônico. Volpatto explica que a execução preservou autenticidade da construção colonial.
“O principal era tentar interpretar o imóvel e deixar as facetas autênticas, não é original, pois houveram algumas intervenções, como a telha francesa e a ampliação em anexo, onde será uma cantina”, explica o arquiteto.
Além disso, outro desafio, de acordo com Lucas, foi resgatar as técnicas utilizadas em Vêneto para manter a fachada de pedras aparentes. “A casa não tem reboco, tivemos que usar técnicas de brechamento, por exemplo”, detalha. Apesar de algumas intervenções, a Casa de Pedra preserva os marcos e as vergas originais.
Para ele, é fundamental olhar para essa arquitetura, definida como vernacular. “Com isso, quero dizer que é uma arquitetura que está na veia dos antepassados que vieram e que, utilizando material autóctone, fizeram algo único”, comenta. 
Adriana ressalta, ainda, que a restauração resgata uma história que não deve ser apenas romantizada. “Foi uma vinda de sofrimento. A casa de pedra é bonita, é de pedra, mas tu imaginas trazer as pedras do Rio Caí até aqui há 130 anos? Se hoje a cidade é um expoente no turismo, é por conta desse trabalho todo. Queremos que as novas gerações conheçam e preservem esse passado”, afirma.