Lucro do Banrisul cai 5,7% por débitos corporativos

Já a rentabilidade sobre o capital avançou 12,1% entre os dois primeiros semestres. O presidente da instituição disse que são cerca de 20 clientes em recuperação judicial, com passivo que evoluiu com mais força desde 2014. A expectativa é que não haja expansão de casos. "Somente uma empresa tem débito de R$ 140 milhões com o banco", exemplificou Mota, que não pode revelar o nome do devedor devido ao sigilo bancário. O débito foi registrado no primeiro semestre. Mota atentou, por outro lado, para a melhoria do resultado no segundo trimestre, com retorno anualizado de 14%. No primeiro trimestre, o desempenho ficou em 10,7%. "Isso projeta melhores números até o fim do ano", aposta o dirigente.

O efeito da desaceleração da economia, que demanda maior provisão, é esboçado ainda na inadimplência que cresceu para 60 e 90 dias. A taxa saiu de 4,02% (junho de 2014) para 4,33% em junho passado, para dois meses de atraso. No conceito de 90 dias, a taxa era de 3,53% há um ano e passou a 3,74% no último balanço. A queda no índice de eficiência ajustado, que saiu de 55,9% para 53% em 12 meses, refletiu, segundo Mota, menor avanço de despesas administrativas (1,2%), enquanto a folha de pessoal subiu 8,6%, devido ao impacto da negociação salarial de 2014. O índice de eficiência reflete o peso de despesas administrativas sobre a receita com serviços. Quanto menor o valor melhor a relação. Grandes bancos comerciais de varejo ostentam indicador abaixo de 46%.

A despesa pode aumentar devido ao plano de aposentadoria incentivada em andamento, com opção a ser feita pelo funcionário até 15 de setembro. A instituição espera captar entre 500 e 600 adesões, que soma até agora 120 funcionários. Um dos atrativos é manter o pagamento dos salários por seis meses. O banco deve lançar até setembro um edital para concurso público, que será realizado ainda neste ano para repor o quadro. As contratações dos aprovados devem começar em janeiro de 2016. O número de empregados fechou em junho 11.546 pessoas, ante as 11.718 de junho de 2014.

Nos indicadores e crédito e captação, o banco teve aumento de 14,3% nos recursos captados frente ao mesmo semestre de 2014, somando R$ 51 bilhões. O patrimônio líquido cresceu 11%, chegando a R$ 5,9 bilhões. No crédito, a carteira variou 10,8%, somando R$ 31,1 bilhões. A demanda de pessoa física aumentou 9,2% (saldo de R$ 12 bilhões) mais do que a das empresas, que ficou em R$ 21,4 bilhões (alta de 8,3%). Segundo dirigentes do banco, o segundo semestre é marcado por uma demanda ainda cautelosa por recursos pelas empresas, menor busca de crédito para investimento, ao lado de demanda por capital de giro. "O mercado está menos aquecido", disse a fonte.

O crédito para longo prazo teve maior alta, de 31,1% em 12 meses (efeito do período de maior fluxo), seguido de 22,3% do setor imobiliário. Mota disse que o banco tem contratos de financiamento para construir 9,5 mil unidades ligadas a 127 empreendimentos em andamento. A carteira rural foi a única com queda, de 0,1% no empréstimo. Na operação de cartões, a Vero teve expansão de 33,5% nas transações com plásticos (crédito e débito) ante o primeiro semestre de 2014. O volume financeiro alcançou R$ 9,2 bilhões, alta de 42,9%. A receita da adquirência, onde o banco tem seus ganhos, ampliou 44,7%, chegando a R$ 245,4 milhões. A Banrisul Cartões teve resultado de R$ 73,7 milhões, 44,4% de alta. Em seguros, previdência e capitalização, a receita do banco avançou 41,9%, somando R$ 76,7 milhões.